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Infância e cozinha

Autora: Eugênia Pickina

A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida

Sêneca

Li no jornal sobre a obesidade infantil que está a crescer no Brasil. Preocupante, portanto, e em muitos lares do país, é a cozinha acelerada, o costume dos produtos ultraprocessados – e de baixo valor nutricional… Sem dúvida, a abolição da comida caseira implica o crescimento da obesidade infantil, o estômago estufado, a falta de apetite, a nutrição vazia.

Tenho fascínio pelas panelas e por toda magia que acontece na cozinha – e para a produção das coisas que são saudáveis para o corpo. E, para minha felicidade, as cozinheiras da minha infância se dedicavam à comida saborosa e, em consequência, à saúde.

Aprendemos sobre os hábitos alimentares quando somos crianças. Quando assistimos à cozinha lenta, o cheiro de pão que cresce no forno, do tempero do feijão, do fio de azeite no tomate fresco, os gostos apresentados na ponta da colher para a prova, ali aprendendo pouco a pouco que o corpo, obrigado a comer para sobreviver, pode também aprender a comer certo…

Sabemos: o gosto do feijão, o arroz temperado com sal e alho, a saladinha, a batata assada, tudo isso é capaz de favorecer a resiliência da criança. Com determinação, é preciso renunciar aos alimentos ultraprocessados, que, embora capazes de estufar o estômago, só incentivam péssimos hábitos alimentares. Sobremesa? É importante uma fruta e, vez ou outra, um sorvete, por exemplo.

Na infância, filho precisa de comida do pai ou da mãe, frutas na lancheira, jantar que seja uma lição de bons modos à mesa. E bons modos hoje em dia também supõem hábitos que condicionem o paladar tanto para o prazer de comer quanto para o estímulo de um crescimento alegre e resiliente. O prazer de aprender a comer bem.

O nosso amor pela cozinha, pelas panelas, começa na infância. Pais cozinheiros, filhos aprendizes, o sabor da comida fresca. Crescerá então a criança capaz de imitar os que preparam as coisas boas, pois é a cozinha o primeiro laboratório dedicado à educação alimentar e nutricional.

Notinhas

O motivo principal para investir em uma alimentação saudável na infância é garantir que as crianças mantenham seu desenvolvimento físico e emocional saudáveis, bem como prevenir doenças futuras.

Ao ensinar hábitos alimentares saudáveis em casa e incentivar esses comportamentos na família, será muito mais garantido que os filhos mantenham um estilo de vida saudável quando mais velhos.

Procure no dia a dia oferecer grupos alimentares balanceados, que incluam: produtos lácteos com baixo teor de gordura ou sem gordura; aves sem pele; cortes magros de carnes; pães integrais e cereais; vegetais e frutas em abundância; bebidas naturais adoçadas sem açúcar branco; temperos variados substituindo o sal.

Prefira descascar os alimentos a desembrulhá-los. Mas, quando for ao supermercado, dê preferência aos alimentos orgânicos e leia os rótulos das embalagens. Verifique a predominância de sódio, açúcar e gorduras saturadas, pois podem causar doenças como diabetes e hipertensão, por exemplo. Também não se esqueça de ver se há ingredientes transgênicos, conservantes e corantes artificiais.

Comer na rua? Faça combinados para quando houver festas de aniversário e outros eventos. Ainda, conheça o cardápio oferecido na escola e não hesite em optar pela lancheira com uma melhor variedade de alimentos.

O consolador – Ano 16 – N 773 – Cinco-marias

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