Autor: Marcus de Mario
Nem todas as pessoas, mesmo ligadas a uma doutrina religiosa, conhecem realmente Jesus e seu significado para o homem e a humanidade. Envolto em mistérios, explicações místicas, debates históricos e confundido, muitas vezes, com Deus, Ele permanece distante do cotidiano da vida, quando, na verdade, deveria estar presente nos corações e nas mentes de todos nós. O Espiritismo, no devido tempo, como Consolador Prometido, veio desmistificar Jesus e revelar realmente quem Ele é, sua missão e sua importância.
Mas antes do Espiritismo, o próprio Jesus revelou-se, como transcrito pelo apóstolo Mateus em seu Evangelho:
“E veio Jesus para os lados de Cesareia de Felipe, e interrogou seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que é o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem que é João Batista, mas outros que é Elias, e outros que Jeremias ou algum dos Profetas. Disse-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que sou eu? Respondendo, Simão Pedro disse: Tu és o Cristo, filho do Deus vivo. E respondendo Jesus lhe disse: Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que te revelaram isso, mas sim meu Pai, que está nos céus” (Mateus, 16: 13-17).
A designação “Tu és o Cristo” significa que Jesus é o Messias, o Ungido, aquele que é Abençoado por Deus, o Enviado Divino. A palavra Cristo é um título, portanto Ele confirmou que era aquele anunciado pelos antigos profetas judeus, daí também nos referirmos a Ele como Jesus, o Cristo, ou seja, Jesus, o Messias, ou ainda Jesus, o Enviado. O termo Cristo teve origem nas traduções gregas dos Evangelhos, que precisaram interpretar várias palavras e expressões hebraicas a respeito de Jesus.
Jesus, o mestre
Em seus magistrais diálogos com as pessoas, quando nunca perdia o ensejo de ensinar, Jesus recusou todos os títulos que lhe quiseram outorgar, aceitando apenas o de Mestre, porque, de fato, era essa sua missão na Terra: ensinar os homens sobre a lei divina, a realidade imortal da vida, o amor como fonte de tudo o que existe e fonte também das relações humanas.
Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, recebemos a informação que Jesus é o “tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo”. Essa informação é corroborada pela universalidade do ensino dos Espíritos que, através de diversos médiuns, em datas e locais diferentes, estabelecem Jesus como Espírito perfeito e governador planetário.
Apesar da sua grandiosidade Jesus mantém-se próximo a cada um dos seus irmãos em humanidade, quer estejam encarnados ou desencarnados, pois suas marcas são o amor e a humildade, a benevolência e a solidariedade. Por isso sempre esteve no meio da multidão, ensinando na praça pública, atendendo os necessitados do corpo e da alma. E assim continua, velando por todos.
Visão espírita sobre Jesus
Ao estudarmos o Espiritismo temos um entendimento bem mais claro e profundo sobre Jesus Cristo, reconhecendo-o como governador planetário, Espírito superior e nosso irmão maior que, ao trazer a mensagem da Boa Nova, ou Evangelho, mostrou, não apenas através do ensino, mas também dos exemplos, que o amor é a base da vida e que tudo pode ser resumido em amar o próximo como a nós mesmos e fazer ao outro somente o que gostaríamos que o outro nos fizesse.
É por esse motivo que nós, espíritas, damos mais importância aos ensinos morais trazidos por Jesus, do que aos fatos da sua vida, isso porque o fundamental é compreender seus ensinos e exemplos, para colocá-los em prática na nossa própria vida, ou seja, saindo da teoria e indo para a prática, mostrando que somos verdadeiros cristãos, fazendo com que a cooperação, a fraternidade, a solidariedade, o amor, a bondade, a justiça, a humildade e outras virtudes sejam a nossa marca registrada no convívio social.
Com Jesus aprendemos a ser mais pacientes, mais compreensivos, mais operosos no campo do bem. Aprendemos igualmente a crescer em amor, reconhecendo que todas as pessoas são nossas irmãs. E com a amplitude que o Espiritismo dá a essas lições com a imortalidade da alma, entendemos que os laços que nos unem são de longo tempo, através das reencarnações.
O Espiritismo nos mostra que vivemos melhor colocando Jesus em nosso coração, procurando no amor a solução de todas as questões existenciais.
Em nota à resposta dos Espíritos Superiores na questão 625 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec comenta sobre Jesus, apontado pelos Espíritos como o Espírito mais perfeito que Deus concedeu ao homem conhecer:
“Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra. Se alguns dos que pretenderam instruir os homens na lei de Deus algumas vezes os desviavam para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como leis divinas o que era apenas lei humana, instituídas para servir às paixões e dominar os homens”.
Nota
Marcus De Mario é educador, escritor e palestrante espírita. Colabora no C.E. Humildade e Amor e na Rádio Rio de Janeiro. É diretor do Instituto Brasileiro de Educação Moral.
O consolador – Ano 8 – N 374