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João Batista

Ele foi anunciado por um mensageiro celeste, que se identificou como Gabriel, o que assiste diante de Deus.

Seu pai, Zacarias, vivia em Hebron, na Judeia, e era sacerdote. Em certa ocasião, encontrava-se a exercer as funções sacerdotais, no Templo de Jesuralém.

O povo orava no átrio. Zacarias adentrara o santuário para oferecer o incenso, conforme a ritualística. Ali, em oração, viu surgir, do lado direito do altar dos perfumes, o Espírito que lhe vem trazer a mensagem.

Ele se tornaria pai de um menino. Gabriel o cientifica ainda de que aquele filho lhe seria de grande alegria e que também outros se alegrariam com o seu nascimento.

A profecia se dilata, quando o mensageiro diz que o menino viria para converter muitos dos filhos de Israel ao seu Deus.

Virá no Espírito e na virtude de Elias, para preparar ao Senhor um povo perfeito.

As anotações do Evangelista  Lucas testificam , por esse anúncio, de forma clara, do retorno de um grande profeta da Antiguidade, Elias, que vivera séculos antes e cujas referências se encontram no Livro Terceiro (cap. XVII e ss.) e Quarto de Reis (cap. 1).

Segundo o Evangelista João, o filho de Zacarias veio para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas era para dar testemunho da luz. (João, 1:8)

Quando o menino nasceu, seu pai assinalou seu júbilo com um Cântico em que glorifica a Deus pela dádiva daquele que seria chamado o profeta do Altíssimo;  porque irás adiante da face do Senhor a preparar os seus caminhos. (Lucas, 1:76)

Isso nos diz de quão consciente era Zacarias a respeito da identidade e da missão do filho.

Lucas assinala o ano em que João, o filho de Zacarias, inicia a sua tarefa como sendo o décimo quinto do Império de Tibério César, o que equivale a dizer o ano XXVIII, pois o governo de Tibério iniciou no ano XIII. Era procurador na Judeia, Pôncio Pilatos e Herodes, Tetrarca da Galileia.

João vestia seu corpo magro com pele de camelo, dos ombros até os joelhos e trazia um cinto de couro. A cabeleira era negra e os olhos profundos, de um fulgor misterioso. Apresentava-se como: A voz do que clama no deserto: preparai os caminhos do Senhor, fazei direitas as suas veredas.

A voz de João era forte, vibrante, dura mesmo; as suas palavras, breves e incisivas; os seus gestos, parcos e rápidos…2

Em sua pregação, a que acorria o povo, falava de que não bastava se acreditar filho de Deus, era preciso realizar o bem.

Por isso, aos publicanos aconselhava que não cobrassem mais do que o fixado pela lei; aos soldados, que não praticassem a violência, nem causassem dano a outrem, contentando-se com seu soldo.

Era o discurso que ainda serve nos dias atuais a todos os que nos encontramos no serviço público: a prática do dever, com ética e dignidade.

Suas pregações de tal modo impressionavam as pessoas, que muitos passaram a acreditar que ele era o esperado Messias. É então que João dá seu primeiro testemunho a respeito de Jesus: Eu não sou o Cristo. Depois de mim virá aquele que é mais poderoso do que eu e de cujos sapatos não sou digno de desatar as correias.

Ainda dará um segundo testemunho, em Betânia, além do Jordão, quando sacerdotes e levitas o foram questionar a respeito de sua identidade. Ele reafirmará que o que haveria de vir após ele, que existia antes dele, já se encontrava entre eles.

Em outra oportunidade, vendo que Jesus vinha em sua direção, ele O aponta e diz: Eis o cordeiro de Deus, eis o que tira os pecados do mundo. (João,1:29)

Prossegue, dizendo da visão mediúnica que lhe afirmava que Aquele era o Filho de Deus, o Messias, constituindo-se esse o terceiro testemunho a respeito do Cristo que ele viera anunciar.

E, estando perto do Jordão, com seus discípulos, vendo Jesus que passava, orienta a dois deles, André, irmão de Simão Pedro e João, filho de Zebedeu, a que O sigam, pois Ele é o Messias.

Tendo iniciado Jesus a Sua missão, vieram alguns discípulos de João, chamado o Batista, lhe informar que o povo agora acorria para o novo profeta. Nesse momento, a grandeza do servidor é demonstrada. Testifica João que eles mesmos são testemunhas de que sempre afirmara não ser o Cristo, mas sim o enviado dEle. Agora, chegava o momento de que Jesus crescesse e ele diminuísse.

Nesses dias, João é encarcerado. Não pelo que pregava, mas por ter ousado repreender o tetrarca da Galileia por viver com Herodíades, a esposa do próprio irmão, que ainda vivia.

O tempo haveria de transcorrer, meses sobre meses, dez ao todo. Fosse porque as dores do cárcere se lhe fizessem superlativas, fosse porque a solidão o envolvesse em brumas, de uma forma paradoxal, aquele mesmo que fora a mais ardente testemunha do messianato de Jesus, envia, da prisão, dois dos seus discípulos, a indagar se Ele era realmente o que haveria de vir, ou se dever-se-ia esperar outro.

Jesus, o Amigo Incondicional, o Pastor das almas, deve ter compreendido a especial situação de João e responde que as Suas obras atestam quem Ele é: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos tornam-se limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres é anunciada a boa nova.

E, tendo se afastado os enviados de João, Jesus se põe a falar a respeito dele, referindo-se aos seus trajes, à forma como ele falava, a fortaleza que ele era, um profeta. Uma lâmpada ardente e luminosa. (João, 5:35)

É nessa hora que o Mestre afirma ser ele o Elias que as Escrituras estabeleciam deveria vir antes do Cristo. Viera e não fora reconhecido, naturalmente por se encontrar em um corpo diferente, com aparência diferente e ter um discurso muito específico: o de aplainar as veredas, preparar os caminhos do Senhor.

Em eloquente elogio ao precursor, afirma Jesus que, dentre os filhos da Humanidade, naquele tempo, ele era o maior, embora o menor no reino dos céus fosse maior do que ele.

Afirmava-lhe, assim, a grandeza, do quanto ele já conquistara em louros de virtude e de saber, ao mesmo tempo dizendo que longo caminho deveria percorrer até alcançar a culminância da perfeição.

Mas, foi no seu aniversário que Herodes, fascinado pela beleza e graça da filha de Herodíades, lhe atenderá ao desejo, e mandará servir em uma bandeja de prata a cabeça decepada do Batista.

Com consentimento do próprio Herodes, os discípulos de João lhe resgataram o corpo e o sepultaram, indo comunicar o acontecimento a Jesus.

Cumpriam-se as Escrituras. Ele viera, realizara a sua missão e discretamente se retirara. A prisão lhe foi a oportunidade de mais dilatadas reflexões, ouvindo os relatos que lhe eram trazidos, vez que outra, dos ditos e feitos do Messias que ele próprio viera anunciar.

O silêncio que o Precursor fizera ensejava a audição do Messias por toda a Terra, numa nova Era1.

Referências

01.FRANCO, Divaldo Pereira. O precursor. In:___. As primícias do reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1967.

02.ROHDEN, Huberto. O batismo de Jesus. In:___. Jesus Nazareno. 6. ed. São Paulo: União Cultural. v. I, pt. II, cap. 20.

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