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Kardec, Espiritismo e opções de vida

Autora: Cristina Sarraf

Todo mês de abril, espíritas de todos os lugares buscam de alguma forma, comemorar a primeira edição de O Livro dos Espíritos, início do trabalho realizado pelo prof. Hipolite, então cognominado Allan Kardec, o codificador das informações trazidas por uma equipe de Espíritos, comprometidas a elucidar-nos sobre as leis universais, nas quais estamos inseridos.

Trabalho de fôlego, com a edição de cinco livros inovadores do pensamento humano, dez anos de uma revista mensal de forte e rico conteúdo, enorme correspondência incluindo vários países, revisão e ampliação de três dos livros escritos, viagens para conhecer os primeiros grupos espíritas, tudo em catorze anos de plena dedicação e com os parcos recursos de mobilidade e comunicação do século XIX.

Sim, teve a inestimável colaboração da esposa Amelie, professora como ele, dedicada e poetiza. Afinal, um trabalho coletivo entre os dois lados da vida, não seria feito apenas por um encarnado; não esquecendo das médiuns adolescentes e dos demais médiuns que deram sua cota de colaboração, para que uma página a mais fosse escrita na história do pensamento, da filosofia e da ciência desse planeta Terra.

Página marcada por um grande diferencial: Espíritos são os seres inteligentes da criação e matéria é sempre e só instrumento inerte, que estes usam para construírem sua evolução pessoal e coletiva. Além disso, Deus não é uma pessoa, ser ou Espírito e sim o criador dos elementos primitivos, espiritual e material, portanto não age e nem cria corpos celestes ou seres.

Nós, Espíritos na fase humana, e os que estão em qualquer das etapas anteriores e posteriores, evolutivamente falando, somos os agentes de tudo que existe, porque temos as leis universais em nós e lidamos com elas conforme possamos.

Por isso, entre humanos por exemplo, há condutas, conceitos, sentimentos, disposições, conhecimentos e habilidades tão variados, inusitados e díspares, chegando a oponência; reveladores de experiências e vivencias diferentes em conteúdo e profundidade, que cada um carrega em si, como bagagem reencarnatória evolucional.

Podemos contatar com pessoas e Espíritos de inúmeras maneiras de ser: alegres, realizadores, sofredores, amigáveis, inovadores, doentes, sensatos, dependentes, objetivos… Cada um fazendo a sua história com as escolhas que lhes parecem as melhores opções.

A imortalidade e a reencarnação nos garantem infinitas oportunidades e através do contato com os demais, vamos nos encontrando conosco mesmos, e gradativamente sentindo e descobrindo que a fonte de nossa felicidade ou infelicidade está no modo que

escolhemos de pensar.

Dotados de arbítrio livre, nossa caminhada se faz, gradativamente e em ritmo próprio, da ignorância para o conhecimento, da inconsciência para a conscientização, em relação a tudo.

O que chamamos dores morais, problemas, dificuldades, injustiças sociais… nada mais são do que a expressão da nossa incompreensão sobre o magnífico fato de sermos todos iguais perante a vida, embora com “idades” espirituais diversas, o que limita ou liberta a criatura, em relação aos modos de ser e pensar mesquinhos, tendenciosos e parciais.

E o mais interessante, e às vezes difícil de ser aceito, é que em todos há aspectos mentais primitivos, aprimorados, complicados, lúcidos, maus, bons, firmes, frágeis… convivendo ao mesmo tempo, porque a evolução não se faz por degraus estanques e sim de forma irregular, pois cresce onde fazemos mais experiências observadas e administradas.

Muita gente se assusta e recusa a ideia de ser totalmente responsável por si e pela forma como vive. Consideram que Deus decide, escolhe, ajuda… e também que outros são responsáveis por coisas que lhes acontecem.

Respeitar e conviver bem com as diferenças faz parte do aprendizado de todos e Kardec primava por isso. Até porque, acabamos descobrindo que as indisposições e raivas, só nos prejudicam, na medida que estimulam a produção de substâncias desarmonizadoras do corpo, gerando doenças.

Em outras palavras, ao invés de construirmos nossa paz e contribuirmos com o bem geral, vivendo segundo as ideias que consideramos melhores, nos afundamos no orgulho, na rivalidade e na tentativa sempre vã, de dominar os outros e impor nosso ponto de vista.

Para quem já se encontrou na compreensão de que detêm os rumos da própria vida, uma sensação inigualável de bem-estar e liberdade vai se instalando no íntimo, por sentir-se capaz de reverter situações negativas e promover as positivas, apenas alterando a forma de pensar e ser, num mínimo que seja. Só fica “nas mãos” de outros se permitir isso!

Sabe que quando erra, depois pode acertar, na medida em que descobre formas mais funcionais de pensar; tudo isso, no tempo que for preciso, sem medo de punições nem ter que ficar amargando sofrimentos, mesmo que as consequências da opção não sejam boas.

Basta melhorar a escolha e viver a mudança, para que tudo ao seu derredor também mude para melhor.

Que coisa boa usar do arbítrio para construir nossa evolução e uma vida de paz!

Jornal do NEIE

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