Autor: Rogério Miguez
Após uma vida frutífera e ilibada, resultado de sua bagagem cultural, intelectual e principalmente moral construída em anteriores existências e do seu preparo em uma das, ou talvez a melhor escola da Europa naquela época – o Instituto de Yverdon -, retornou à vida verdadeira no ano de 1869, portanto há 154 anos, naquele último dia de março, o insigne pensador lionês Allan Kardec.
Vida exemplar, monumental, rara de ser vista. Dedicação integral a uma nobilíssima causa, a codificação da Doutrina dos Espíritos, iniciando seu trabalho a partir do exato momento em que foi “chamado” pelas mesas girantes, no ano de 1855.
Em pouco tempo elabora uma obra fundamental para a humanidade, a Terceira Revelação, materializando desta forma o tão aguardado Consolador Prometido por Jesus: responsabilidade a toda a prova; imensos obstáculos enfrentados e superados; sacrifícios incontáveis experimentou para entregar à Humanidade este tratado único sobre as Leis de Deus.
A partir de 1857, com o lançamento de O Livro dos Espíritos, primeira obra oriunda de seu trabalho, descortinou-se uma nova era para todos nós. Abriu-se um clarão capaz de iluminar todos aqueles ainda desorientados no emaranhado das inúmeras propostas filosóficas existentes, bem como nas diversas opções religiosas até então apresentadas.
Exatamente em Paris, a cidade Luz, na França dos Luíses, nação que testemunhou o nascimento de tantos sábios, incontáveis filósofos e pensadores, concretizou-se pela pena segura deste Iluminado Servidor nascido em Lyon um compêndio capaz de modificar completamente o pensamento universal, lançando luz sobre a forma como até então se vivia na Terra.
Um legado extraordinário!
E este tesouro de conhecimentos, comunicados por incontáveis Espíritos superiores, supervisionados pelo único Espírito puro que se tem notícia de haver encarnado no ainda assim considerado vale de amarguras da Terra – O Cristo de Deus -, cruzou os mares e aportou nas terras brasileiras, após um grave momento de embaraço em sua marcha nos recantos europeus, disseminando-se entre nós. Desde então, temos a missão de o acolher, estudar e principalmente vivê-lo, disseminando-o por todos os rincões do país.
Nesta hora perguntamo-nos: É o que temos feito com eficiência? Temos fornecido os exemplos claros aos que nos cercam sobre como se vive o Espiritismo? Nossos esforços têm sido coerentes, unidos e solidários, todos visando o mesmo fim, visto só haver uma Doutrina dos Imortais a seguir?
São questões que os espíritas devem se fazer para bem aquilatar se o trabalho delegado por Jesus e Allan Kardec a todos nós tem sido respeitado, sem tentativas estranhas de modificá-lo ao gosto de cada qual.
O Mestre certamente continua a trabalhar, há mais de 150 anos, não há a menor sombra de dúvidas, empenhado em nos fazer perceber que a Doutrina continua íntegra, granítica, bem estruturada, sem necessidade de acréscimos fundamentais, tampouco adições nascidas das limitações humanas em bem entendê-la.
Quem sabe tenha reencarnado entre nós mais uma vez ao longo destes muitos anos desde o seu último desencarne, não o sabemos, até o momento não há qualquer argumentação sólida de como comprovar tal fato, contudo, mesmo no plano espiritual, ele seguramente continua a interagir com muitos dos seus modernos seguidores, alguns antigos companheiros de tarefa, buscando, talvez, pelas intuições, bem direcionar o esforço a ser feito para bem propagar a Doutrina aos quatro cantos deste imenso país.
Em mais este dia 31 de março, recordemos do Mestre, reflitamos em sua vida, pensemos em seu trabalho, ajuizemos o quanto ele teve que ceder em todos os campos da vida para bem consolidar a sua missão, tarefa esta atribuída a poucos, pois devido a sua capital importância para a humanidade, não poderia ter sido delegada a qualquer um.
Honremos a sua memória trabalhando igualmente com afinco e sem interesses outros, a não ser o de servir com satisfação a todos os que nos procuram.