Cahagnet nasceu em Caen, na França. Embora descendente de uma família pobre, e tendo trabalhado sucessivamente, para poder viver como relojoeiro, torneiro de cadeiras, caixeiro de comércio, fotógrafo, conseguiu, com sua poderosa força de vontade, seu dinamismo extraordinário e sua honestidade, adquirir posição de destaque, sendo respeitado e admirado por todos quantos com ele privaram, mesmo os inimigos.
Além das citadas habilidades, Cahagnet desenvolveu mais uma que torná-lo-ia célebre – a de magnetizador. Foi desse modo que manteve relações com os entes do além-túmulo, por intermédio de vários pacientes em estado sonambúlico ou de êxtase. Desse intercâmbio surgiu, em 1847, o primeiro tomo de “Arcanos da Vida Futura Revelados”. Anotando as palestras do maravilhoso intercâmbio com os espíritos, Cahagnet edificou a portentosa obra com cerca de mil páginas, que formaram o tomo I dos “Arcanos”. Na bela introdução desse monumental trabalho adverte o autor: “Sede prudente, não admitais nem rejeiteis nada sem um exame maduro; aquilo que não puderdes compreender, jamais digais que não é!”. Ao tomo I seguiram-se os tomos II e III.
Em 1848, Cahagnet reunia em Argenteuil um grupo de pessoas que havia testemunhado os fatos obtidos através da sonâmbula Adéle Maginot, e criou a primeira “Sociedade dos Magnetizadores Espiritualistas”, por sugestão do espírito Swedenborg. Três anos depois, essa sociedade continuou seus estudos sob a denominação de “Sociedade dos Estudantes Swedenborgianos”, aproximando-se mais tarde do Espiritismo codificado por Allan Kardec.
Sob os auspícios da “Sociedade” funda o jornal “O Magnetizador Espiritualista”, no qual são registrados todos os fatos maravilhosos das relações com o Além obtidos por ele e pelos magnetistas de todo o mundo que o quisessem fazer. Seguiram-se ainda muitas outras obras:
1850 – “Santuário do Espiritismo”, ou o estudo da alma humana e de suas relações com o Universo, segundo o sonambulismo e o êxtase.
1851 – “Luz dos Mortos” ou estudos magnéticos, filosóficos e espiritualistas.
– “Tratamentos das Enfermidades”, obra que engloba um estudo das propriedades medicinais de 150 plantas que a extática Adéle Maginot transmitira e diversos métodos de magnetização.
1853 – “Cartas Ódicas-magnéticas do Cavaleiro de Reichenbach, traduzido do alemão.
1856 – “Revelações do Além-túmulo”, pelos espíritos de Galileu, Hipócrates, Franklin e outros, onde se estuda Deus, a preexistência das almas, a criação da Terra, vários problemas da Física, da Botânica, da Matemática, da Medicina, a análise da existência do Cristo e do mundo espiritual.
1857 – “Magia Magnética”, que trata dos fenômenos de transporte, de suspensão, das possessões, das convulsões etc.
1858 – “Estudo sobre o Homem”, onde tece profundas considerações sobre o homem e sobre todas as faculdades da alma humana.
1861 – “Enciclopédia Magnética Espiritualista” (1854 -1861).
1869 – “Estudo sobre o Materialismo e o Espiritualismo”.
1880 – “Estudo sobre a Alma e o Livre Arbítrio”.
1883 – “Terapêutica do Magnetismo e do Sonambulismo”.
As datas acima mostram que a obra de Cahagnet antecedeu a de Kardec, e também a sucedeu. Sucedeu-o ainda na luta pela verdade espírita, suportando sem nunca desanimar os ataques inflingidos à doutgrina “Tudo o que a ignorância, o fanatismno, a tolice reeditaram posteriormente contra a nossa doutrina foi despejada sobre o pobre magnetizador” – diz Gabriel Delanne. Qual ocorreu com as obras de Kardec, as de Cahagnet também foram batizadas pelo fogo. A leitura dos Arcanos foi proibida em todos os países, por decisão da Igreja Católica. Cahagnet, porém, jamais esmoreceu. Interrogando os mortos, ele obteve respostas interessantes e reveladoras sobre diversos assuntos: noções de magnetismo, as propriedades da alma, a oração como meio de evitar os maus pensamentos, o modo por que deve ela ser proferida, as punições reservadas no mundo espiritual aos criminosos, as ocupações dos espíritos, as sociedades formadas pelos espíritos, as obsessões, a separação entre a alma e o corpo no momento da morte, formas diversas que os espíritos podem tomar, o inferno dos católicos (o que é), o fenômeno dos transportes, reunião dos familiares e afins no Espaço, noções sobre a loucura, suas causas, suas conseqüências no mundo espiritual, alucinações causadas pelos maus espíritos, o suicídio no além-túmulo, etc, etc..
A 10 de abril de 1885, com 76 anos, desencarnava, em Argenteuil, o velho batalhador Cahagnet, a cujo enterro compareceram inúmeros amigos e espiritistas. A esposa, meses depois, o acompanhava. Menino pobre, torneiro, relojoeiro, caixeiro, haveria de tornar-se, mercê da vontade, da inteligência e da perseverança, um erudito e profundo metafísico, merecedor do reconhecimento de sumidades científicas e literárias de todos os países, e do respeito e eterna gratidão dos espíritas do mundo inteiro.
Nota Juventude Espírita
Na ausência de foto ou pintura do personagem, criamos a imagem de chamada utilizando inteligência artificial – e que foi baseada em um busco esculpido representando Louis Alphonse Cahagnet