Entrevistadores: Luis M. Arnaut
Marcos Pessoa Conceição é um brasileiro de 44 anos, casado e pai de 2 filhos. Sem formação acadêmica é administrador de empresas e espírita há 17 anos. Atualmente é Presidente do 5º Conselho Regional Espírita (CRE-MG) na Região Centro Oeste de Minas Gerais. É também Presidente da AME Nova Serrana e Vice Presidente e Co-fundador da Casa Espírita Chico Xavier em Nova Serrana Palestrista. Além de todos estes trabalhos exercidos, é ele, hoje, um dos responsáveis pelo trabalho do movimento jovem espírita mineiro. Confira o nosso bate-papo:
Como é o seu trabalho com os jovens no movimento espírita?
Tenho trabalhado há alguns anos fazendo estudos para as mocidades, e já dirigi por um período de um ano, mais ou menos um grupo de pré-mocidade, e atualmente somos responsáveis (CRE) pela realização do encontro regional de jovens o EMEJE – Encontro de Mocidades e Juventudes Espíritas, que acontece no período de carnaval e é itinerante, acontecendo a cada ano em uma cidade.
Fale um pouco como é o movimento espírita jovem em Minas Gerais
Gostaria de relatar um pouco sobre o de nossa região, por não ter informações concretas sobre o estado. O que percebemos é uma dificuldade muito grande para se manter os grupos de mocidades em funcionamento, grande parte das casas espíritas da região ainda não as tem. Temos observado que isso se deve principalmente a alguns fatores:
– A falta de integração das mocidades com o restante da casa.
– O não empenho dos dirigentes de casas em fundar e manter as mocidades por não considera-las como prioridade.
– A cultura dos próprios espíritas que não direcionam seus filhos para as casas espíritas e mocidades.
– O momento de vida do próprio jovem, com estudos, faculdade, influências do mundo …
Você mencionou acima que as casas não priorizam o trabalho com o jovem. Como você vê isso?
Nós do CRE entendemos que toda casa espírita deveria ter como prioridade, 2 departamentos, que é o DIJ e o DESDE, pois entendemos que se eles funcionarem bem, em pouco tempo teremos condições de termos um movimento espírita organizado, com casas bem estruturadas e com continuidade de seus trabalhos. Entendemos também, que a casa espírita tem a responsabilidade de receber e encaminhar os reencarnandos, crianças e jovens rumo à suas tarefas reencarnatórias no que dizem respeito ao trabalho doutrinário.
Você sente falta de integração com os jovens de outros estados? Porquê?
Temos tido algum contato com jovens do Rio de Janeiro (Macaé), o que nos trouxe novas experiências, temos também o trabalho federativo, onde através dos encontros na União Espírita Mineira com dirigentes de outros CREs de todo o estado nos colocamos a par dos trabalhos, e os dirigentes do DIJ da UEM por sua vez tem contato com as outras federativas e nos trazem informações. Com relação ao trabalho de unificação, entendemos ser um de seus inúmeros benefícios. Entendemos que quanto mais conhecimento e troca de experiências pudermos ter melhor.
Qual a importância dos encontros de jovens espíritas?
Temos procurado através dos encontros, divulgar e praticar um processo educacional dentro dos moldes espíritas, que tanto beneficia aos “encontristas” como aos dirigentes, pois entendemos que precisamos quebrar os paradigmas de nosso modelo educacional atual, que conforme a questão 917 de O Livro dos Espíritos, entretêm o egoísmo. Dessa forma procuramos fazer com que o jovem se torne consciente de seus potenciais, suas possibilidades, sua importância e responsabilidade na própria transformação e do mundo em que vivemos. Temos visto também a importância desses encontros, como forma de unir e incentivar jovens de vários locais para iniciação ou continuidade dos trabalhos das mocidades em suas cidades. Além da importância de um encontro no período de carnaval, dando opções aos jovens que preferem manter-se em harmonia.
Os jovens de hoje são diferentes dos jovens de antigamente?
Não sei se poderíamos dizer que os jovens são diferentes, pois somos todos espíritos e como estamos num mesmo mundo, estamos mais ou menos na mesma faixa de evolução. Mas com referência a vivência de hoje e de ontem, não há dúvidas. Estamos na era da informação, há um choque de culturas, tá assim meio bagunçado, mas é normal, toda arrumação na casa incomoda, desarruma primeiro, móveis fora do lugar. . . pra depois as coisas chegarem no lugar. É preciso cautela e paciência de todos os lados. As possibilidades são outras, as necessidades também, mas ainda somos herdeiros de uma cultura de quadro verde e giz branco, que ainda estão aí. Quando falamos de quebra de paradigmas, precisamos entender que primeiramente ela vem a nível intelectual e depois deve ser feita com harmonia de vistas e ações, sem revoluções; continuidade com transformações. Precisamos entender também que nesse momento reencarnam espíritos de maiores possibilidades de realização, para contrabalançar com outros de menores condições que precisam reencarnar, temos visto muitos exemplos dos dois lados.
Vivemos um momento de transição do nosso planeta para um mundo de regeneração , como todos sabemos. Qual seria o papel do jovem espírita nesta jornada?
Penso que já respondemos em parte nas questões acima, que seria entender seu papel, sua importância, estudar e vivenciar os preceitos evangélicos, trazidos através do Consolador Prometido, sabendo que muita coisa já foi feita, e que somos herdeiros de nós mesmos, mas que a transformação maior que podem realizar é a de si mesmos rumo ao amor. Assim sem dúvida estaremos contribuindo da melhor forma possível, pois estaremos em condições de nos colocarmos à disposição das equipes espirituais e encarnadas, pois os trabalhos acontecem nos dois planos da vida, e quanto mais harmonia entre os dois, mais o trabalho rende.
Quais as maiores dificuldades que os jovens de hoje enfrentam para serem espíritas?
Tenho comigo que nossas maiores dificuldades são sempre de cunho íntimo, e que aqueles que ainda não se definiram, é por que ainda não estão preparados, pois quando chega realmente o momento, não tem quem segura (risos).
Que mensagem você deixaria para os jovens?
Muita paz, aquela paz de que nos fala Emmanuel da consciência tranquila, do dever retamente cumprido, dizendo que o jovem espírita é portador do conhecimento mais amplo que a terra já tem recebido, e que todas as suas atividades e missões no planeta, nunca prescindam da diretriz do Cristo, e se esforcem ao máximo para dar suas contribuições na seara cristã. Já erramos muito e sofremos as consequências disso, bastando olhar nosso modelo atual de civilização, é hora de acertarmos, não mais nos é lícito atrasarmos nossa marcha e do mundo ao qual estamos ligados. Que o Divino Cordeiro, nos ilumine e abençoe a todos.