Autor: José Lucas
Vivemos numa Sociedade paradoxal. Se por um lado muitos países tentam erguer-se acima do primitivismo secular, valorizando a vida, esses mesmos países são os arautos da morte. Será que matar é chique? É ser-se moderno? É normal? Aceitável? Venha daí, vamos pensar em conjunto.
Ao longo das vidas sucessivas (reencarnações) viemos de mundos primitivos, onde o Espírito iniciou a sua caminhada hominal, para centenas ou milhares de anos depois, estarmos num planeta de expiação e provas (a Terra) onde o Mal ainda se sobrepõe ao Bem, isto na óptica espírita (filosofia de vida, espiritualista, que não é mais uma seita ou religião).
Na Terra, ao longo dos séculos, fomos evoluindo, valorizando cada vez mais a vida, apesar de, em paralelo, nunca termos deixado a arte de nos guerrearmos mutuamente, levando-nos muitas vezes ao extermínio mútuo.
Libertámo-nos do escravagismo, dos duelos para a lavagem da honra, da pena de morte, de guerras cruéis, para, em pleno século XXI termos a perspectiva de pertencermos à condição de humanos evoluídos, que conseguem sondar o espaço sideral, sem conseguirmos sondar o íntimo, numa simples introspecção.
Vivemos entre dois paradigmas
Um deles, o materialista, que nos diz tudo acabar com a morte do corpo físico, levando o Homem a crises de egoísmo, orgulho, ódio, posse, a raiar a loucura. Tudo isto, quando a Física quântica nos prova que não existe matéria, tudo é energia e, aquilo que chamamos matéria é apenas energia coagulada, no seu estado mais grosseiro.
O outro paradigma, espiritualista, diz-nos que somos Espíritos imortais, temporariamente numa experiência física, entre muitas outras, anteriores e posteriores (reencarnações), em busca da nossa evolução intelectual e moral, paradigma este sobejamente demonstrado experimentalmente desde 1857, altura em que a doutrina espírita (espiritismo) matou a morte, ao provar a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação, lei de causa e efeito e a pluralidade dos mundos habitados.
Nesta dicotomia entre materialistas e espiritualistas, os primeiros, em consciência de sono, vivem gananciosamente, vendo na matéria seu dever e seu fim. Os espiritualistas, num nível de consciência de despertamento espiritual, vivem na matéria, com a matéria, mas não vivem para a matéria, pois sabem que depois desta vida, outra se desdobrará, noutro plano vibratório, tão real quanto este, apenas num plano mais quintessenciado, etéreo, invisível aos olhos carnais, mas acessíveis aos olhos espirituais (mediunidade de vidência ou percepção extra-sensorial de vidência).
Matar não é chique, não é sinal de modernismo, não é normal, não é aceitável. Matar é uma atitude primitiva.
Em pleno século XXI, depois de inúmeras revoluções culturais, é um escândalo o duelo, a pena de morte, o homicídio, mas são justificáveis as guerras, um pouco por todo o mundo. Nestes tempos de loucura existencial, onde o Homem perdeu o Norte de Deus e a sua condição espiritual, vemos revoltas pelo direito à igualdade, ao lado daqueles que defendem o comércio de armas, o uso e porte de armas.
Enquanto se proclamam os direitos do Homem, matam-se “legalmente” milhões de bebés indefesos, todos os dias, numa mancha negra da história da Humanidade. Enquanto a medicina busca a todo o custo salvar vidas, cada vez com mais êxito, logo ali, ao lado, outros proclamam o direito à eutanásia, ao suicídio, ao homicídio, dependendo dos casos.
Vemos desde gente muita rica e influente, mundialmente, até aos mais miseráveis nesse conúbio em torno da legitimação da morte, dependendo das circunstâncias, ocasiões e, principalmente, quando não nos afectam.
O mundo está violento porque os seres que o habitam são violentos, mesmo que sob a capa do verniz de relógios, fatos caríssimos, casas, hotéis e estilos de vida sumptuosos.
O Homem-primitivo que ainda existe em nós, que acha normal matar outro ser humano, precisa desabrochar o seu lado espiritual, compreender que voltará vezes sem conta à Terra, com novos corpos (sendo o mesmo Espírito), buscando a sua evolução intelecto-moral e colhendo tudo aquilo que for semeando no seu íntimo, sob a forma de paz, serenidade ou de agitação, desequilíbrio e dor.
Não existem atos de matar mais dignos do que outros
Matar é um ato indigno, de uma Humanidade pouco evoluída, onde a solidariedade, compreensão, auxílio mútuo, pacificação, entendimento, precisam ocupar o lugar do egoísmo, do orgulho, do ódio, da posse, da ganância, da guerra.
A Humanidade só será considerada evoluída, dizem os bons Espíritos, quando nela não houver guerras, fome, miséria moral e material e, onde todos se entreajudem na evolução em comum e pessoal.
“Não há caminho para a paz, a paz é o caminho”, deixou-nos em herança cultural Mohandas Gandhi.
“Fazei ao próximo o que desejais para vós mesmos”, ensinou-nos há 2 mil anos, o grande psicoterapeuta da Humanidade, Jesus de Nazaré.
Matar não é chique, não é sinal de modernismo, não é normal, não é aceitável.
Matar é uma atitude primitiva.
Vale a pena viver.
Viver é a melhor opção!
O consolador – Artigos