Autor: Joelson Pessoa
Qual a idade limite em que se pode, sem inconveniente, praticar a mediunidade?
R: Não há idade limite precisa. Depende inteiramente do desenvolvimento físico e mais particularmente do desenvolvimento moral – Livro dos Médiuns Cap. 18, item 221, 8ª
Quem tem prestado atenção ultimamente nos movimentos doutrinários coordenados pela juventude, observou um interesse das mocidades espíritas pela mediunidade, elegendo-a por assunto dos seus estudos em alguns encontros para jovens.
Citamos como exemplos: EMESM (Encontro de Mocidades Espíritas de São Miguel Paulista) em 06/05/2007, COMJESA (Confraternização dos Jovens Espíritas de Santo Amaro) também em 6/05/2007 e COMENOESP (Confraternização das Mocidades Espíritas do Oeste do Estado de São Paulo) durante os dias de 05 a 08/05.
O interesse pelo estudo num dos assuntos mais ricos em possibilidades para o aprendizado sobre a vida espiritual é empolgante, porém, isto pode estar evidenciando uma falha das instituições espíritas.
Tenho ouvido com frequência queixas de que o jovem, de maneira geral, não tem acesso às reuniões do centro espírita que se destinam ao estudo e educação da mediunidade. Esta exclusão, não percebida ainda pelos nossos dirigentes, se verifica por duas causas mais comuns:
- Dia e horário das reuniões: Geralmente as reuniões são oferecidas durante a semana, em dias úteis e à noite, horário em que a maioria dos jovens e adolescentes está estudando.
- O Preconceito é a outra causa mais comum. Muitos coordenadores envolvem a mediunidade em mistérios e a colocam como dom para aquisição de poucos, estabelecendo uma via crucis, através de anos de estudos em cursos sistematizados da doutrina espírita, até merecer a vez de exercitar e disciplinar essa faculdade.
Em nossa referência de apoio inserida acima, Kardec, apesar de salientar a responsabilidade com o exercício da mediunidade não faz nenhuma objeção quanto à admissão de jovens nas reuniões de estudo e prática mediúnica.
Quem discorda destas linhas e inventa argumentos sem sustentação no Espiritismo para afastar um jovem ou adolescente da reunião para educação mediúnica, poderia propor uma solução sadia para os casos de médiuns jovens que existem em várias mocidades?
Sim, temos médiuns jovens nas mocidades e causa-me a impressão de que a ocorrência tende a se tornar cada vez mais comum.
A mocidade espírita não parece ser a oportunidade adequada para atender a esta necessidade de forma completa. A mocidade não é um curso sistematizado de espiritismo, e nem pode ser. A mocidade oferece orientações sobre os mais diversos assuntos, é dinâmica e plural, contextualizando a teoria espírita com a realidade da vida e a rotina dos membros do seu grupo. Os ensinos da moral evangélica será sempre um recurso paliativo para o jovem porque ao se moralizar, se habilita naturalmente a alcançar melhores condições de proteção contra o assédio dos desencarnados que o querem acompanhar na mentira, no vício, na promiscuidade e nas variadas confusões domésticas. Mas a mediunidade não é apenas a influência oculta, outras vezes vem acompanhada de mil e uma “anormalidades” que, se confunde e incomoda até os espíritas adultos, que dirão os mais moços?
Pesquisando sobre o tema, encontrei interessante esclarecimento em Joanna de Angelis, no seu livro Adolescência e Vida – cap. 20:
“No período da adolescência, porém, em pleno desabrochar das forças sexuais, a mediunidade se apresenta pujante, necessitando de educação conveniente e diretriz adequada para ser controlada e produtiva”
Eu vivi há alguns anos, a oportunidade de estudar a mediunidade numa reunião destinada para parte dos membros da nossa antiga mocidade. A solicitação partiu de nosso grupo à diretoria da casa que aceitou em nos atender. Uma das tarefeiras mais experiente se disponibilizou, amavelmente, para conduzir e orientar nosso grupo. Éramos 8 pessoas e tínhamos entre18 a 24 anos de idade. A reunião tinha a duração de 1 hora e acontecia antes do horário da mocidade (domingo de manhã). Duas pessoas apresentavam a mediunidade saliente e, em quase todas as reuniões, recebíamos alguma mensagem dos espíritos amigos que amparavam aquela iniciativa.
Agora chamo a atenção para um fato relevante: essa relação de confiança pautada em atitudes promocionais por parte dos dirigentes deste centro espírita – Núcleo de Estudos Espírita Alvorada Cristã / São Paulo – tornou a relação da casa com a mocidade pródiga de resultados. Daquele grupo emergiram trabalhadores comprometidos com a causa e desempenham atualmente as mais variadas funções para a continuidade dos serviços (médiuns, passistas, expositores, coordenadores e colaboradores do movimento espírita).
Aproveito para falar aos dirigentes das mocidades o quanto é promissor empreender novas atitudes para diminuir a distância que existe em muitos centros entre a mocidade e os “adultos” da casa.
Participar das reuniões de diretoria é sempre o melhor começo, quando não for possível em função do horário (fatídico dia útil à noite), faça uma proposta para que a reunião ocorra num horário viável, destaque alguém do grupo para representá-los, em último caso, encaminhe um relatório das atividades da mocidade, pôxa! Demonstre algum interesse!
Com uma relação de amizade entre mocidade e “adultos” o preconceito da diretoria tende a se extinguir e os casos de médiuns jovens serão recebidos com mais naturalidade, sem os empeços que se originam por falta de confiança no jovem, o que leva essa juventude a se sentir frequentemente desvalorizada nos centros espíritas quando são lembradas somente nas situações em que se requerem os seus braços para mover cadeiras e objetos ou para agraciar uma comemoração com uma peça artística.
Infelizmente muitos dirigentes ignoram que as reuniões de estudos espíritas oferecidas à sociedade juvenil pelas mocidades também restauram vidas e promovem a reforma-íntima em seus membros, tal qual se verifica nos demais trabalhos existentes no centro.
Quanto mais fraterna e respeitosa se tornar a relação entre os jovens da mocidade e os adultos da diretoria, melhores serão os resultados e maiores as possibilidades de serviços prestados à sociedade.