Autor: Edgar Egawa
Entre os programas nos quais os personagens principais têm mediunidade ou o que outras pessoas preferem chamar de paranormalidade, há aqueles nos quais se declara abertamente que esse dom tem um componente genético. Ou seja: é passado de geração em geração.
No item 159 de O Livro dos Médiuns, Kardec define mediunidade como a capacidade de sentir a influência dos espíritos, em graus variados e são diferenciados de acordo com a intensidade com que sentem essa influência e de que forma ajudam os espíritos a se manifestarem. E, no Evangelho Segundo o Espiritismo, declara que a mediunidade não diferencia os bons dos maus e que esse dom “depende da estrutura orgânica, que cada homem pode ter, assim como as capacidades de ver, ouvir e falar” (cap. 24, item 12).
Os seriados que tive oportunidade de assistir e que demonstram essa característica abordada por Kardec como uma característica orgânica são Eli Stone, Medium, Ghost Whisperer e O Vidente.
Eli Stone é um advogado que, devido a um aneurisma cerebral, começa a ter alucinações que o levam a aceitar casos em que defende pessoas que precisam de sua ajuda, como uma aluna expulsa por protestar contra o programa de “educação sexual” oferecido em sua escola. No decorrer da primeira temporada, ele descobre que seu pai, a quem considerava um alcoólatra, na verdade também tinha o mesmo aneurisma que causava estas visões.
Medium, estrelado por Patricia Arquette, conta a história de Allison Dubois, uma estudante de direito que, devido à sua mediunidade, resolve se demitir de seu estágio na promotoria da cidade de Phoenix, no Arizona, mas acaba voltando como consultora, ajudando-os a resolver casos de assassinato. Descobrimos na primeira temporada que ela tem um irmão veterano de guerra que está sendo assombrado pelo seu sargento. Ao longo do episódio, Allison descobre que seu irmão também tem a mesma capacidade que ela e o ajuda a aceitar seu dom. Também descobrimos ao longo do seriado que suas duas filhas mais velhas também têm a mesma capacidade de se comunicar com os espíritos nos sonhos e se relacionar com eles acordadas.
Em Ghost Whisperer, Melinda Gordon (Jenniffer Love Hewitt) descobre ser de uma linhagem de pessoas capazes de se comunicar com os espíritos presos à Terra. A princípio, ela sabe que tanto ela quanto sua avó materna tem essa capacidade. Ao longo do seriado, ela descobre que sua mãe, seu pai biológico, um irmão que desconhecia e uma ancestral do século 19 tinham a mesma capacidade. E na última temporada, temos a oportunidade de conhecer seu filho Aiden, que tem a capacidade de conversar com os espíritos superiores, ou, de acordo com a ótica do programa, aqueles que já fizeram a passagem para a luz.
Por fim, na última temporada de O Vidente, descobrimos que o filho de John Smith, JJ, também é bastante intuitivo. Johnny, de acordo com o seriado, levou uma pancada na cabeça ao cair no gelo e a partir daí se tornou uma pessoa mais intuitiva. Ele passou a ter visões quando tocava objetos e pessoas muito mais nítidas após sofrer um trauma mais severo em um acidente de carro. E ele também descobre que seu pai, ao contrário do que imaginava, também tinha essa capacidade e estava sendo manipulado por Greg Stillson.
Podemos fazer um paralelo com a história do Espiritismo. Em primeiro lugar, podemos lembrar das irmãs Fox, que desvendaram o assassinato de um caixeiro viajante em Hydesville. Também temos as irmãs Caroline e Julie Boudin, que ajudaram Kardec na codificação da Doutrina, os irmãos Davenport, citados na Revista Espírita. No Brasil, temos o caso da família Gasparetto. E se você frequenta um Centro Espírita, pode conhecer famílias cujos membros são médiuns, ou talvez até faça parte deste grupo.
O projeto Genoma levou anos para mapear o DNA humano. Mas certamente não encontrou nenhum gene responsável pela capacidade mediúnica, até porque provavelmente não estava em busca disso. Até que ela possa ser considerada algo normal, inerente à condição humana, fora dos círculos onde é aceita, seja sob a ótica espiritualista ou materialista, não se encontrará tal gene.
Fala MEU! Edição 87, ano 2012
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