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Mediunidade e Sobrenatural

Nossa amiga Teresinha escolheu uma interessante vertente para seu grupo abrir um trabalho de pesquisa sobre a Mediunidade: o fato dela ter sido o início de todas as religiões.

Realmente, as religiões começaram com alguma revelação, vinda pela mediunidade, e utilizada como norma de conduta. O médium, ou seja, aquele que recebeu “de Deus” as verdades, costuma ser o fundador da religião e seu estruturador.

A incompreensão sobre como se deu esse fato, põe, na origem das religiões o mistério, o mágico e o sobrenatural como elementos básicos, os quais despertam o temor. Esse temor serve como razão para os seguidores atenderem as normas impostas, considerando que serão punidos se não o fizerem. E, realmente, costumam ser punidos pelos representantes da religião que se dizem interpretes do divino.

Somente com Kardec, quer dizer, após 1857, é que a mediunidade passa a ter esse nome e pode ser considerada como algo absolutamente natural e pertencente a todos os seres humanos, sem exceção.

Kardec é o divisor de águas dos conceitos humanos sobre a mediunidade.

No entanto, esse passado histórico deixa muitos resíduos de misticismo e sobrenaturalidade embutidos nas pessoas, o que as leva a não sentirem a naturalidade dessa capacitação humana.

Tanto assim que há médiuns espíritas não vivenciando o conceito espírita de mediunidade, comportando-se com base no temor e cultivando uma enorme insegurança pessoal, crendo-se sempre ligados aos maus Espíritos; e outros, considerando-se os únicos herdeiros do bem e da verdade, depositários só das luzes espirituais.

Pode até haver uma dualidade entre o que se pensa e  como se age;, o que dificulta o discernimento do que ocorre e facilita a interferência espiritual que não deseja ver a verdade sobre a mesa e nem os médiuns seguros e lúcidos, valorizando o potencial que têm, do tamanho que ele for e aplicado somente no bem.

Por outro lado, embora nós espíritas saibamos  teoricamente, que a mediunidade não atraí espíritos, muitos ainda reputam a ela suas doenças, dificuldades, vaidades e orgulho. E carregam essa atitude psicológica para as reuniões, o que se contrapõe aos objetivos das mesmas. Mas como vão de boa vontade, não percebem, o quanto essa postura contribui para a ineficiência das mesmas.

Os conceitos interiorizados são os que funcionam no dia a dia, por isso seria útil perceber em que século se fixou o seu conceito de mediunidade? E por quê?

Jornal do NEIE-CEM, Edição 229, Junho de 2016

Endereço original: http://www.jornaldocem.com.br/edicao-229-junho-de-2016/mediunidade-e-sobrenatural/

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