Autor: Cairbar Schutel
Já vimos que “médiuns intuitivos são com quem os Espíritos se comunicam pelo pensamento, e cuja mão é guiada pela vontade do próprio médium”.
A mediunidade intuitiva tem, pois, a sua base na transmissão do pensamento. Neste caso é um Espírito desencarnado que transmite o pensamento que o médium escreve.
“O Espírito não atua, pois, sobre a mão para fazê-las escrever; dela não se apodera, não a encaminha; atua sobre a alma; a alma dirige, pelo cérebro e nervos, a mão, e a mão dirige o lápis. O médium sente necessidade imperiosa de escrever, mas tem plena consciência do que escreve.”
Nesta forma de mediunidade convém, entretanto, haver muito discernimento, para distinguir o pensamento do médium do pensamento do espírito.
Não há dúvida de que é muito difícil fazer esta distinção.
Contudo, pode-se reconhecer o pensamento sugerido, por não ser preconcebido: nasce à medida que se escreve e, muitas vezes, é contrário à ideia que se havia formulado precedentemente: pode ir mesmo além da capacidade e dos conhecimentos do médium.
É a mediunidade mais comum que existe; e se todos procurassem desenvolvê-la, a telepatia daria um passo gigantesco, deixando os homens maravilhados com a facilidade de comunicação com que o Supremo Criador dotou seus filhos.
Temos assistido a experiências extraordinárias com o auxílio de médiuns intuitivos escreventes, faculdade que nos parece ser a preferida pelos Espíritos doutos para a transmissão de mensagens literárias, científicas etc.
Vamos citar um exemplo desta interessante faculdade:
Certo dia estava em nossa casa um nosso amigo, médium e médico.
Nesse tempo já não duvidávamos da veracidade das comunicações e da manifestação dos Espíritos, mas, instintivamente, desconfiávamos dos médiuns.
Estávamos ambos conversando em nosso escritório quando bateram à porta.
Fui atender. Era um homem que me viera chamar para ver sua mulher que, dizia ele, “estava com muita febre inflamatória”, proveniente dum abscesso; prometi ao consulente chegar à sua casa meia hora depois, e ele retirou-se.
Súbito, porém, lembrei-me da mediunidade do meu amigo e propus-lhe uma experiência, ao que ele acedeu de boa vontade.
— Estou pronto, disse-me o doutor, mas você não pense em mim, desvie daqui o seu pensamento; do contrário, ser-me-á fácil confundir a comunicação que receber com a sua opinião sobre a doente.
Daí a cinco minutos o meu amigo começa a escrever, e em três ou quatro minutos termina a comunicação, concebida, mais ou menos, nos seguintes termos:
“Examine a região do fígado, pois a doente tem este órgão afetado; ela tem vômitos biliosos e a febre provém de afecção hepática.
Dê-lhe:
Mistura salina simples 180 g
Sulfato de magnésia 10 g
1 colher de sopa de hora em hora.”
A comunicação trazia a assinatura: “Dr. Winther”.
Esta mensagem era autêntica: quando acompanhado de meu amigo, examinamos a enferma, verificamos a exatidão do diagnóstico do médico invisível, e, por felicidade, ainda encontramos vômitos biliosos no vaso noturno. Administramos a poção e no dia imediato a senhora tratava dos seus afazeres domésticos. O tal tumor que, com efeito, existia na perna, não passava de uma “cabeça de prego”.
Fiquei abismado da sagacidade mediúnica do meu amigo Dr. Francisco Marcondes de Rezende, agora desencarnado, de quem eu duvidara, mas que, graças à luz divina, me esclareceu nos estudos que vinha fazendo.
Devo acrescentar que meu amigo não residia na cidade, aonde chegara naquele mesmo dia, não conhecendo outra pessoa a não ser as de nossa família.
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