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Mediunidade não é uma questão religiosa

A Mediunidade não é uma questão religiosa, bem como não é um patrimônio das religiões.

Ela é uma capacitação natural dos seres humanos. E independe da religião, da raça, da idade, das crenças, do sexo e da moralidade da pessoa.

Por que a associamos às práticas religiosas?

Porque na Antiguidade histórica, embora aceita com a naturalidade que lhe pertence, era entendida como condição especial de poucas pessoas, aquelas que podiam falar com os deuses. E portanto, utilizada nos templos, onde sacerdotes e sacerdotisas profetizavam, ou seja, traziam aos Homens as palavras “divinas”. Era entendida como um dom especial.

Mas é preciso lembrar também, que nesse tempo as pessoas não tinham religiões, como hoje, que se escolhe participar desta ou daquela. A religião de cada povo era uma sequência da religiosidade natural do ser humano, um componente da sua vida e não um elemento extra, escolhido por algum motivo, basicamente o medo e as dores.

Havia porem, a compreensão de ser preciso um desligamento maior do corpo, para que a participação humana nessa comunicação fosse diminuída. Para tanto usavam a ingestão de beberagens, preparados compostos de plantas alucinógenas, tal como fazem os pajés nas tribos indígenas ou africanas. Nos tempos mais modernos o candomblé e certas vertentes da umbanda usam bebidas e fumo, para o médium atingir essa condição de perda do próprio domínio, favorecendo o predomínio do Espírito comunicante. Isso também deu à mediunidade um caráter de coisa secreta e aliás, só os iniciados é que sabiam lidar com ela e que conheciam seu funcionamento. Ao povo tudo parecia muito sobrenatural.

Ainda não eram conhecidas as leis da Natureza, não havia Ciência como se entende hoje. Os estudiosos da Vida se baseavam mais nos conceitos da sua religiosidade para deduzir como as coisas funcionavam. E se perceberam algumas leis com muito acerto, por outro lado, era grande a idéia de coisas sobrenaturais, misteriosas e miraculosas, incluindo-se nisso a mediunidade.

O Espiritismo trouxe-nos a palavra nova: Mediunidade. E apresentou-se como o divisor de águas, reciclando os conceitos antigos e ensinando-a como patrimônio pessoal de cada ser humano, para o próprio desenvolvimento e evolução. Declarou-a faculdade humana, o que nos leva a entender que ela não existe para a pessoa ser médium para os outros e nem para as Casas Espíritas. Existe para a pessoa perceber, o tanto que possa, as próprias companhias espirituais e receber, as instruções de seus amigos espirituais.

No entanto temos livre arbítrio e podemos usar nossa faculdade como quisermos. Ninguém nos punirá por isso.

Aliás Deus e suas leis não punem, somente os Homens e sua leis é que usam a punição.

Como vivemos em sociedade e como a fraternidade já existe na maioria dos corações, acabamos por usar nossa mediunidade para avisar outras pessoas do que lhes ocorre e para transmitir mensagens e instruções, que são a colaboração e o amor dos Espíritos para conosco. Também usamos a mediunidade para orientar desencarnados em estado de perturbação ou vingança.

Após a condenação e a proibição da mediunidade, por parte de religiões cristãs, é estabelecido o medo, o preconceito e o desconhecimento sobre o que é essa faculdade humana. Por isso ainda predominam esses conceitos equivocados de que a Mediunidade atrai Espíritos, nos liga a eles e nos deixa doentes e perturbados por causa da presença de Espíritos perturbados ou perturbadores. O que, no fundo, é um peso, uma dificuldade constante na Vida, e algo que se preferiria não ter.

Mesmo entre espíritas, que têm em O Livro dos Médiuns, o primeiro e mais completo manual de instrução e esclarecimento sobre tudo que possa estar ligado com a Mediunidade, há esses equívocos e preconceitos. Basta ver como são endeusados os médiuns mais capacitados, como são feitos de gurus, cujos palavras passam a ser vistas como divinas. Postura essa de ignorar, conscientemente, que ali só está um ser humano e um Espírito comunicante que também é humano. Ali não está Deus falando conosco!

Por isso Kardec inseriu a orientação do Espírito Verdade sobre a necessidade indispensável de se analisar todas as comunicações e de por de lado as que venham de médiuns nos quais já se percebeu alguma perturbação espiritual ou conduta estranha ou personalista. Disse ser preferível descartar noventa e nove verdades a se aceitar uma mentira. E completou dizendo que os bons Espíritos não se ofendem se forem analisados. Ao contrário, gostam e nos ajudam, E mais, disse que os médiuns que se melindrarem com isso, já estão mostrando estarem associados ou sob o domínio de Espíritos mal-intencionados.

Talvez ainda leve algum tempo para encararmos a mediunidade com a naturalidade que ela tem e com isso nos posicionarmos como donos de nós mesmos, escolhendo melhor e com mais cuidado os pensamentos e atitudes. Até porque, é deles que deriva a ligação e a influencia que receberemos de Espíritos. Semelhante atrai semelhante!

Depois da ligação feita, nossa mediunidade, o tanto que estiver desenvolvida, é o canal de comunicação. Esse é o efeito. A causa está em nossa forma de sentir e pensar.

Jornal do NEIE-CEM, Edição 216, Maio de 2015

Endereço original: http://www.jornaldocem.com.br/edicao-216-maio-de-2015/mediunidade-nao-e-uma-questao-religiosa/

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