A tão antiga e perniciosa técnica de amedrontar para ser obedecido, ainda tem adeptos, e é responsável pela maioria dos males individuais e sociais que vivemos.
Por trás da atitude de escolher essa técnica, está a intenção de dominar, impor opiniões e regras e subjugar a vontade alheia.
E por trás dessa intenção há o pensamento de que a outra pessoa é menos, é pior, é errada, é tola… e quem a amedronta sabe o que faz e pode manipular para dominar.
Essa técnica que ganhou adeptos com a psicologia behaviorista, serviu e ainda serve para que pais, educadores, representantes de religiões, políticos, jornalistas, escritores e até Espíritos através de médiuns, exerçam seu poder assustando, estabelecendo suas vontades e ideias, pelo medo que inserem nas “cabeças” alheias.
É ainda o poder da autoridade, predominante na Antiguidade, e que vem sendo usado de forma abusada, por não ser a autoridade advinda dos méritos pessoais, como diz Kardec, e sim dos cargos e títulos.
Crença no mal, o medo inibe a naturalidade e paralisa a vontade, prejudicando a manifestação das características reais da pessoa e fazendo dela um ser alterado, que não pode progredir por dentro de si, porque teme conhecer-se. E se descobre algum defeito, alguma coisa não boa? Melhor é se apresentar como moralmente inquestionável, mesmo que não seja; aprende-se a fingir!
Crianças criadas assim, podem se tornar adolescentes com um grande vazio interior, esquivas e facilmente levadas pelos colegas ou por Espíritos, que se descaminham para gangues e drogas.
A situação se complica quando a mediunidade entra em cena, pois até mesmo espíritas se assustam e não sabem como lidar com naturalidade, seja consigo mesmos ou com as crianças e adolescentes médiuns. E o medo passa a ser o mau conselheiro, impedindo a auto-observação do que a pessoa percebe e sente, e impedindo a descoberta de como lidar consigo e com os Espíritos.
Por ser um patrimônio da humanidade (título do nosso curso), a mediunidade se manifesta de variadas formas e intensidades, na maioria das pessoas, mesmo que não percebam ou aceitem. No entanto, é o conhecimento do que se passa consigo que pode impedir alguém de ser joguete na mão de Espíritos mal intencionados e oportunistas. E isso se extende para as crianças e adolescentes, que devem ser informados e levados a estudar-se e a estudar a mediunidade em Kardec. Não importa a idade! Adequa-se as informações e deve-se estimular que busquem em O Livro dos Médiuns, o que precisam saber. Esconder deles o que pode ajudá-los a viverem bem consigo mesmos e a administrarem sua faculdade mediúnica é uma espécie de crime, porque impede a independência e o domínio de si; quem sabe até possam cair em malhas malignas.
Mesmo modismos, como o atual que evoca um suposto demônio Charlie, não deve ser motivo de amedrontarmos os curiosos e sim, que sejam orientados sobre a existência e a manifestação de Espíritos, que podem ser de todos os tipos morais; sobre a mediunidade natural de todos os humanos e sobre a sintonia por semelhança de pensamentos. E claro, ensinar que a evocação dessa forma, trás qualquer um que esteja disposto e possa se manifestar, usando dos recursos fluídicos dos evocadores. E esse pode gostar das companhias e estebelecer vínculos, no geral indesejáveis. É o mesmo que por qualquer pessoa dentro da nossa casa, sem saber quem é.
A questão não se conclui no medo e sim no bom senso, que sempre predomina, mesmo entre os mais novos, quando a lógica, a razão e as opções são a base dos que lhes dizemos.
Antigamente o modismo era o copo… E muita gente boa a experimentou!
E se for muito significativo ver uma manifestação mediúnica, que se leve essa criança ou jovem a um local onde um médium equilibrado se manifeste, para que a curiosidade seja satisfeita de maneira correta.
Hoje se esconde muito a mediunidade e isso não tem nada de natural e nem educacional. O contato, a observação e a possibilidade de dialogar com os Espíritos, estabelece a naturalidade dessa capacitação humana que não tem nada de sobrenatural e nem de misteriosa. Está é faltando conhecer, contatar e experimentar.
Cada vez mais veremos uma nova etapa de “explosão” da mediunidade, em nossa sociedade, basicamente entre os bem jovens. E faremos o quê? Vamos nublá-los com medos, preconceitos, ideias equivocadas e conceitos ultrapassados? Ou vamos dar-lhes condições de “abrirem suas asas e voarem em liberdade”, com alegria de viver, conhecendo e administrando sua potencialidade mediúnica, com honra de tê-la e com a dignidade de quem se sabe um Espírito em evolução, pleno de valores e de necessidades de desenvolver outras qualidades e muito mais força interior?