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Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira

Autor: Ivan da Luz

Ouvia ontem a música Quase Sem Querer da Legião Urbana.

Fazia tanto tempo que eu não ouvia aquela música. Quando eu era adolescente, pensava que não existia melhor grupo de música no mundo. Lembrei de algumas situações pessoais.

Um verso desta canção que gosto muito é “mentir para si mesmo é sempre a pior mentira”, porque sei que o preço que se paga para manter uma máscara é dolorosíssimo.

Além do mais, é preciso que nos esforcemos para reparar as atitudes desonestas que tivemos contra nós mesmos. Quantas vezes somos capazes de negar certas emoções que pulsam em nossa intimidade? Seria saudável desprezar o que sentimos?

No dizer de Hammed*, a reparação é o ato de compensar ou ressarcir prejuízos que causamos, não apenas aos outros, mas também a nós próprios, através de posturas inadequadas. Quando não nos amamos. Ou seja, abrir mão de nossos sentimentos para agradar alguém somente para receber a aprovação e consideração dos outros, fará com que mantenhamos mais firme as máscaras [de bonzinho / legal] que carregamos.

Nós temos o direito de viver em conformidade com as nossas emoções, em sermos honestos conosco mesmos. Isso ajuda no processo de auto-reconhecimento e descobrimento do mundo interior.

Agir de modo contrário, em desacordo com aquilo que acreditamos ou sentimos irá nos afastar de nossa capacidade de sentir a vida em sua realidade.

Daí a questão: como reparar faltas se não entendo meus sentimentos?

É preciso que aceitemos nossas emoções e saibamos conviver bem com elas. Uma emoção não é, em si, um ato. Sentir é diferente de agir. Sentir raiva é diferente de ser violento. Sentir afeto é diferente de ser afetuoso, dar carinho.

Ou seja, conviver bem com o que sentimos é aprender a discernir qual posição tomaremos diante das diversas emoções que experimentamos e não censurá-las por senti-las.

Daí a importância de aprender a conviver com as nossas emoções. Nosso comportamento, nossa capacidade de tomar atitudes é que deve controlar nossas emoções, não o contrário, se não me permito sentir, como manterei as minhas emoções sob controle?

Reprimir-me não é o caminho para que eu tenha o real entendimento do que e como estou fazendo as coisas em minha vida. É preciso coragem e disposição para admitir o que sentimos. É preciso analisar sempre o nosso comportamento, de forma frequente e efetiva. Assim, pode mos, com a calma necessária, identificar os atos incorretos que vivenciamos, associando-os aos sentimentos que os originaram e, a partir daí, reeducá-los.

No dizer de Hammed: reparar as faltas que praticamos contra nós mesmos e contra os outros é a fórmula feliz para evitar o sofrimento.

Decidir ser quem sou e de como quero viver não significa viver infeliz por ainda não conseguir ser quem eu gostaria, mas contente se puder perceber que posso mudar para melhor.

Passamos ainda muito tempo olhando os outros com censura, reprimindo-os, ferindo-os, sem qualquer consideração para com os seus desejos, limites e dificuldades, nos esquecemos de que nós também carregamos n’alma um monte de hábitos infelizes; Apontar falhas no outro parece sempre dar uma sensação falsa de que somos melhores que ele, e o engano é grande.

Também não podemos deixar o medo paralisar os planos de melhoria íntima. Deixar tudo como está para ver como é que fica nos impede de buscar o melhor e conseguir as mudanças que necessitamos.

A frase da música que destaquei nos convida a refletir que não devemos mais tentar achar desculpas para todas as nossas insatisfações. Há quem amaldiçoe sua sorte, mas o que temos de aprender é enxergar como grandes oportunidades as tribulações que a vida nos oferece, verdadeiros convites ao exercício de nossas potencialidades positivas, encarando a verdade de que, no fim das contas, será sempre cada um de nós que decidirá o tipo de vida que se quer levar.

É uma benção saber que podemos escolher nossos destino, caminhando em direção à ele e, através de ações concretas e pensadas, caminhar em direção a ele. Pensar que tudo já está escrito nas estrelas não condiz com a ideia que a doutrina espírita tem sobre a bondade e justiça divina. Por isso, não devemos ficar presos a um passado que já acabou, onde nada mais há o que fazer; e sim desfrutar ao máximo do que já possuo, multiplicando o esforço para a obtenção de novas conquistas, e não viver num clima de ansiedade e desgosto por não ser ou possuir tudo o que eu gostaria de ser e ter.

É preciso que tomemos atitudes acreditando em nossas próprias forças, espelhando-se naqueles que já lutaram e conquistaram aquilo que eu ainda não tenho em mim.

Para tanto, a análise de nosso comportamento é importante para estabelecermos se o que me falta (ou acho que falta) é mesmo necessário. A escolha é sempre minha, mas ponderação ao decidir é muito importante, pois cada um de nós irá carregar sozinho o peso das escolhas que fizermos.

*Hammed é um espírito desencarnado, trabalhando, com psicografia, ao lado de Francisco do Espírito Santo Neto, resultando em livros maravilhosos.

Fala MEU! Edição 70, ano 2008

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