Autora: Martha Rios
No ano de 1862, Allan Kardec, empreendeu uma viagem pelos Centros Espíritas da Europa com o objetivo de saber como andavam as atividades desenvolvidas nos primeiros centros espíritas do mundo e, também, trocar experiências, oferecer subsídios e se confraternizar com os adeptos da nova doutrina. Tal iniciativa resultou na magnífica obra intitulada “Viagem Espírita em 1862”. Entre tantas informações fornecidas pelo Codificador nessa viagem, uma chama muito a atenção, por tratar-se da primeira observação sobre a importância do Espiritismo para as crianças. Eis suas palavras: “É notável verificar que as crianças educadas nos princípios espíritas adquirem uma capacidade de raciocinar precoce, que as torna infinitamente mais fáceis de serem conduzidas”.
Não contente com essa afirmativa tão esclarecedora, Kardec publica em sua Revista Espírita, na edição de novembro de 1862, o seguinte discurso, feito por Joseph Sab, de 5 anos: “Sr. Allan Kardec: permiti que a mais jovem de vossas crianças espíritas venha hoje, dia para sempre gravado em nossos corações, exprimir-vos a alegria causada por vossa vinda ao nosso meio. Ainda estou na infância; mas meu pai já me ensinou que os Espíritos se manifestam a nós; a docilidade com que devemos seguir seus conselhos; as penas e recompensas que lhe são outorgadas. E, em alguns anos, se Deus o julgar certo, também quero, sob os vossos auspícios, tornar-me um digno e fervoroso apóstolo do Espiritismo, sempre submisso ao vosso saber e vossa experiência. Em troca destas poucas palavras, ditadas por meu pequeno coração, conceder-me-eis um beijo, que não ouso pedir?
Como podemos perceber, Allan Kardec, um dos mais extraordinários pedagogos de todos os tempos, desde o início do Espiritismo, procurou conscientizar os espíritas sobre os efeitos benéficos que os ensinamentos doutrinários exercem sobre o espírito reencarnante, especialmente em seus primeiros anos de vida. Outros espíritas inquestionáveis também não perdem a oportunidade de abordar o tema, esclarecendo pais, dirigentes e educadores da infância sobre a necessidade de manter um trabalho eficaz junto aos pequeninos.
Emmanuel, no livro “O Consolador”, afirma que “o período infantil é o mais sério e o mais propício assimilação dos princípios educativos. Passada a época infantil, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais difíceis com a integração do espírito em seu mundo orgânico material, e, atingida a maioridade, se a educação não se houver feito, então só o processo violento das provas rudes no mundo, pode renovar“.
Ambas as afirmações são muito fortes e claras, demonstrando o empenho que a Casa Espírita deve ter para que a atividade de Infância Espírita seja um dos principais objetivos de todas as sociedades. Nesse contexto, o Educador Espírita da Infância tem um papel essencial para que as crianças sejam bem recebidas e o Espiritismo possa ser corretamente assimilado por elas. A tarefa não é fácil, afinal, há muitos obstáculos, entre eles falta de trabalhadores, espaço físico inadequado e desinteresse dos pais pela tarefa. Contudo, a experiência nos prova que todas essas dificuldades podem ser superadas desde que o trabalhador tenha disposição para tal.
A receita é simples: trabalho, responsabilidade, dedicação, entusiasmo e, acima de tudo, muito amor e a certeza de que esse trabalho é importante na formação de homens de bem. Diante de tudo o que foi aqui exposto, é fácil perceber que o Educador Espírita da Infância deve ser, antes de tudo, um missionário incansável, um verdadeiro porta voz da Boa Nova à que, certamente, produzirá seres humanos mais conscientes e capacitados a viver e transformar a sociedade em que vivemos.
Nesse ponto, vale a pena lembrar que, assim como faltam colaboradores para atuar na área de Infância, o jovem anseia por espaço para atuar nas instituições espíritas. Assim sendo, ouso deixar uma sugestão aos membros de mocidades espíritas: abracem a tarefa de educar as crianças luz do Espiritismo. Com certeza todos sairão ganhando.