Autor: Marçal Gouveia
O ano de 2006 promete! Copa do Mundo, Big Brother, Carnaval, Eleições, entre outras coisas. Esse ano, também começa bem agitado para todos os irmãos que se entregam ao estudo, vivência e divulgação do “ideário espírita”. Podemos até destacar algumas dessas atividades: (Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo) COMJESP; (Confraternização de Mocidades Espíritas da Capital) COMECAP; Semanas dos Jovens Espíritas; indicação dos novos representantes e diretores de departamentos da USE (União das Sociedades Espíritas); a continuidade no processo de integração entre os órgãos de unificação espírita. E nesse turbilhão de acontecimentos, não poderíamos deixar de citar as células motrizes de todo esse trabalho que são as Casas Espíritas e respectivamente, em algumas dessas casas, os grupos de Evangelização e Mocidade Espírita.
Ao iniciarmos as discussões sobre as propostas dos trabalhos de mocidade para este ano, notamos uma grande procura dos Centros Espíritas e de alguns grupos de jovens iniciantes em suas atividades sobre orientações de como implantar e conduzir os estudos da Mocidade Espírita.
O tema é amplo e complexo. Contudo, no mês de Janeiro, recebemos um e-mail muito especial que pode direcionar, pelo menos a princípio, esse nosso bate papo. Digo isso porque, as reflexões geradas a partir dele, nos coloca à frente de uma questão que há muito tempo estava guardada em alguma gaveta de nosso íntimo coletivo (quando falo nosso, quero dizer dirigentes e participantes de mocidades). Não sei se a Déa lá de “Taboão da Serra” irá deixar que o FM publique esse e-mail, por isso decidi publicar e pedir pra ela depois (ah! Um grande abraço para o pessoal da “Casinha” – Casa de Oração “Amor em Cristo”). Em resumo, ela pergunta: “para que serve a Mocidade Espírita?”.
Ora! A mocidade serve para um montão de coisas. Mas que coisas são essas, afinal de contas? Estudar o Evangelho? Fazer novas amizades? Point de paqueras?
Vou dar algum tempo para vocês pensarem, mas enquanto isso aproveito para transcrever um trecho do livro: “ O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo”, elaborado por Allan Kardec:
Um Ateu
O Sr. M.J.B.D. era um homem instruído, porém em extremo saturado de ideias materialistas, não acreditando em Deus nem na existência da alma. A pedido de um parente, foi evocado na Sociedade Espírita de Paris, dois anos depois de desencarnado.
- Evocação
Resposta: Sofro. Sou um réprobo. - Fomos levados a evocarvos em nome de parentes que, como parentes, desejam saber da vossa sorte. Podeis dizer-nos se esta nossa evocação vos é penosa ou agradável?
Resposta: Penosa. - A vossa morte foi voluntária?
Resposta: Sim. - Tende calma, que nós todos pediremos a Deus por vós.
Resposta: Sou forçado a crer nesse Deus. - Que motivo poderia tervos levado ao suicídio?
Resposta: O tédio de uma vida sem esperança.
Considerando esse diálogo, podemos começar a atribuir à Mocidade Espírita um papel um pouco mais profundo do que o que habitualmente levamos em consideração.
“O tédio de uma vida sem esperança” tem conduzido milhares de pessoas a atos extremos tais como o suicídio e a violência contra si e contra o seu próximo. É aquele “vazio no peito”, tão cantado pela juventude, que acaba empurrando tantos deles para a degradação das drogas e das prostituições de quaisquer espécies.
A Mocidade Espírita, quando compromissada e bem conduzida, pode constituir um precioso antídoto para todo esse mau. Quando interagimos, nos ambientes propiciados pelas atividades de mocidade, passamos a olhar para a vida, com um pouco mais de conhecimento das Leis Divinas e isso nos proporciona um aumento da fé em Deus. As pequenas coisas que acontecem, deixam de ser “tediosas e sem esperanças”, e ganham um significado especial. E para aqueles que duvidam dessa função da mocidade, aproveito para citar uma das falas do Secretário do Departamento de Doutrina, Joelson Fábio Pessoa, em uma reunião que visava discutir a importância dos trabalhos de mocidade e evangelização infantil nos Centros Espíritas: “ – Muitos dos trabalhos de desobsessão e curas espirituais dos Centros Espíritas ocorrem dentro das reuniões da mocidade”.
Então, para que serve a Mocidade Espírita?
Serve para apontar à juventude que sua vida não precisa ser “tediosa e sem esperança”, mas sim, rica em experiências reais, que utiliza todas as oportunidades de nosso dia-a-dia para nos trazer aprendizado. Serve para mostrar que não importa se o Brasil é o campeão ou não de uma Copa, mas que a história de superação dos jogadores pode motivar muito mais alguns jovens do que uma palestra do Divaldo Pereira Franco. Serve para que pensemos muitas vezes antes de
condenar as banalidades de um Big Brother, sendo que diversas vezes agimos de maneira hedionda com aqueles que nos são mais próximos. Serve para entender que o Carnaval pode servir como fonte de conscientização e resgate da cultura popular, ao invés de consagrar, ano após ano, os rituais de sexualidade e alcoolismo desenfreados. Serve para provar que o cidadão que menospreza o poder do seu voto é corresponsável pelo quadro de corrupção política e moral que assola o país. E serve, sobretudo, para dizer ao jovem que ele é um ser especial da “criação divina”, que tem uma tarefa a cumprir nesta vida e que Deus irá auxilia-lo, por intermédio da espiritualidade, na execução dessa tarefa.
Muita força aos obreiros das mocidades!