Autor: Luiz Eduardo de Freitas Mourão
Certamente a maioria de nós já teve a oportunidade de apreciar cantores/cantoras/coros/músicos se apresentando nas varandas/sacadas de residências, desde o início do confinamento recomendado pelas autoridades sanitárias.
Aparentemente, o “marco zero” ocorreu em um conjunto residencial em Salerno, cidade italiana próxima de Nápoles.
No Brasil, os exemplos foram numerosos e, para “reduzir a amostragem”, citaremos o caso de João Filho (49 anos) que passou a tocar músicas com seu saxofone, todo dia às 18h, no bairro onde mora na cidade de Águas Claras/DF. Inicialmente sem entender o que estava acontecendo, os vizinhos começaram a cumprir, elevados, este compromisso musical, diariamente, nas sacadas de seus prédios.
Segundo o site sonoticiaboa.com.br, a relação de João com o saxofone começou depois de uma depressão, entre 2006 e 2008, quando ainda trabalhava como bombeiro militar em Brasília. “Além dos remédios, o psiquiatra sugeriu que eu fizesse música para ajudar no tratamento, foi quando comecei as aulas de saxofone”, contou ele na matéria. A ideia fez bem para ele e também para outras pessoas: há 10 anos, João usa a música para aliviar a tensão de pacientes e profissionais da saúde. Ele toca em hospitais do Distrito Federal.
Será que a Doutrina Espírita pode, também nesse tema, nos ajudar? Sem dúvida! E temos, ainda, mais uma chance de agradecer ao Codificador pela abrangência de suas perguntas aos Espíritos. Vejamos a 251 de O Livro dos Espíritos [1]: “São sensíveis à música os Espíritos?” Na resposta, Kardec recebeu dois outros questionamentos. “Aludes à música terrena? Que é ela comparada à música celeste?”
Fica claro, no prosseguimento da resposta, que o Espírito fez questão de ressaltar a qualidade da música celeste (“refiro-me à música celeste, que é tudo o que de mais belo e delicado pode a imaginação espiritual conceber”), sem deixar de reconhecer a importância da melodia para nós, encarnados. (“Espíritos vulgares podem experimentar certo prazer em ouvir a vossa música, por lhes não ser dado ainda compreenderem outra mais sublime.”)
E concluiu: “a música possui infinitos encantos para os Espíritos, por terem eles muito desenvolvidas as qualidades sensitivas”.
Ratificando a clareza desta resposta (como se fosse necessário…), podemos ainda trazer a contribuição do célebre compositor italiano Rossini, no tópico A música espírita (duas comunicações recebidas por médiuns diferentes na Sociedade Espírita de Paris) do livro Obras Póstumas [2]:
“O grande maestro Rossini, o criador de tantas obras-primas segundo os homens, nada mais fez, ah! do que debulhar algumas das pérolas menos perfeitas do escrínio musical criado pelo Mestre dos mestres. Rossini reuniu notas, compôs melodias, bebeu da taça que contém todas as harmonias, roubou algumas centelhas ao fogo sagrado, mas esse fogo sagrado nem ele, nem outros o criaram! Nada inventamos: copiamos do grande livro da Natureza e a multidão aplaude, quando não apresentamos por demais deformada a partitura”.
E o Espírito conclui, respondendo à questão que propusemos:
“Oh! sim, o Espiritismo terá influência sobre a música! Como poderia não ser assim? Seu advento transformará a arte, depurando-a. Sua origem é divina, sua força o levará a toda parte onde haja homens para amar, para elevar-se e para compreender. Ele se tornará o ideal e o objetivo dos artistas. Pintores, escultores, compositores, poetas irão buscar nele suas inspirações e ele lhas fornecerá, porque é rico, é inesgotável”.
Por ora, amigos, temos a melodia que nos deslumbra. É o que pode ser por agora…
Enquanto ainda não vivenciamos a harmonia celeste, já podemos nos inebriar com o amor emanado das ações musicais relatadas no início deste texto.
Faz parte do trabalho na messe do Senhor.
Referências
[1] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos – Ed. FEB.
[2] Kardec, Allan. Obras Póstumas – Ed. FEB.
O consolador – Artigos
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