Autor: Casimiro Cunha (espírito)
*
Quando parti deste mundo
Em busca da Imensidade,
A alma ansiosa da Verdade,
Do azul imenso dos céus,
Fugi do pesar profundo,
Lamentando os sofrimentos,
As mágoas, os desalentos,
Confiado no amor de Deus.
*
Mal, porém, abrira os olhos
Em meio de luzes puras,
Nas radiantes alturas,
Em célico resplendor,
Compreendi que os abrolhos
Que a Terra me oferecera,
Eram mesmo a primavera
Do meu sonho todo em flor.
*
Disseram-me então: – “Ó crente
Que chegais a estas plagas,
Fugindo das grandes vagas
Do mar revolto das lutas,
Aportai serenamente
Nesta estância do Senhor,
Pois aqui existe o amor
Nestas almas impolutas!
*
Aqui existe a pureza,
A meiga flor da Bondade,
O aroma da Caridade
Perfumando os corações;
Não se conhece a torpeza
Da lâmina – hipocrisia,
Que mata toda a alegria,
Provocando maldições.
*
Aqueles que já sofreram
No dever nobilitante,
Cujo peito sempre amante
Só conheceu dissabores;
Aqueles que conheceram
As feridas dolorosas,
Dessas mágoas escabrosas
De um triste mundo de dores,
*
Encontram nestas moradas
Tão formosas, resplendentes,
Os clarões resplandecentes
De afetos imorredouros!
As almas imaculadas
São flores das boas-vindas,
Luminosas, sempre lindas,
Ofertando-lhes tesouros:
*
Os tesouros peregrinos,
Formados de amor e luz
Do Mestre Amado – Jesus,
Arauto do Onipotente;
Os reflexos divinos
Quais lírios iluminados,
Alvos, belos, deificados,
Penetrarão sua mente.
*
Acordai, pois, ó vivente,
Contemplai-vos nesta vida,
Que vossa alma ensandecida
Procure a luz que avigora.
O Senhor sempre clemente,
Concede-vos neste instante
A bênção dulcificante
Do seu amor – doce aurora.
*
Sacudi o pó da estrada
Que trilhastes na amargura,
Pois agora na ventura
Fruireis consolações;
Nesta esfera iluminada,
Que aportais neste momento,
Não vereis o sofrimento
Retalhando os corações.
Nota
A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo
Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo