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Nas sombras

Autor: Augusto dos Anjos (espírito)

*

Bombardeios. Canhões. Trevas. Muralhas.

E rasteja o dragão horrendo e informe,

Espalhando a miséria e o luto enorme

Em miserabilíssimas batalhas.

*

Visões apocalípticas do mal,

Desenhadas por corvos vagabundos,

Gritam a dor de povos moribundos

Na sinistra hecatombe universal.

*

A civilização do desconforto,

De mentira e veneno cerebrais,

Vai carpindo nos tristes funerais

Do seu fausto de sombra, amargo e morto.

*

Quadros de sangue, lágrimas e horrores

Avassalam de dor o mundo inteiro,

É o triunfo terrível do coveiro,

Ossuários tremendos sob as flores.

*

Enquanto a desventura chora inerme,

O homem, filosófico ou sem nome,

Morre de frio e fel, de sede e fome,

Nas vitórias fantásticas do verme.

*

Ai de vós nos abismos da aflição,

Sem o raio de luz da crença amiga:

Desventurado aquele que prossiga

Sem o Cristo de Amor no coração.

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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