Autor: Marcus De Mario
Nem só de aula vive o aluno, assim como não vive apenas de realizar e apresentar dever de casa; nem só de provas, testes e notas vive o aluno, assim como não vive apenas de apostilas e livros didáticos. O aluno, seja ele criança ou jovem é, antes de tudo, um ser pensante e emocional, criativo e espontâneo; é um ser humano em crescimento, em desenvolvimento, que deve ter sua autonomia respeitada.
Nem todo professor pensa assim. Na verdade muitos professores imaginam que o aluno é um robô movido a inteligência artificial, pré programado para receber informações e mais informações, e dar conta se memorizou tudo direitinho. Se o aluno pergunta “porquê”, deve estar com defeito. Aluno bom é o que não atrapalha a burocracia didática e metodológica seguida pelo professor e pela escola.
Existe flagrante contradição entre as pesquisas pedagógicas e psicológicas sobre o desenvolvimento das crianças e dos jovens, e o que se faz na escola, na famosa sala de aula, onde essas pesquisas muitas vezes não são colocadas em prática: continua a vigorar o velho sistema da sala com alunos enfileirados em carteiras, seguindo uma apostila do sistema de ensino ou um livro didático indicado pelo professor, que continua a ensinar, ensinar, ensinar, e os alunos continuam a tentar aprender.
Embora existam exceções, e como é bom que elas existam e mostrem que é possível, com muito bom resultado, fazer diferente, o fato é que boa parte das escolas públicas e particulares continuam estruturadas no velho sistema formatado no século dezenove, tendo à frente professores que pensam como se pensava no século vinte (alguns talvez estejam também no século dezenove).
Para não dizerem que estamos inventando ou exagerando, temos o fato verídico daquele professor que formatou apostilas sobre sua disciplina curricular, uma para cada ano em que lecionava no ensino fundamental, e fazia uso desse material apostilado há exatos vinte anos, sem mudar uma única vírgula.
Ainda temos escolas que exigem dos alunos o uso de uniforme onde consta o apetrecho da gravata; onde as turmas se enfileiram para serem conduzidas como gado para suas respectivas salas de aula, currais onde quem manda é o professor; onde as aulas têm cinquenta minutos de duração, embora ninguém saiba por que, e assim por diante.
E o que dizer da professora do ensino médio que trabalha em escola pública, e vive mais da venda de bijuterias, perfumes e roupas às suas colegas e às mães dos alunos, do que de exercer sua função?
O desrespeito ao ser humano é muito grande na escola.
Chega-se ao ponto de alguns professores dizerem que “não esquentam mais a cabeça”; “aprende quem quiser aprender”; “o negócio é obedecer ao que a secretaria de educação determina e ponto final”; “fazer o quê, se a direção da escola não dá espaço?”. Chuta-se o balde, literalmente, e, ano após ano, tudo continua na mesma.
Voltando ao aluno, reafirmamos: ele é um ser humano (aliás, o professor também é um ser humano). Com essa constatação, podemos afirmar que a escola é um conjunto de pessoas que desenvolvem a educação uns dos outros; se bem que existem pessoas que acreditam que a escola seja o prédio físico, o currículo, a metodologia, a aula…
Repetindo, para melhor fixar nossa visão:
Nem só de aula vive o aluno, assim como não vive apenas de realizar e apresentar dever de casa; nem só de provas, testes e notas vive o aluno, assim como não vive apenas de apostilas e livros didáticos. O aluno, seja ele criança ou jovem é, antes de tudo, um ser pensante e emocional, criativo e espontâneo; é um ser humano em crescimento, em desenvolvimento, que deve ter sua autonomia respeitada.