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Nesga de céu

Autor: Um desconhecido (espírito)

*

A alma extasiada

Sobe… sobe…

Há toda uma amplidão Iluminada

A sua vida…

*

A estrada

É uma etérea alfombra

Sem resquícios de sombra!

É o domínio da luz que ela conquista!

*

Vibra no ar

Dulcíssima harmonia,

Como se fora feita

De luar,

De alegria…

De alegria perfeita.

*

Parece um hino de amor

Dos Paganinis siderais,

A ventura, o fulgor,

Transformados em notas musicais.

*

Além, fulguram sóis;

Em tudo há um misto

Nunca visto

De manhãs e arrebóis.

*

Aos clarões dessa aurora,

A alma chora

Em êxtase profundo.

*

E lembra-se que sofreu,

Que amou, que padeceu.

*

Ao longe, muito ao longe,

O mundo

É um ponto negro que gira…

*

Ainda além, mais além,

A Via-Láctea transluz,

Como um éden de luz

E de amor.

*

Nesgas do céu, imagens de esplendor,

Cenários majestosos,

Soberbas harmonias

Nos mundos luminosos!

*

Seres que passam rápidos, flutuantes,

Sorridentes, radiantes,

Nos espaços sem termos, onde a vida

É a imortalidade

Anelada, querida,

De pureza, de beleza,

De perfeição e de felicidade!

Em baixo as vastidões,

Em cima, as emoções

Do ilimitado.

*

Atrás a noite e as mágoas de agonia

Do passado;

E, em frente,

Um futuro esplendente

Pintalgado de rosas,

Da mais pura alegria.

*

Feito de éter, de sonho,

O caminho é risonho,

Recamado de flores perfumosas.

*

Melodia, luz, aroma!…

De repente

Numa nesga de céu resplandecente

Assoma

Uma rutila esfera,

Como um país de doce primavera,

Intérmina de gozos!…

A alma se extasia

Na luz do Eterno Dia.

Com os pensamentos puros e radiosos,

Ora a Deus:

*

Recorda em prece os sofrimentos seus,

Evoca as lágrimas vertidas!

Contempla panoramas de outras vidas,

Vidas de estranha dor…

*

Mas cada gota amarga dos seus prantos

Agora

É um raio de aurora,

Que um a um

Vão formando uma auréola

De brilhos santos,

Que a engrinalda de luz.

*

Em suavíssima unção,

A pobre alma orando,

Chorando,

Nessa prece

Reconhece

A alvorada de sua redenção!

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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