Autora: Marta (espírito)
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O templo da morte tem portas incontáveis,
Como incontáveis são as almas humanas,
E infinitos seus estados de consciência.
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Pela porta escura do remorso,
Um dia penetrou os seus umbrais
Uma alma que regressava da Terra.
Lá dentro,
Em nome do Senhor de todos os latifúndios do Universo,
Pontificava o Anjo da Justiça.
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“Anjo Bom! – disse-lhe a alma súplice –
Eu tenho a minhalma coberta de feridas cancerosas!
Cura-me as chagas purulentas do remorso…
Tenho os meus olhos vendados
E uma treva incomensurável na consciência!
Apaga os meus atrozes padeceres!.. .“
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“Filha – respondeu compassivo –,
Para sanar tão estranhas feridas,
Tão amargos pesares,
Só há um recurso:
Volta à Terra!
Lá existe o Regato das Lágrimas,
Banha-te nas suas águas cristalinas;
Elas serão o teu bálsamo consolador
E curarão a tua cegueira…
Estás na escuridão absoluta
Pela ausência da luz, do bem na tua alma!
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Mas o Anjo da Dor irá contigo;
Ele há de te guiar através das sirtes
do mar encapelado dos sofrimentos,
E te conduzirá ao lugar bendito
onde existem as lágrimas salvadoras!…”
E a pobre regressou…
Conduzida pela Dor,
Banhou-se na água lustral dos tormentos,
Submergiu-se no regato encantado,
de cuja fonte límpida promana a Salvação.
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E depois de haver percorrido
Tão tortuosos caminhos,
Inçados de perigos
E de dores amargas,
Reconheceu o luminoso Anjo da Dor…
E nos seus braços magnânimos e compassivos,
Penetrou no templo misterioso da morte
Pela porta maravilhosa da Redenção.
Nota
A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo
Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo