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O abismo e a estrela

Teatro da Mocidade Espírita da Sociedade Espírita Renovação, apresentado em 30 de setembro e 1º de outubro de 1994, em comemoração aos 10 anos de fundação da Instituição, no Centro Espírita Ildefonso Correia, em Curitiba e, posteriormente, em 16 de dezembro de 1994, no Centro de Estudos Espíritas Francisco de Assis, também em Curitiba.

Estrutura

  1. Cena – O quarto escuro
  2. Cena – A fonte
  3. Cena – Ainda é noite…
  4. Cena – A última festa
  5. Cena – O esperado encontro
  6. Cena – Na madrugada…
  7. Cena – Suave mensagem
  8. Cena – O passado volta
  9. Cena – Glaucus
  10. Cena – Encontro de reparação
  11. Cena – Final

Cena 1 – O quarto escuro

MÍRIAN ( EXCLAMA)
-Deus ! Quanta dor!…

(Luz sobre leito. Mírian, sentada, cabeça entre as mãos)

MÍRIAN
Deus! Quanta dor… Nem lágrimas tenho mais para chorar! Há quanto tempo elas secaram?

Quantas horas?… Quantas horas se passaram?

Não sei… não saberia dizer… Lá fora, ainda é noite… lá fora faz frio, muito frio… o frio da morte…

Jerusalém, Jerusalém… quanto tempo ainda preciso aguardar o dia? (pausa)

Noite … dor… sofrimento…

Quantos já passaram pela minha vida? Quantas noites de angústia?… de dores e sofrimentos?…

Não sei… não saberia dizer…

Sei apenas das marcas que estas dores deixaram. Profundas, amargas, que foram secando a minha vida, assim como o sol ao deserto…. secando todos os dias em mim, as esperanças e as alegrias.

Assim é o deserto! Monótono, inóspito, enfadonho …

Enfado… enfado da vida. Este era o meu estado d’alma há poucos meses, e, ao mesmo tempo há uma eternidade.

Eu conheci todos os prazeres! Possuí tudo… tudo o que a ambição e a vaidade dizem trazer felicidade… tudo o que o dinheiro pode comprar.

Venci os pudores de minha raça… Fui requisitada por homens poderosos!

Rica! Fui muito rica… e fui só e atormentada.

Todos diziam que os demônios viviam comigo, e eu temia que isso fosse verdade.

Quantas vezes pensei ouvir vozes a rirem de mim e das minhas desgraças e tormentos.

Sede… no deserto sente-se muita sede.

Sede de paz, sede de amor…

(Vai até a bilha e serve-se de água. Leva o copo à boca mas não bebe)

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Cena 2 – A fonte

(Apaga-se a luz sobre o 1.º cenário. 2.º cenário: Peregrinos e servas em cena congelada. Mírian em trajes de festa entre as servas. BG Cavalos, multidão, água da fonte. Volta movimento.)

RECORDAÇÃO
Que coisa aborrecida! As mesmas pessoas, as mesmas conversas, os mesmos galanteios!

Nada de diferente e excitante acontecendo!

Tanto trabalho para deslocar-me de Magdala, para quê?

Tudo tão aborrecido… e mais este calor…

(Virando-se para a Serva Ast)

Vamos Ast, anda… Traz-me água!

(As servas Ast e Marza dirigem-se para a fonte, cochichando)

AST
Ela está assim desde a partida do nobre romano… cada vez mais enlouquecida…

MARZA
Eu não entendo, Ast. Se era para ficar aborrecida, por que, então, dispensar as atenções de tão jovem e poderoso cliente?

Viste  quantos presentes? Jóias, sedas e o riquíssimo perfume de nardo entre outros tantos mimos… Ah, se fosse comigo!…

AST
Não há o que entender, Marza! É como eu disse, cada vez mais enlouquecida…

Levemos a água sem demora ou então…  já sabes:… Gritos, gritos e mais gritos…

(Risos. Caminham em direção à fonte, quando deparam-se com um homem, que lhes estende as mãos, pedindo ajuda. )

PEREGRINO
Ajuda-me!

AST
Ai!… não te aproximes.

MARZA
Fujamos…Vê, Ast, é um imundo…

(Correm em direção a Mírian)

MARZA
Senhora! Fujamos! Um doente miserável quer atacar-nos…

LAILA
É verdade, Senhora! Vê! As marcas da lepra… quanta ousadia! Nem toca o sino para alertar-nos!

Fujamos, Senhora, e avisemos a guarda…

PEREGRINO
Ajuda-me!

RECORDAÇÃO
Onde está a minha água? Já disse: Tenho sede!

LAILA
Mas, Senhora, o imundo…

RECORDAÇÃO ( ENFADADA)
Há muita imundície no mundo, Laila, que passa escondida de teu olhar… Muitas estão cobertas de linho e seda. Dessa sim, tu…

(Apontando para as demais)

Todas deveriam ter medo… Dá-me a taça. Eu mesma irei à fonte.

(As servas escondem-se, observando, de longe, a cena entre Mírian e o Peregrino)

LAILA
Louca!

AST
Endemoniada!

MARZA
Só diz coisas sem nexo…

RECORDAÇÃO
Homem, sai do meu caminho, pois tenho sede e preciso ir à fonte.

PEREGRINO
Nobre senhora! Ajuda-me!

Também tenho sede e busco uma fonte sublime para aplacá-la.

RECORDAÇÃO
Pois bebe tua água e deixa-me em paz.

PEREGRINO
É de paz que também necessito… Ouve senhora, minha triste história!

Hoje, não possuo nome, nem lar… e as pessoas me rejeitam…

Mas, há muito pouco tempo, meses apenas, eu era um rico mercador. Minhas caravanas comercializavam os mais cobiçados tesouros pelas rotas do Oriente.

Um dia, que para mim tornou-se inesquecível, descobri a primeira mancha a marcar-me a pele. Depois outra e mais outra… E eu, que era poderoso, tornei-me repulsivo e indesejável para a própria família, que, temendo perder dinheiro, expulsou-me do próprio lar…

RECORDAÇÃO
É muito triste tua história, mas …

PEREGRINO
Ouve-me um pouco mais… és judia, e deves saber que teu povo há muito espera a vinda da grande luz, o Messias…

RECORDAÇÃO
Sim, são conhecidas as tradições de que um dia Ele virá…

Mas, são profecias, e nesta terra muitas são as profecias e os profetas.

Nada disso me interessa e…

PEREGRINO (INTERROMPENDO)
Um dia, em minhas grandes dores, queimando de febre, faminto e enlouquecido, retornei ao lar, disposto a matar os filhos ingratos e depois matar-me…

A doença venceu-me, porém… Desmaiei e fui recolhido, do meio da rua quase morto. A família que me socorreu, tratou-me o corpo e a alma, com o carinho do mais fraterno dos irmãos…

RECORDAÇÃO ( ENFADADA)
Sei, como disse, é tudo muito triste…

PEREGRINO
Pois, foi essa família que me falou pela primeira vez sobre o Rabi da Galiléia, de Suas palavras e de Seus feitos. Ele é Aquele por quem todos esperavam…

RECORDAÇÃO
Ilusões… ilusões. Como eu disse, uma terra de muitos profetas.

PEREGRINO
Auxilia-me, Senhora. Preciso agarrar-me a essa esperança. O muito de que preciso é pouco para tão rica dama. Dá-me das migalhas de tua bolsa para que eu possa ir ao encontro da cura de minhas chagas.

(Recordação chama uma serva pedindo a bolsa)

RECORDAÇÃO
Que não se diga que fui usurária. Toma, leva tudo. De onde veio esta, muitas mais virão.

(Peregrino abre a bolsa, retira uma única moeda e devolve-a)

PEREGRINO
É tudo quanto necessito…

RECORDAÇÃO
Então, peço-te em troca uma coisa…

PEREGRINO
Pede, Senhora.

RECORDAÇÃO
Visita-me um dia, em Magdala, e conta-me se realmente esse Rabi foi tudo aquilo que tu esperavas. Será fácil achar-me… Lá, todos me conhecem…

Visita-me um dia… com certeza me divertirei muito contigo… e tua história…

PEREGRINO
Prometo-te mais, Senhora. Devolverei a soma que me deste e te darei um grande presente…

RECORDAÇÃO
Vai-te, homem, e deixa-me beber da água desta fonte, pois tenho muita sede…

(Apaga-se luz sobre a cena da recordação. Volta luz sobre a cama onde Mírian relembra.)

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Cena 3 – Ainda é noite…

(Luz sobre cenário da cena 1- Mírian bebe copo d’agua. Abre a cortina de uma janela para espiar a noite)

MÍRIAN
Ainda é noite…

Noite… noite… já fostes minha comparsa discreta, ocultando em tuas sombras meus erros e vergonhas…

Agora, tudo o que eu mais desejo é que te recolhas logo e que venha um novo dia…

Ainda é noite… tudo está adormecido. Como eu gostaria também de poder dormir e sonhar um sonho bom…

Não… não posso me deixar vencer… preciso vigiar a madrugada e esperar o dia…

(Despeja água da bilha em bacia. Lava as mãos e o rosto. Observa sua imagem refletida na água.)

MÍRIAN (PASSANDO A MÃO PELO ROSTO)
Como estou mudada… Não mais me preocupo em cultivar a beleza do corpo tão duramente.

Envelheci… Não só meu rosto diz-me tal coisa… Falam-me não só os olhos mas, principalmente, o coração…

Envelheci… Eu sei… procurei esconder a tristeza com os artifícios que as mulheres tão bem conhecem…

Trajes… jóias… perfumes… e, no entanto, nada abafava o desconforto de viver-se à margem da pureza…

(Volta a olhar-se no espelho d’agua)

MÍRIAN
O Sol e o deserto…

É, eu sei… considerava-me incapaz de sentir qualquer coisa… sentia-me incapaz de sofrer…

Morta… era como se eu estivesse morta…

(Apaga-se a luz)

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Cena 4 – A última festa

(Mírian das recordações prepara-se para a festa. Admira-se, olhando espelho de prata. Corre-corre das servas)

MARZA (ENQUANTO AJUDA MÍRIAN A ARRUMAR-SE)
Senhora! Já é noite…

Os servos apressam-se por acender os candelabros de ouro e prata e por espalhar as novas tapeçarias de Sidon e Tiro, pelos corredores e salões.

NÚBIA
Os músicos contratados ensaiam habilmente as cítaras, as flautas e os tímbales.

Vem ver, Senhora! Que linda voz tem a nova escrava e como são estranhas suas canções…

(Ast e Laila entram apressadas)

AST
Senhora, o luxuoso festim está pronto!

Espalhamos numerosas jarras de fina porcelana, com rosas, jacintos, dálias e jasmins, conforme as ordens, desde o átrio até o salão principal.

Descemos as cortinas de gaze das varandas e os incensos do Oriente já queimam nas piras, perfumando o ambiente.

LAILA
Está tudo pronto!

Vem senhora… é tempo…

Os sentinelas já deixaram entrar os “convidados” desta noite e as escravas os entretêm em salas separadas…

MARZA (CURIOSA)
Quantos são esta noite, Ast?

AST
Três. Um centurião romano, altivo e impaciente, um velho príncipe da Sinagoga e um Peregrino.

RECORDAÇÃO (MOSTRANDO ENFADO)
Algum presente que possa despertar interesse?

LAILA
O Peregrino carrega nas mãos uma caixa de ouro, toda decorada com pedras preciosas.

Coisa muito fina…

RECORDAÇÃO
Núbia, vai até ao “conviva”e traz-me o presente…

(Núbia sai apressada. Marza continua enfeitando a patroa. Núbia retorna. Deposita a caixa nas mãos de Mírian. Ela abre a caixa e retira de dentro uma única moeda de ouro. Servas riem-se e comentam espantadas)

MARZA
Que brincadeira é esta, Senhora!

LAILA
Dá-me a ordem, Senhora. Chamaremos os guardas e as sentinelas…..

NÚBIA (INTERROMPENDO LAILA)
…Expulsaremos daqui este abusado….

MÍRIAN DAS RECORDAÇÕES
Este Peregrino disse alguma coisa, Ast?

AST
Senhora, disse apenas isto: “Diz a Senhora Mírian que eu O encontrei!

MÍRIAN DAS RECORDAÇÕES
Laila, manda-o entrar…

(As servas se espantam)

RECORDAÇÃO
Vocês estão dispensadas…

(Servas retiram-se cochichando. Entra o Peregrino)

PEREGRINO
Auguri, generosa benfeitora ! Venho saldar minha dívida de gratidão para contigo, trazendo-te, conforme prometi, um presente…

RECORDAÇÃO
Então, és tu…

(Circula ao redor do Peregrino, observando-o)

RECORDAÇÃO
É realmente espantoso… Belos trajes, fisionomia serena e, pelo que vejo, nem sombra da antiga enfermidade….

PEREGRINO (EXULTANDO DE ALEGRIA)
Estou curado! E com o coração em paz…

RECORDAÇÃO
E, então, vieste ao meu encontro…

(Diálogo entre Mírian e o Peregrino. Mírian repete o que dizem as “sombras”)

PEREGRINO (CORTANDO E MUDANDO O RUMO DA CONVERSA)
Senhora, ouve-me!…

Ele veio, Aquele por quem todos esperavam… Aquele que cura os leprosos!

RECORDAÇÃO E 1ª SOMBRA
Elieser também curou!

PEREGRINO (SURPRESO COM A INDIFERENÇA)
Vi, com meus olhos, fazer andar os paralíticos!

RECORDAÇÃO E A 2ª SOMBRA
Na piscina de Betsaida os entrevados também recuperam os movimentos!

PEREGRINO
Ensina a lei!

RECORDAÇÃO E A 3ª SOMBRA
Os escribas e os fariseus também ensinam!!

PEREGRINO
Aplacou a tempestade no mar!

RECORDAÇÃO E A 4ª SOMBRA
Moisés também abriu caminho nas águas!

PEREGRINO
Multiplicou os pães!

RECORDAÇÃO E A 5ª SOMBRA
Nossos antepassados também comeram o maná do céu no deserto!

PEREGRINO
Escuta… que mais te hei de dizer? Ele é bom, é justo e anda om os humildes!

RECORDAÇÃO E A 6ª SOMBRA
Talvez seja um essênio…

RECORDAÇÃO E A 7ª SOMBRA
Talvez seja um profeta…

PEREGRINO
Ouve-me, Senhora… não são só Seus feitos, mas, muito mais pelo que diz.

Daquela boca vertem os mais puros ensinamentos…

“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis o descanso para vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

RECORDAÇÃO (INTERESSANDO-SE)
Ah! Disse tal coisa?

PEREGRINO (ENTUSIASMANDO-SE)
Senta-se à mesa dos publicanos, prefere a companhia dos pecadores e a eles refere-se dizendo: “…Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.”

RECORDAÇÃO
Se for verdade…

(Sacudindo a cabeça)

RECORDAÇÃO (ESTENDENDO AS MÃOS)
Não desejo pensar nisso agora… já que vieste aqui… aproveitemos a vida.

(Peregrino ajoelha-se, toma as mãos de Mirian)

PEREGRINO
Benfeitora, falo de um amor sublime como as estrelas…

RECORDAÇÃO (RI TRISTEMENTE)
Eu… desci ao fundo do abismo…

PEREGRINO
Com Ele tudo pode ser diferente, acredita… Ele veio… Aquele por quem todos esperavam…

RECORDAÇÃO
Se é assim, vai-te então… Agradeço-te a visita e as… novidades. Vai-te agora… preciso pensar.

PEREGRINO
Antes que eu me vá… Sei que o Rabi está nas proximidades. Pernoitará em Cafarnaum, na casa de Simão Pedro, o pescador…

Quem sabe… possas ir conhecê-Lo e atestar pessoalmente tudo o que te disse.

Beijo-te as mãos… jamais a esquecerei em minhas orações…

(Peregrino retira-se. Mírian chama as servas batendo duas palmas. Vai para a janela. Fica pensativa)

RECORDAÇÃO
Núbia, diminua as luzes e traze-me a capa…

Marza, volve ao vestíbulo e avisa ao centurião e ao representante do Sinédrio que hoje não receberei ninguém…

Ast, dispensa os músicos…

Laila, avisa aos sentinelas para fecharem os portões…

(Servas retiram-se cochichando.Núbia retorna com a capa. Diminuem-se as luzes.)

RECORDAÇÃO
Tenho algo importante a fazer, ainda esta noite…

(Apagam-se as luzes)

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Cena 5 – O esperado encontro

(Luz da Recordação apaga-se lentamente, ao mesmo tempo em que a da realidade de Mírian se acende.)

MÍRIAN
São tão compridas e lentas as horas mortas dentro da noite… O coração parece ter explodido de dor dentro do peito, e o mundo inteiro parece um só quarto escuro… Em cada canto espreita uma angústia vigilante… 

(Pausa)

MÍRIAN
Tudo está consumado…

(Fala enquanto caminha para o divã. Pega a capa e, enquanto recita a próxima fala, veste-a. Ajoelha-se perto do divã. Foco de luz no centro do palco)

MÍRIAN
Mataram-no! Mataram o Mestre. Ah! Raboni…

Tudo está perdido… Não há mais esperança…

E agora! Para onde ir, o que fazer, como viver sem Ele?

Quem aliviará as multidões?

Quem nos guiará por entre as trevas deste mundo ?…

Quem nos dará consolo?… Quem nos amará?…

Mataram-no!

Mataram o Rabi!

Ah! Mestre amado…

Limitaram-se a envolver-Te o corpo macerado e sangrento, numa peça de linho…

A lei veda o trato dos mortos enquanto perdura o “Sabat”…

Ah! Mestre amado… Mestre amado…

Não houve sequer tempo para cuidar de Teu corpo, segundo os rituais da morte, como bem merecias…!

(Luzes diminuem até apagarem-se. Foco de luz no centro do palco. Mírian e Recordação ficam próximas, mas não entram)

VOZ DE JESUS
Mírian…

MÍRIAN E RECORDAÇÃO
Senhor, sou infeliz!

VOZ DE JESUS
Mírian, nunca viste a primavera deitar flores sobre uma casa em ruínas? Sobre todas as falências e desventuras próprias dos homens, as bênçãos paternais de Deus, como o Sol, descem e chamam.

Caminha agora, sob a sua luz…

(Mírian e Recordação entram na luz)

VOZ DE JESUS
Porque o amor cobre a multidão dos pecados…

(Mírian adormece. Luzes se apagam)

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Cena 6 – Na madrugada…

(Em Jerusalém. Apóstolos reunidos, com Maria de Nazaré e as irmãs Marta e Maria de Betânia. Luz difusa.Conversam em voz baixa. Simão Pedro e Tomé em cantos separados. Tadeu aproxima-se de janela)

TIAGO MAIOR
Tadeu! Fecha esta janela! Estás louco? Quer denunciar-nos???

TADEU
O que é isso,Tiago? Só verificava se já era dia… Ninguém me viu, fica certo…

TIAGO MENOR
Vamos manter a calma e fazer silêncio…

ANDRÉ
Tiago Menor tem razão… não é momento para rixas… Neste instante, mais do que em outro qualquer, precisamos estar unidos e serenos.

Mantenhamos a calma para decidir com acerto…

MATEUS
André, conversávamos, eu, Simão e João… (Pausa)

O que faremos…???

TIAGO MAIOR
Sim, Mateus… O que faremos???

JOÃO
Simão Pedro… É para ti que nossos pensamentos naturalmente se voltam… Sê nossa segurança nesta hora de tormenta…

(Simão Pedro vai responder quando ouvem-se batidas na porta. André olha para Simão Pedro. Ele faz sinal que sim, com a cabeça)

SIMÃO PEDRO (FALANDO BAIXINHO)
Quem está aí?

FELIPE
Sou eu, Felipe…

(Felipe entra e deixa, sobre a mesa, pães e outros objetos. Marta levanta-se)

MARTA
Vem, Maria, ajuda-me a preparar a refeição…

(Maria, irmã de Lázaro levanta-se e vai ajudar a irmã)

ANDRÉ
Alguém te seguiu?

FELIPE
Não, ninguém.

TIAGO MAIOR
Tens certeza?

FELIPE
Claro que sim! Tomei o máximo de cuidado possível !!!

MATEUS
Os soldados estão por aí ?

FELIPE
Sim, por toda parte…

TADEU
Temos de sair deste lugar!

SIMÃO PEDRO
Mas, para onde iremos?

ANDRÉ
Talvez… de volta a Galiléia. Aqui é que não podemos ficar… estamos numa armadilha mortal…

JOÃO
Devemos pensar naquilo que o Mestre desejaria que fizéssemos…

TOMÉ (ABANA A CABEÇA)
O Mestre está morto…

(Ouvem-se novas batidas na porta)

ANDRÉ
Disses-te que não foras seguido!!!

FELIPE
E não fui!!!

(Novas batidas. Os apóstolos olham-se desesperados. Simão Pedro vai à porta e abre-a. Mírian entra)

SIMÃO PEDRO (EXCLAMA)
Mírian!!!

MÍRIAN (FELIZ)
Pedro, João, Mateus… todos… ouçam-me. Eu O vi!!!

MATEUS
Viste?… Viste a quem?

MÍRIAN
Eu O vi, vi o Rabi! O Mestre voltou aos que O amam!

Mandou-me anunciá-lO aos Seus irmãos. Ele vive !!! Ouvi-me bem: Jesus vive!

MARIA DE NAZARÉ ( APROXIMANDO-SE, ANSIOSA)
Conta-me, filha!

Fala-me, tudo. Meu filho voltou?

TOMÉ (INTERROMPE, IRREVERENTE)
Não o creio. O Mestre morreu e deixou-nos nesta dificuldade, a sós…  não creio na sua volta. Só mesmo eu O vendo…

(Mírian vagueia o olhar pela sala, encarando todos os presentes. Tomé avança em sua direção)

TOMÉ (ENCARANDO MÍRIAN)
Mesmo que Ele viesse… ( pausa )… iria apresentar-se a quem? Certamente que a Simão Pedro que Ele elegera para conduzir-nos; ou a João, a quem sempre distinguiu com o Seu amor; ou à Sua mãe…

(Pausa)

Mas a ti Ele apareceu? Não, não creio. Não creiamos. Não é possível que Ele tenha aparecido  exatamente a ela. Não estiveram outras no sepulcro? Por que não a Marta e Maria, irmãs de Lázaro, Suas amigas de Betânia ? João e Simão Pedro lá não foram? Por que a ela?

(Todos na sala ficam calados)

MÍRIAN (HUMILHADA, BALBUCIA)
É verdade! Mesmo que não o creias, eu O vi. Apesar da minha antiga e infeliz condição…

(pausa) … a mim me apareceu há pouco o Rabi…

TOMÉ
Não acredito. Nunca acreditarei…

MÍRIAN ( ENTRE LÁGRIMAS)
Vereis por vós mesmos… Vereis…

(Recolhe-se num canto da sala. Maria de Nazaré aproxima-se, tomando entre as suas, as mãos de Mírian)

MARIA DE NAZARÉ
Eu  creio, filha. Secreto pressentimento diz-me que meu Filho vive. Eu o creio, porque sei que a nossa dor e saudade estão com Ele, como a Sua saudade se demora em nós! Bom ânimo, filha. Vem, conta-me mais… diz-me como tudo se passou….

MÍRIAN (GAGUEJA)
Eu O vi, mãe!

MARIA DE NAZARÉ
Creio-o, filha. Creio, sim. Sei que meu filho vive!

MARIA, IRMÃ DE LÁZARO
Mírian, por que não vais para casa? Estás cansada e precisas descansar.

(Mírian debruça a cabeça no colo de Maria de Nazaré)

TOMÉ (DESESPERANÇADO)
O que poderíamos esperar… é uma mulher histérica!

SIMÃO PEDRO (PENSATIVO)
Tu não acreditaste quando Ele assim prometeu?… Que voltaria?…

TOMÉ
Isso significa que tu realmente acreditas na história de Mírian???

(Virando-se para os demais)

Acreditais???

(Ninguém responde)

SIMÃO PEDRO
Sim… Acho que sim…

Afinal… assim Ele o predisse. Estávamos com tanto medo e não demos atenção a isso.

Todos nós O abandonamos… (Pausa)

E eu muito mais do que todos… (Pausa)

Neguei-O… sim, neguei-O…

Aqueles que O condenaram… aqueles não O conheciam…

Mas, nós…nós O conhecíamos. Comíamos com Ele. Fomos as testemunhas de Seus atos poderosos… e acreditávamos… acreditávamos que Ele era o Messias…

E, ainda assim, O traímos… (Pausa)

Somos mais culpados que os Membros do Sinédrio que O condenaram… (Pausa)

Mas, apesar do que fizemos… algo me diz que Ele não nos abandonará.

Depois de tudo o que Dele ouvimos e vimos, por que não crer… (Pausa)

Crer que Ele seria capaz de triunfar sobre a própria morte???

(Tomé sacode a cabeça. Todos ficam pensativos. Cena congelada. Luz apaga-se. Fecha-se a cortina)

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Cena 7 – Suave mensagem

(Luz fica sobre Mírian. Neblina. BG Mar)

MÍRIAN
Todos se foram… e não quiseram levar-me. Em Magdala, Dalmanuta ou Jerusalém nenhum rosto amigo… só restaram aqueles que lembram os tristes ecos do passado…

Ah! Jesus… Jesus… quanta saudade…

(Luz sobre Consciência que canta. Som de sinos em um crescendo. Leprosos entram tocando sinos)

HILLEL
Imundos… Afastai-vos!

Imundos…

(Vão entrando, caminhando na direção de Mírian)

SIRA
Hillel, detém a marcha!… Paremos… Não posso mais suportar…

HILLEL
Sira… Não podemos desistir agora… avancemos…

SIRA
Não, Hillel. Já basta desse sonho louco. Deixai-nos aqui… para morrermos em paz!…

HILLEL
Tu sabes que não posso… é meu compromisso conduzir a todos ao destino que antevejo em sonho. Sei que não é loucura…

Depois, os guardas logo nos achariam e nos tocariam em direção a Jerusalém, para lançar-nos no Vale dos Leprosos… Precisamos encontrar o Nazareno… Sei que estamos muito próximos do Rabi da Galiléia. Vamos…

(Insiste com Sira que não se mexe. Mírian, ao ouvir a menção do nome de Jesus, aproxima-se)

MÍRIAN
A quem procurais?

(Leprosos tentam afastar-se, com medo)

Não, não tenhais medo!… É a Jesus… Jesus de Nazaré que buscais?

(Ao ouvirem mencionado o nome de Jesus, os leprosos se aproximam)

HILLEL (ANSIOSO)
Tu O conheces? Ele realmente existe? Onde Ele está? Podemos ir encontrá-lO? É verdade que Ele “limpa” os impuros?

Oh! Diz-nos… tudo o que ouvimos é verdade… para nós há esperança???

(Leprosos vão rodeando Mírian, ajeitando-se pelo chão)

ASAH
Se tu O conheces, Senhora, pede-Lhe por mim…

SIRA (MOSTRANDO O FILHO)
Pede-Lhe, Senhora, pede-Lhe por nós…

(Todos começam a pedir ajuda, desesperando-se)

LEPROSOS
Ajuda-nos.

Morremos! Socorro…

Limpa-nos as chagas!

Misericórdia, misericórdia!!!

HILLEL
Sira! Asah! Ruth!… Todos… silêncio… ouçamos o que tem a dizer a Senhora. Senhora…

MÍRIAN
Mírian. Chamo-me Mírian…

HILLEL (ANSIOSO)
E o Rabi???

RUTH
Fala-nos… Estamos aflitos…

(No diálogo entre Mírian e os leprosos, Mírian responde o que lhe dita Jesus, voz em Bg. Luz vai aumentando)

ÍRIAN E JESUS
Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados…

ASAH
Consolo… qual será o consolo para alguém que, como eu, ficou na miséria, já que a doença levou-me também os olhos???

MÍRIAN E JESUS
Bem-aventurados os que pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus…

SIRA
Não há céu nem esperança para uma mãe que, como eu, vê seu filho chorar de fome… Queimo em febre, não consigo alimentá-lo. Onde a justiça?… Onde a justiça?

MÍRIAN E JESUS
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados…

RUTH
Esta revolta me devora mais que a doença… Se eu estivesse sã, teria realizado meu sonho de infância, casando-me com o eleito de meu coração.

Fui repudiada, outra mulher roubou-me o lugar… Sinto tanta dor e tanto ódio, que tenho vontade de destruir a mim, a tudo e a todos…

MÍRIAN E JESUS
Bem-aventurados os que são mansos e pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus…

HILLEL
De quem ouviste, Senhora, tão belos ensinamentos?

MÍRIAN
De meu Mestre.. Jesus…

HILLEL
Pede-lhe, Senhora, que destes todos tenha Jesus… misericórdia… Somos imundos!

MÍRIAN E JESUS
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus…

HILLEL
Fala, fala mais…. fala mais desse Rabi…

(Música de fundo, diálogo sem som. Luzes diminuem)

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Cena 8 – O passado volta

(Luzes acendem-se. Vale dos Leprosos em Jerusalém. Pessoas deitadas. Mírian atende Órfã 1 que chora)

MÍRIAN
Filha, por que choras?

ÓRFÃ 1 (CHORANDO)
Minha mãe…  minha mãe morreu… Estou só agora… completamente só! Não suportarei esta solidão! Minha mãe, a única que me amava… partiu…

MÍRIAN
Não estás só… Somos todos como uma só família. Eu estou aqui e Jesus também. Vem, deixa-me enxugar estas lágrimas.

ÓRFÃ 1
Teu jeito de falar lembra-me tanto dela…. Posso chamr-te mãe?

ÓRFÃ 2
Mãe eu nunca tive… mas, se tivesse, queria que fosse como tu, Mírian. Também gostaria de chamar-te “Minha Mãe”!

RUTH
Mírian, serás nossa “Mãe”?

HILLEL
A mãe de todos…

ASAH
Mírian, querida mãe! Desde a tua chegada, em todo o vale, fala-se daquele Reino, Reino de Deus, que a criatura deve edificar no próprio coração.

ÓRFÃ 2
Os moribundos esperam a morte com um sorriso ditoso nos lábios, os que a lepra deformara ou  abatera, aguardam com bom ânimo nas fibras mais sensíveis.

ASAH
Nossos rostos ulcerados encheram-se de alegria. Olhos sombrios e tristes tocam-se de nova luz…

MÍRIAN
Ah, meus filhos!…

(Hillel chama Mírian. Param perto de um doente)

HILLEL
Querida mãe… Vê este pobre homem. Agoniza… Parece-me um estrangeiro. Muitos livram-se de seus desafetos neste vale, limpando suas prisões aqui, deixando-nos suas vítimas para morrerem sem alarde.

(Doente geme, pedindo socorro. Mírian senta-se e coloca a cabeça do leproso em seu colo. Reconhece o lenço que ele segura)

MÍRIAN (SUSSURRANDO)
Não pode ser… Oh! Deus… mas não há engano, é mesmo ele…

HILLEL (CURIOSO)
Tu o conheces, querida mãe?…

(Cena congelada.Luz se apaga)

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Cena 9 – Glaucus

(Luz acende-se. Recordação e Glaucus discutindo)

GLAUCUS
Mírian, chega de lágrimas e lamentações.

Não há o que discutir… Já te disse, necessito retornar imediatamente a Jerusalém…

Não posso perder mais tempo atendendo aos teus caprichos…

(Mírian volta-se de costas para o Glaucus, rosto contraído, nervosa)

GLAUCUS (ADOÇANDO A VOZ)

Mírian, não vamos nos despedir assim… neste clima de desentendimento…

Tudo o que tivemos… tudo o que vivemos juntos… merece de nós muito mais…

Tu sabes… eu mesmo o disse muitas vezes…

Outro, em meu lugar… eu mesmo, em outros tempos… não me envolveria com as mulheres de tua raça.

Tudo em ti, porém, encantou-me… não sei se mais tua voz, teu perfume ou o brilho estranho de teu olhar, ou ainda, o reflexo da lua em teus cabelos…

Deixei-me levar… e por muito pouco não esqueci de quem sou… e da posição que ocupo…

Há muito em jogo, porém. É necessário partir. Não só a riqueza me aguarda, mas o poder… o poder que meus inimigos usurparam.

Mas eles pagarão… todos pagarão, e bem caro…

(Glaucus percebe que Recordação não responde)

Depois, quem sabe… poderei até mandar buscr-te, quando voltar em definitivo, para Roma….

Seria exótico ver-te circulando na corte… certamente que o seria…

A caravana está à minha espera, preciso alcançá-la o mais breve possível.

Adeus…

(Toca no ombro da Recordação que se esquiva. Glaucus gargalha. Toma-lhe a mão beija-a, rouba-lhe o lenço que Recordação segura. Respira seu perfume. Sai apressado. Recordação, depois de breve pausa, bate palmas, chamando a serva. Entra serva Laila)

SERVA LAILA
Chamou-me, Senhora!

RECORDAÇÃO
Laila, avisa a guarda que, de hoje em diante, os portões desta casa estão definitivamente fechados para o Romano Glaucus…

SERVA LAILA
Mas, Senhora…será prudente…ele é tão poderoso???

RECORDAÇÃO
Cansei-me dele…

Vai, faz o que ordenei, e…traz-me vinho…

(Serva sai apressada. Recordação chora. Luz se apaga.)

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Cena 10 – Encontro de reparação

(Luz retorna para cenário da cena 8. Glaucus agoniza)

GLAUCUS (DELIRANDO, EM AGONIA)
Miseráveis… Era uma armadilha…Tudo mentira… a prisão… traído, fui traído… Escuridão… miseráveis, quanto tempo nesta escuridão??? (Tosse)

Estou doente… Socorro… ajudem-me!!! Ajudem-me!!!

MÍRIAN
Acalma-te, tudo já passou…

GLAUCUS (TOSSINDO, AGONIA)
Quem me fala? Quem és?… Onde estou?… Eu fugi? Como fugi? Não… não me lembro…

MÍRIAN
Acalma-te. Tenta dormir… Somos teus irmãos e aqui estás seguro, sob as bênçãos de Jesus…

GLAUCUS (DESPERTANDO)
Agora me lembro… A porta da cela se abrindo… e mãos me agarrando… tudo girando… e novamente a escuridão!…

Depois de muito tempo… alguém falando um nome… Jesus… Jesus… eu conheço este nome..

MÍRIAN
Tu O conheces?

GLAUCUS
Jesus… Esse Jesus é aquele Galileu que foi crucificado em Jerusalém?

MÍRIAN
Sim, é Ele mesmo… o meu Mestre.

GLAUCUS
E tu O serves?

MÍRIAN
Sim, desde que O conheci oportunamente, quando Ele me salvou…

Morreu sim… mas volveu ao nosso convívio, para nunca mais nos deixar.

GLAUCUS
A ti Ele salvou, mas eu, egoísta e mau, eu O detestei e invejei, ao mesmo tempo…

MÍRIAN
Que te fez Ele, para que fugísses, assim, magoado?

GLAUCUS (QUASE SEM FORÇAS)
Eu estava em Jerusalém e presenciei o Seu suplício. Ri, ri como louco do Seu martírio…

Mas, quando cruzei com Aquele olhar… não sei o que me aconteceu… era como se Ele soubesse… soubesse de todo o plano…

Então ouvi-O dizer: “Pai perdoai-os, eles não sabem o que fazem…” Senti tanta vergonha… fugi dali… mas Aquele olhar… eu nunca esqueci… Foi então que meus inimigos… miseráveis… (Começa a debater-se)

MÍRIAN
Hoje, Ele te recebe, através dos nossos corações. Sê bem-vindo… irmão. Este é o Lar de Jesus…

GLAUCUS (LEVANDO O LENÇO AO CORAÇÃO)
Gostaria de ter feito tantas coisas de forma diferente…

MÍRIAN (EMOCIONADA)
O arrependimento do erro, a confiança em Deus e a paciência são os primeiros passos para a reparação de qualquer delito. Deus é amor, e, Jesus, por isso mesmo, nunca está longe daqueles que O querem e buscam…

GLAUCUS (EXPIRANDO)
Eu quero…

MÍRIAN
Agora dorme em paz, enquanto eu velo, porquanto nós ambos já O encontramos…

(Glaucus morre. Luz se apaga.)

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Cena 11 – Final

(Luz se acende. Mírian vai servindo aos leprosos e envelhecendo. Mírian cai no centro do palco. Leprosos saem. Maria de Nazaré entra. Toma-a nos braços, acaricia-lhe o rosto. João entra)

JOÃO
Como ela está?

MARIA DE NAZARÉ
Agoniza. A doença venceu-a, finalmente. E esta louca caminhada para buscar-nos… foi demais para ela.

Oremos, João…

(Maria de Nazaré e João recolhem-se em prece num canto. Cena congelada. Marta e Maria de Betânia entram levando lençol.. Atrás está Recordação vestida de branco. Cobrem Mírian)

RECORDAÇÃO
Senhor!

VOZ DE JESUS
Vem, filha…

Já passaste a porta estreita!…

(Luzes se apagam lentamente)

Bibliografia

1. FRANCO, Divaldo Pereira. A rediviva de Magdala. In: _____. Primícias do reino. Pelo espírito Amélia Rodrigues. 4. ed. Salvador: LEAL, 1987.

2._____. Encontro de reparação. In: _____. Pelos caminhos de Jesus. Pelo espírito Amélia Rodrigues. Salvador: LEAL, 1988. cap. 15.

3.MIRANDA, Hermínio C. Pausa I: a doce mensagem da madrugada no jardim. In: _____. Cristianismo: a mensagem esquecida. Matão: O Clarim, 1988. cap. 4.

4.XAVIER, Francisco Cândido. Maria de Magdala. In: _____. Boa nova. Pelo espírito Humberto de Campos. 16. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1985. cap. 20.

5._____. A mulher e a ressurreição. Op. cit. cap. 22.

6.BARCLAY, Willian; ZEFFIRELLI, Franco. Jesus de Nazaré. Abril Editora.

7.SALGADO, Plínio. O abismo e a estrela. In: _____. A vida de Jesus. 21. ed.São Paulo: Voz do Oeste, 1978. pt. 3, cap. XLI.

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