Autor: Damião Borges Marins
Já afirmamos que o alcoolismo é uma doença, mas em detrimento de ser uma doença o “Álcool” contribui, sobremaneira, com o agravamento de outras doenças.
Para melhor entendermos este conceito, vamos criar um personagem que daremos o nome de “bocaça”, pois bem, o Bocaça é um alcoólatra que bebe todo dia, há mais de 20 (vinte) anos. Ao ingerir a bebida alcoólica, o primeiro contato que o álcool tem é com a língua, pois é o órgão de nosso organismo que nos dá o paladar, ou seja, nos diz se o alimento está quente, frio, amargo, doce. Em contato com a língua durante 20 (vinte) anos, o álcool, por ser um corrosivo, vai destruindo as papilas ou células degustativas, e o nosso Bocaça passa, então, a não sentir mais o paladar, reclamando da comida que está sem sal, ou reclamando do café que está sem açúcar etc.
Mas o álcool não para na boca, ele desce pela faringe continuando seu caminho destrutivo. A faringe é forrada por uma camada tênue que a protege. O álcool, nesses 20 (vinte) anos, começa a destruir este órgão, criando ulcerações que mais tarde poderão se transformar em câncer.
Mas o álcool continua sua trajetória caindo no estômago, fazendo um grande estrago, chegando ao ponto de destruir o suco gástrico, criando, também, ulcerações, chegando a perfurar o estômago e trazendo como consequência o terrível câncer. No entanto, ele não para no estômago e continua sua trajetória passando pelo fígado, chegando a destruir totalmente este órgão, onde se instala a cirrose, vindo a cair na corrente sanguínea, indo parar no cérebro, onde a destruição é catastrófica, ou seja, em nosso sistema nervoso, existem bilhões de células nervosas chamadas de NEURÔNIOS, células que, uma vez destruídas, não mais se recuperam, levando o nosso Bocaça ao chamado “delirium tremens”, em que o nosso companheiro começa a ter alucinações, pois sob o efeito do álcool seu espírito é liberado, passando a ficar à mercê dos obsessores; perde ainda suas coordenações motoras, tendo dificuldades enormes para andar, podendo até ficar paralítico.
Do ponto de vista da medicina convencional, podemos citar as doenças em 3 (três) grandes grupos:
Gastro
Relacionadas com o estômago – temos a Gastrite, Hepatite, Pancreatite e a famosa Cirrose;
Cardiovasculares
Relacionadas com circulação vascular – temos a Hipertensão e a Cardiopatia;
Neuro
Relacionadas com o sistema nervoso central – temos a Demência Alcoólica e a Alucinação Alcoólica.
Gostaríamos de citar agora mais um item fundamental no entendimento do alcoolismo que a Doutrina Espírita vem estudando com muita propriedade, há muitos anos: trata-se da “obesessão”.
Obsessão
Na questão 459 d´O livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos Espíritos – “Os espíritos influem sobre nossos pensamentos e nossas ações? – A esse respeito sua influência é maior do que credes porque frequentemente são eles que vos dirigem”.
Nós vivemos em sintonia. Se pensamos coisas boas, atraímos coisas boas para nós, se pensamos coisas ruins, atraímos coisas ruins, é o eterno plantar e colher: plantamos rosas, colheremos rosas; plantamos urtigas, colheremos urtigas em nossas vidas.
Um músico, por exemplo, procura companhia de outros músicos para trocarem experiências; um médico procura profissionais de sua área para poderem também trocar experiências; o alcoólatra, o drogado não podiam fugir à regra, eles procuram companheiros que usam o álcool e drogas para se locupletarem, atraindo para si, tanto os encarnados quanto os desencarnados.
A obsessão se dá nos dois planos, pois o alcoólatra e o drogado estão nos dois planos. O alcoólatra, quando desencarna, continua bebendo, ou seja, continua procurando, por meio da sintonia, outros companheiros que bebem, vindo, assim, o desencarnado, sugar as emanações fluídicas da bebida alcoólica que o encarnado esteja bebendo.
Tomamos o nosso já conhecido “bocaça” como exemplo para melhor entendermos o assunto; vamos acompanhá-lo em um dia de sua vida, como alcoólatra. Nosso querido irmão levanta cedo e, antes mesmo de tomar o seu café, toma a sua primeira dose e sai ansioso para a rua, mesmo sem tomar o seu café da manhã. Nosso companheiro trabalha na construção civil e, mesmo antes de iniciar seu trabalho, passa no bar do “Zé” para tomar mais uma. Acontece que o bar está cheio de irmãozinhos desencarnados esperando seus “copos vivos” – alcoólatras encarnados – como diz André Luiz, espírito que escreveu, por meio de Francisco Cândido Xavier, uma série de livros, entre eles “Nosso Lar‟ – e ao entrar em contato com esses espíritos através da sintonia, naturalmente, se liga ao irmãozinho ou aos irmãozinhos, pois afirmam nossos queridos mentores em diversas obras espíritas, que para cada alcoólatra encarnado há, pelo menos, uns cinco desencarnados. Então, nosso Bocaça já não está mais sozinho e começa sua peregrinação indo ao serviço onde nada dá certo, pois sua mente está no bar; seus companheiros estão sedentos, precisam de álcool e nosso irmão não faz nada certo, tendo pouco rendimento. Quase sempre é dispensado dos serviços que pega, pois os patrões acabam não confiando em seu desempenho.
Na volta ao lar, passa por diversos bares dando sequência à sua peregrinação. Ao chegar a casa, o primeiro que apanha é o cachorro, pois é o que está no portão; os filhos correm a se esconder, pois o bêbado chegou. Briga com a esposa, quebra utensílios domésticos e depois de ter bagunçado, atormentado todos, vai dormir, o que não é bem dormir, pois o alcoólatra não dorme e, sim, desmaia. Ao acordar de manhã, bate o arrependimento alcoolístico, momento que ele promete tudo à esposa, inclusive que nunca mais vai beber, mas momentos depois, esquece tudo e sua peregrinação começa outra vez.
Queridos irmãos, a obsessão é um capítulo muito importante dentro do estudo do Alcoolismo, pois nos leva a entender o relacionamento dos desencarnados com os encarnados; não é nossa intenção trazer nenhum tratado sobre o assunto, mas para aqueles que quiserem se aprofundar no assunto citamos alguns livros para pesquisas: “O Livro dos Médiuns”, do nosso codificador Allan Kardec, “Obsessão/Desobsessão”, de Suely Caldas Schubert, “Loucura e Obsessão“ e “Painéis da Obsessão”, ditados pelo Espírito de Manoel Philomeno de Miranda ao médium Divaldo Pereira Franco, um dos expoentes da Doutrina Espírita no mundo.
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