Autor: Joelson Pessoa
“Há festa no céu quando um pecador se arrepende” – Lucas 15:7
“Não me arrependo de nada que fiz; apenas do que não fiz.” – Eis uma frase de efeito que muita gente gosta de repetir a fim de convencer os outros, ou a si mesmo, de que tem personalidade forte.
Todos nós cometemos enganos, tolices. Outros cometem infrações e crimes. Todos os dias na convivência com os outros, estamos sujeitos a magoar e ser magoados. Como não se arrepender por uma palavra que não merecia ser dita? Um comentário inoportuno? Uma agressão desferida? Quem já não lamentou ter fechado os ouvidos para um conselho? Ou ter insistido numa escolha duvidosa? Ah! Se eu tivesse feito diferente…
Arrepender-se é atitude de maturidade moral. É ter plena consciência do resultado de uma escolha: dos benefícios que obteve para si e para o próximo, ou dos prejuízos que esta escolha ocasionou.
O Arrependimento indica um aprendizado íntimo, sugere que o arrependido fará diferente na próxima oportunidade. Ele não repetirá propositadamente, o mesmo erro.
É muito fácil nos arrependermos quando somos a vítima de nós próprios. Quando somos os primeiros a sofrer com as nossas atitudes, então lamentamos… Mas demoramos tanto para nos arrepender quando o mal atinge os outros (pais, irmãos, amigos, colegas), pois quem sofre é ele e não eu.
Arrepender-se pelo mal que fazemos a alguém exige a postura emocional de nos colocarmos no lugar do outro – empatia – e imaginar como eu me sentiria se tal fosse feito contra mim. Essas reflexões causam-nos um desconforto e, se o indivíduo for covarde, procurará dispersar esses pensamentos para não sentir-se responsável pela tristeza que impingiu em alguém. Prefere iludir-se.
O fato é que cedo ou tarde o arrependimento virá, a alma que é culpada tem sede de arrepender-se e, após o arrependimento sincero, surge o dever da reparação.
Para estarmos em paz com a nossa consciência e sem dívidas com a justiça divina, não basta somente o arrependimento, existe a necessidade da reparação.
Reparação será para o desleal, recuperar a confiança daquele que foi traído; para o ingrato, devotar gratidão para aquele com quem retribuiu com o mal, o bem recebido; será para o ladrão, restituir o prejuízo a quem tenha lesado; para o caluniador, desfazer o mal estar, reestabelecendo o entendimento geral; ao homicida, proteger outras vidas ainda que arriscando a sua própria; ao corrupto, parasita social, será trabalhar, suar, arduamente, em proveito da coletividade; ao imoral, corrompedor da infância e da juventude, caberá restituir-lhes o equilíbrio, pelo doloroso caminho da reeducação; do violento se espera o amparo sem limites aos fracos e doentes.
E por aí vai… Cada caso é um caso em que será pesado atenuantes e agravantes.
E para todos eles, levanta-se o dever de conquistar o perdão, de quantos tenham sido ofendidos, lesados e prejudicados moral e materialmente.
Nós, que estamos sendo esclarecidos pelo Espiritismo, não precisamos aguardar uma vida futura sobrecarregada de pendências para iniciarmos as reparações que nos competem.
Comecemos já, com aqueles que nos cercam, o entendimento sadio, a conversa franca, os pedidos de desculpas. Mas, principalmente, esforcemo-nos pelas mudanças de nossas atitudes.
Encerramos a reflexão com a recomendação de Jesus àquela mulher que representou a humanidade inteira:
“Vá, e não peques mais!”