Autor: Paulo Henrique de Figueiredo
A base fundamental da revolução espírita está no estabelecimento da autonomia moral como base da educação e das relações sociais humanas. Mas o que é autonomia moral?
Afirma-se na Revista Espírita de 1870, página 91:c
“O estado de direito, a autonomia da consciência individual, o progresso moral e intelectual, o reinado do amor e da justiça, será o futuro para o qual o espiritismo dá a base fundamental”.
Tradicionalmente, as religiões positivas, a escola tradicional e os governos, desde o início da civilização, submetem as pessoas à autoridade pela obediência passiva, ditando o modo de agir sob o regime do castigo e da recompensa, conforme o princípio da heteronomia. Segundo a visão dogmática do cristianismo, todos são pecadores, os que não forem salvos, após o julgamento final, sofrerão eternamente no inferno. Os salvos vivenciarão a plenitude do céu. Neste pensamento, há dependência, submissão, obediência cega quanto ao indivíduo. E, coletivamente, na comunidade heterônoma, há segregação, competição, divisão. Alguns se consideram melhores do que os outros.
Isso não é novidade para ninguém! Não só essa orientação foi imposta pelas religiões tradicionais como sendo a relação com Deus, como também a sociedade materialista impõe a competição, segregação entre uma minoria superior e a grande massa considerada subserviente. Nas escolas, as crianças competem para serem as melhores, as que não se desempenham bem são castigadas. A moral heterônoma é o padrão das relações sociais.
Por sua vez, a autonomia moral e intelectual pressupõe o uso da razão e do senso moral para o autogoverno e o desenvolvimento da personalidade. Essa será a grande mudança que transformará o mundo! Quando as pessoas se relacionam de forma autônoma, há um respeito bilateral, ocorre a cooperação e o apoio mútuo, e não por competição. Há uma valorização da diversidade, e por isso a inclusão se torna natural. Não há medo de errar, mas a tentativa é que leva ao conhecimento. Cada indivíduo tem seu valor, sua contribuição, algo que o torna relevante. Todos merecem, enfim, a igualdade de oportunidades!
Enquanto pensadores como Rousseau, Kant, Piaget, Paulo Freire, fundamentaram a educação pela liberdade como fator de transformação da humanidade, o espiritismo revela que a autonomia é a lei natural que rege a relação do espírito com a humanidade universal. Ou seja, é fantasiosa a ação arbitrária de Deus castigando ou recompensando, como se ajuizava nas doutrinas religiosas e sociais do velho mundo.
A moral espírita se fundamenta na autonomia moral, essa é a questão central dessa proposta filosófica moderna. Desse modo, o Espiritismo apoia todas as iniciativas que concorrem para esse objetivo. Será esse o caminho pelo qual ocorrerá a regeneração da humanidade, pelo esforço voluntário de cada um! Mãos à obra.
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