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O Espiritismo é ecológico!

Autora: Cristina Sarraf

Temos, como humanidade, vivido e formatado nossos pensamentos com um engano crucial sobre a Vida, uma falsa ideia vinda dos preceitos religiosos: achamos que a realidade está pronta; que ao encarnarmos entramos nela e temos que aprender como ela funciona, para nos adaptarmos o mais possível, custe o que custar. A tal ponto que consideramos bem-sucedidas as pessoas que mais tenham sabido moldar-se ao “tudo está pronto”.

Sendo esse conceito uma ilusão dos sentidos, o resultado para a maioria, é a desilusão e a dor. Mas, no geral, não há o entendimento de que estamos iludidos. A ideia é que não houve o ajuste suficiente, por isso veio a frustração. Então, a pessoa se força mais ainda, deforma seu íntimo um pouco mais, psicologicamente, para que dessa vez não haja erros. Haveremos de aprender…Queremos ser felizes!

No entanto, a Ciência moderna tem alertado para uma grande revolução conceitual. O que consideramos como a realidade, é apenas nossa maneira de sentir, ver e entender, materializada no que nos cerca. Nada está pronto e acabado. Somos nós os criadores da realidade, segundo nossa forma de pensar.

Á luz do Espiritismo, é mais fácil começar a vislumbrar isso, na medida em que cada um tem uma somatória específica de progresso, mais nuns aspectos, menos noutros, e é com essa bagagem que vamos sentir, reagir e decidir, conotando tudo que nos cerca sob essa “lente”, só nossa. Encarnados e desencarnados, cada um vê, sente e entende o que pode e como pode, não havendo dois iguais. Ou seja, a realidade de cada um é condição sua. Cada vez que amadurecemos, um mínimo que seja, em algum dos aspectos, isso influi de maneira a mudar muito da nossa capacidade de entender e viver; e a nossa realidade também muda. Assim evoluímos!

É exatamente nesse ponto que o Espiritismo se mostra altamente ecológico. Ele ensina que além da influência física que exercemos sobre o planeta, alterando-o com os resíduos do nosso metabolismo, o lixo que produzimos, os desmatamentos e a quebra das cadeias alimentares, provocando desarmonia entre vegetais e animais, fazemos o mesmo energeticamente! Pelo que pensamos, qualificam-se os fluidos ao nosso derredor, e eles podem poluir, perturbar, desarticular os elementos ou, harmonizá-los e organizá-los.

Como população terrestre, de um lado imagina-se que tudo está sob a mais perfeita ordem, criada por Deus, de modo que nada do que fizermos poderá quebrar isso; de outro, concomitantemente, pensa-se que a Natureza deve ser domada e precisa nos obedecer. Embora contraditórias, essas duas opiniões equivocadas, tem-nos feito esquecer que somos, pelos nossos corpos, partes da Natureza, e que seu desequilíbrio pode acabar conosco.

Numa observação mais acurada, vemos que estamos submetidos a leis rigorosas, físicas e energéticas, todas produzindo consequências naturais, sejam materiais ou morais. São leis inflexíveis e regeneradoras da vida física do planeta, para que ele prossiga existindo e nós nele, desenvolvendo a inteligência e a sensibilidade. Elas nos submetem peremptoriamente, para descobrimos como poderemos agir, tornando-nos construtivos e harmoniosos.

Vivemos a grande ilusão de que tudo é harmonia, só porque os astros não se chocam. Mas, estudando o planeta, vemos quantas fases já passou e certamente passará, em busca do equilíbrio. Se houvesse essa propalada harmonia, não a estaríamos procurando. O corpo reflete o Espírito. Nosso papel é ajudar a criá-la. Mas precisamos amadurecer mais, empurrados ou puxados pela lei divina da progressão dos Espíritos, a chamada evolução espiritual, que nada mais é do que sair da inconsciência e chegar à consciência plena. Durante esse trajeto, vamos aprendendo a nos harmonizar e organizar, para um dia transferirmos essa condição ao planeta. Estamos nele, também para isso.

Começamos, Espíritos que somos, organizando corpos simples, depois os mais complexos e agora nesse humano, estamos descobrindo como mantê-lo harmonioso e em ordem. Isso ainda não sabemos fazer, tanto que ficamos doentes e com disfunções hormonais e orgânicas.

Conforme esse nosso modo coletivo de ser e pensar, ainda bastante desequilibrado, o planeta recebe essas emanações que contribuem para seus desajustes e vigorosas reações. Uma coisa tem a ver com a outra. Influímos e recebemos influências semelhantes.

A qualidade fluídica que emanamos, diuturnamente, das emoções, sentimentos e pensamentos, é o material emitido aos Espíritos responsáveis pelos fenômenos da Natureza, para o reajustamento e a manutenção das forças físicas planetárias, que ajudamos a desorganizar. Fazem o melhor possível, apesar de nós, e para todos que aqui habitam.

No entanto, já sabemos organizar uma casa, uma festa, uma indústria, e estamos aprendendo a fazer o mesmo conosco. Quando soubermos, transferiremos essas condições ao planeta, que será harmonioso e terá seus processos físicos menos agressivos, correspondendo ao teor energético de seus habitantes.

Nossa finalidade, em cada oportunidade reencarnatória, portanto, não é nos travestirmos de um padrão fictício de vida, e sim, vivermos o melhor possível, segundo nossa consciência. Essa coerência vitaliza, harmoniza e faz o mesmo com o ambiente onde estamos, beneficiando pessoas, animais, plantas e a própria Terra.

Experimente e verá!

Sugestão de leitura

  • O Livros dos Espíritos, Allan Kardec – cap.IX, item Ação dos Espíritos sobre os fenômenos da Natureza
  • A Gênese, Allan Kardec – cap. XIV

Jornal do NEIE

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