Autor: Ivan Franzolim
Tudo o que existe no mundo material é fadado à extinção ou transformação, incluindo o nosso planeta Terra. Todavia, essa mudança deve ocorrer a milhões de anos em consequência de inúmeras causas, como o resfriamento do sol e a colisão da Via Láctea com a galáxia de Andrômeda. Essas previsões existem e baseiam-se em conhecimento científico.
O fim do mundo abordado exaustivamente pela mídia se baseia principalmente no calendário maia que sugere o fim de um ciclo em 21 de dezembro de 2012, não necessariamente o fim do mundo. Isso aliado a escatologia bíblica e às interpretações das profecias de Nostradamus geraram muitas teorias sobre as hipóteses de o mundo acabar. Meteoro, vulcão, terremoto, alinhamento de planetas, alteração no eixo da Terra, colisão com outro planeta, aumento da temperatura do Sol, vírus, derretimento das geleiras e ainda muitas outras catástrofes.
A questão encerra algumas premissas que podemos avançar na análise, como a concepção de que grandes ou relevantes eventos da humanidade estão planejados e podem ser previstos. Realmente, à luz do conhecimento espírita, os grandes acontecimentos estão previstos pela análise do carma coletivo, isto é, das diferentes gradações das energias geradas por uma coletividade. Saber quando irão ocorrer é possível, embora seja pouco provável conforme podemos constatar ao estudar a história.
A imensa maioria dos grandes eventos não foi prevista pelo homem e após cada acontecimento surgem tentativas forçadas de demonstrar que o evento estava previsto em alguma profecia, mas não foi devidamente interpretado. Assim foi com a morte de seis milhões de judeus na segunda grande guerra mundial; a queda das torres gêmeas em Nova Iorque; o tremor submarino no sudeste asiático que em 2004, matou 220 mil pessoas com o tsunami gerado. Qualquer evento passível de advir sofre a interferência do livre arbítrio dos homens, pode ser aumentado ou reduzido em seus efeitos, pode ser antecipado ou postergado e até mesmo, pode não acontecer.
Na Bíblia há diversas passagens que abordam o que seria o “fim dos tempos”. Para o espírita, o conteúdo bíblico são textos mais ou menos inspirados por espíritos superiores, mas que sofreram a interferência das ideias e concepções dos próprios médiuns que os escreveram e reescreveram ao logo de séculos e dos escribas que copiaram e traduziram. Os textos sofreram mudanças acidentais e intencionais.
No século I, os cristãos entendiam que o juízo final aconteceria em alguns anos, dois séculos depois eles passaram a entender que ocorreria após a conversão da maioria das pessoas. Atualmente a igreja esclarece que somente Deus sabe a data para esse acontecimento. Segundo o espiritismo, não faz sentido ter um dia único de juízo final para todos os seres. Esse juízo incide gradualmente na consciência de cada ser à medida que ele evolui na compreensão de seus atos. Não há necessidade de punição ou mesmo de perdão por parte do Criador, pois ele criou um sistema educacional perfeito que se ajusta e melhora pela ação de leis naturais e não fica ofendido com os seres humanos, criados simples para atingirem a perfeição, aprendendo e errando a cada passo.
A causa mais relevante que pode resultar no chamado “fim do mundo”, fazendo com que a vida em nosso planeta seja extinta é a ação dos seus próprios habitantes. Se não soubermos cuidar bem da Terra, ela poderá se deteriorar. Todos nós temos imensa responsabilidade sobre o futuro da nossa casa em comum.
Isso inclui, além de proteger o solo, as águas, o ar e a natureza, melhorar a nossa emissão de matéria mental, educarmos nossos sentimentos, aumentarmos nosso conhecimento geral e buscarmos fazer o bem. Esse é o objetivo individual que nos cabe: buscarmos nosso próprio auto aperfeiçoamento sem preocupações catastróficas bem a gosto da espetacularização da notícia pela mídia contemporânea.
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