Autor: Marcus De Mario
Para escrever sobre esse assunto, recordo-me da Karine, menina com seis anos de idade, que conheci em visita a casal amigo. Esperta e vivaz, não gosta de ser contrariada, e quando isso acontece reage com pirraças, choros e respostas nem sempre educadas, faltando mesmo com o respeito a seus pais. Como visitante, fui testemunha desse comportamento. Os pais explicaram que são adeptos de não dizer “não” à filha, pois segundo eles, outras formas devem ser encontradas para melhor educar, para colocar limites. E a visitação continuou, e da mesma forma Karine deu continuidade às suas estrepolias e às suas desobediências aos pedidos e reclamos dos pais. Então seus pais chegaram ao limite da paciência, e a mãe, sem nenhuma cerimônia ou constrangimento, deu-lhe uns bons tapas, muito bem dados, colocando-a de castigo. Resultado: Karine se pôs a chorar, berrando sem cessar em alto e bom som. E tive que assistir a todo esse cenário sem nada poder fazer, mas dele tirei sérias reflexões sobre a educação dos filhos.
E pergunto: bater, além de ser um ato de violência, não é um modo muito claro de dizer “não” à criança? Mas será o melhor modo, a melhor maneira?
Toda criança deve aprender limites, deve aprender a respeitar a seus pais e aos outros, e esse aprendizado deve ser proporcionado pelos responsáveis pela sua educação, principalmente os pais, exercendo o diálogo, explicando os porquês, no exercício da autoridade moral, que requer o falar “sim” e o falar “não” com a devida firmeza, tudo acompanhado pelos “combinados”, ou seja, as regras devidamente estabelecidas com suas consequências quando quebradas, não obedecidas. Lembremos valiosa lição, quando a mãe procurou um mestre indagando-lhe quando deveria iniciar a educação de seu filho, recebendo como resposta a indagação de quantos anos tinha a criança, informando então que estava ela com três anos de idade. O mestre suspirou e disse à mãe: “Então a senhora já perdeu três anos”.
Além do diálogo, das explicações dos porquês, da autoridade moral, dos combinados, do “sim” e do “não”, os pais e responsáveis devem ser bons exemplos, pois não basta ensinar, é preciso vivenciar o que se ensina.
Ainda neste assunto, lembremos que amar os filhos não é sinônimo de deixar tudo acontecer, não é sinônimo de sempre desculpar, não é sinônimo de aguentar até não mais poder e partir para a violência, seja ela física ou psicológica.
A vida é repleta de “sims” e “nãos”. O conviver significa saber obedecer a regras e respeitar o outro, mas se o filho não aprende essas coisas enquanto está na infância, que adolescente, que jovem, que adulto ela será? É bom os pais e responsáveis pensarem seriamente sobre isso, pois o tempo não para, e quando a idade avançar, o que se poderá esperar do filho que não foi bem-educado, que não teve suas más tendências corrigidas? É o que estou pensando com relação à pequena Karine e seus pais.