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O pai suficientemente bom

Autora: Eugênia Pickina

Ser pai
é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio.
O máximo de convivência no máximo de solidão.
É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho
a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver.
É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno,
por tudo haver feito para deixar de ser importante.

Artur da Távola

Eu não tinha intenção de escrever sobre o Dia dos Pais. Mas, ontem, logo pela manhã, vi uma cena triste na pracinha do meu bairro: um pai passeava com o filho. Com uma mão, ele empurrava o carrinho. Com a outra, ele segurava o celular que estava vendo…

Quem nasce pai?

A paternidade, que se constitui com o próprio estado de ser pai (tal qual a maternidade), aprende-se com a prática, implica compromisso, envolve a justa decisão de um homem viver junto com a filha ou o filho. Logo, ser pai é muito mais que uma condição biológica.

Tem gente que não tem pai desde o ninho. Cresce sem pai, sem contar com a presença paterna para aprender regras e limites, confiando, no fim, que fazer o bem compensa. Oxalá, encontre um pai a criança sem pai na atitude firme de uma mãe, na lição de um professor estável na escola, porque é de nossa inteireza a figura paterna.

O pai durante muito tempo foi visto como um provedor econômico da família. Hoje em dia, no entanto, quando pai e mãe exercem funções laborais, o grande desafio do pai é oferecer segurança, cuidados diretos, amor e entrega, sem querer apropriar-se do filho, quem, na devida hora, deixará o ninho.

A infância é tão curta! Tão importante então para a criança o pai participar ativamente de sua vida, inventando às vezes atividades simples, que demandam lições de engenhosidade e cooperação, como consertar um brinquedo ou um objeto útil aos ritmos da casa, porque tudo isso constitui parte importante de nossa formação e por um mundo melhor.

Lado a lado com a figura materna, o pai tem lugar de excelência no desenvolvimento emocional da criança e isso, hoje, é recebido pela sociedade com muita esperança e alegria, porque ninguém mais duvida que é fundamental o pai participar da vida dos filhos para que eles cresçam responsáveis, seguros e confiantes.

Notinha

Em nossa época, sobretudo apressada, todo pai necessita estar atento aos “inimigos” do bom exercício da paternidade: a) preocupação laboral excessiva; b) junto com o filho, tomar cuidado com os distratores – TV, computador, telefone celular; c) machismo (acreditar o pai que o cuidado dos filhos é tarefa das mulheres e que o pai é apenas um ajudante); d) não estar atento às necessidades de seu filho; e) descuidar da própria saúde.

O consolador – Ano 12 – N 581 – Cinco-marias

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