Autor: Marcus De Mario
No dia a dia da escola, diante dos desafios da vida que invadem a sala de aula, principalmente com relação aos temas como sexualidade, luto, morte, separação, drogas, violência doméstica é possível detectar cinco posturas comuns ao professor:
Tentar ignorar os problemas
A tendência do professor é ignorar o assunto em sala de aula, ou aplicar um bom sermão para calar qualquer tentativa de abordagem do mesmo, como se isso resolvesse os dramas e indagações dos alunos.
Dizer que não foi preparado para lidar com isso
Embora reconheça a importância das questões apresentadas pelos alunos, declara não ter conhecimento nem preparo pedagógico específico para tratar do tema, e muitas vezes empurra a questão para a coordenação ou a direção da escola.
Fingir que está diante do quadro apenas para passar os conteúdos
Postura comum de grande parte dos professores, entrando e saindo da sala de aula com um planejamento fechado, como se dar aula fosse sinônimo de escrever e apagar, ditar lições e corrigir exercícios, muitas vezes fazendo com que os alunos “gastem” o tempo da aula apenas copiando matéria.
Alegar que não ganha para encarar essas questões
Comum, mas irresponsável essa atitude. Nenhum profissional pode se eximir de dar tudo de si no trabalho que exerce, e o professor não é diferente, mesmo porque a formação intelectual e moral do futuro cidadão está em suas mãos. Como todo mundo sabe que o salário de professor é baixo, e nem por isso deixa de procurar a profissão, o argumento, por isso mesmo, também não é válido.
Repetir, ano a ano, as mesmas provas, testes, trabalhos, textos, exercícios
Por comodidade e facilidade o tempo passa e o trabalho se repete, de tal forma que alunos de séries mais adiantadas explicam para aqueles das séries iniciais tudo o que o professor vai fazer e dar em sala de aula. Essa atitude do professor é porta aberta para a desatualização pedagógica e seu desligamento da realidade da vida.
O que fazer para mudar essas atitudes comuns do professorado? Propomos seja trabalhado em grupos de estudo e cursos de capacitação os Princípios de Conduta do Educador, que são os seguintes:
Afeto
Desenvolver o sentimento de simpatia e afeição dos educandos.
Ajuda
Satisfazer todas as necessidades de cada dia dos educandos.
Amor
Imprimir nos corações dos educandos esse sentimento através do incessante contato.
Bondade
Utilizar de calma e paciência na solução dos problemas.
Estímulo
Desenvolver nos educandos as habilidades e raciocínios que os capacitem a fazer uso eficiente e constante deles em todas as relações e circunstâncias.
Natureza
Estudar as questões do bem e do mal, fazendo com que os educandos se posicionem e se preparem com fatos reais como base para suas concepções de estética e arte, justiça e vida moral.
Convicção
Crer no que faz, acreditar no processo da educação moral e comunicar isso ao educando através do entusiasmo e da perseverança.
Esses sete princípios exigem uma mudança de postura do professor, passando de transmissor de conhecimentos para construtor de consciências.
Ignorar os temas da vida ou passar ao largo dos mesmos, implica em criar vazios no processo de educação, que fatalmente farão falta para o pleno desenvolvimento intelectual e moral do educando.
É urgente o trabalho de estímulo ao pensar, ou seja, fazer com que o educando pense sobre si mesmo, a vida e a construção da sociedade, para que possa identificar-se plenamente consigo mesmo, com o próximo e com a natureza.
Propomos, portanto, um trabalho pedagógico amplo, total e feito com amor e não mero profissionalismo, e nem mesmo com discursos retirados de estudos e leituras de livros, mas sim pela prática transformadora de criar uma escola participativa e um ensino desafiador.
Como fazer
Para a realização plena desse trabalho, a escola precisa ter como parâmetro um projeto pedagógico bem desenvolvido, como aqui apresentamos, onde estejam abolidos os sermões, as pressões, os regulamentos impostos pela direção, os exercícios prontos e estejam implantados:
- A conquista e melhora dos sentimentos dos educandos;
- O despertamento nos educandos das nobres e puras qualidades morais; e
- O desenvolvimento dessas qualidades nas ações externas, através da atividade e da obediência consciente.”