Autora: Teresinha Olivier
Cada um de nós tem um papel a desempenhar na vida. Não importa se esse papel é relevante no sentido de influenciar multidões, ou se é apenas um pequeno papel junto à família, a um grupo, ou a uma única pessoa, ou perante uma tarefa, uma atividade, uma situação. O papel que cada um tem a desempenhar, se não for realizado, vai fazer falta, alguém ou muitos serão prejudicados de alguma forma.
É interessante pensarmos assim, porque sempre imaginamos que tarefas corriqueiras, comuns, que não despertam admiração geral, que não brilham na mídia, não são relevantes.
Mas, pensando em outros termos, tendo uma visão mais abrangente, mais profunda, verificamos que sim. Quando fazemos aquilo a que fomos chamados para fazer, quando cumprimos o que nos é pedido pela vida, preenchemos um vazio que, se não fosse por nós, continuaria vazio, ou seria preenchido de uma forma diferente.
Nesse contexto, a expressão “ninguém é insubstituível” torna-se falsa, porque, mesmo que outro faça aquilo que nos cabia fazer, não faria da mesma forma, não faria com o mesmo sentimento, com a mesma expectativa, não faria exatamente com a mesma visão de vida. Não colocaria na execução da tarefa a mesma forma de ser e sentir que colocaríamos.
Não estou dizendo que faríamos melhor ou pior, mas que cada um faria do seu jeito, e o seu jeito talvez fosse o necessário naquele momento, naquele lugar, para aquelas pessoas e naquelas circunstâncias.
É fácil saber o que viemos fazer nesta vida? Às vezes é bem difícil, porque não temos o hábito de fazermos reflexões sobre o sentido e a finalidade da existência.
Quando refletimos sobre nós mesmos, avaliamos nosso interior, nossos pensamentos e sentimentos mais profundos, analisamos nossos anseios, nossos desejos mais íntimos, quando observamos com coragem dentro de nós aquilo que não mostramos para ninguém, vamos nos conhecendo gradativamente. Como consequência, vamos prestando atenção no que a vida está nos mostrando, a que tarefas está nos conduzindo, porque, mesmo tendo o livre arbítrio, existem tarefas que parece que não escolhemos, e ainda assim somos levados a cumprir.
O estudo aprofundado da doutrina espírita nos auxilia muito nesse mergulho existencial e nos mostra o quanto podemos descobrir, em face de todos esses momentos de reflexão, que nos levam a nos situarmos de fato dentro daquilo a que chamamos o nosso projeto de vida, aquilo que realmente precisamos fazer.
O Espiritismo nos ensina que, na erraticidade, fazemos escolhas de provas e, ao reencarnarmos, somos impelidos a enfrentar situações que nos desafiam naqueles aspectos mais difíceis da nossa personalidade.
Esse processo da lei divina tem como objetivo nos colocar frente a frente com tendências arraigadas e que nos comprometemos, conosco mesmos, a superar.
Ter esse conhecimento nos auxilia a refletirmos sobre certas contingências de nossa vida que parecem nos “empurrar” para situações nas quais somos como que “obrigados” a enfrentar. São, muitas vezes, tarefas escolhidas e que viemos cumprir, das quais muitas vezes queremos fugir, porque provocam conflitos interiores, desafiam nosso equilíbrio, nossas determinações em nos melhorarmos, fazem aflorar sentimentos e pensamentos que pensávamos ter superado, enfim, nos colocam diante de nós mesmos.
Mas é justamente nesse ponto que reside o desafio mais importante que viemos enfrentar nesta encarnação.
É aí que a nossa determinação e o nosso empenho devem ser redobrados, porque é justamente nesse ponto que falhamos muitas e muitas vezes em vidas passadas e, antes de reencarnarmos, nos comprometemos conosco mesmos a vencer essa imperfeição.
É o que toca de forma mais contundente o “ponto nevrálgico” de nossa alma, aquele ponto que marcou profundamente a nossa caminhada, que provocou muito sofrimento para nós mesmos e para outros, e agora, abraçando tarefas, relacionamentos, compromissos com boa disposição e vontade de crescer, podemos vencer uma etapa importante da nossa existência como Espíritos imortais em evolução.
Precisamos mergulhar dentro de nós mesmos. Enquanto não fizermos isso levaremos uma vida pela metade. Não cumpriremos fielmente aquilo que viemos para cumprir, porque estaremos sempre buscamos algo que não sabemos bem o que é e a vida vai passando, a oportunidade vai escapando das nossas mãos e, sem saber bem o porquê, nos sentiremos vazios, frustrados.
Portanto, é muito importante sabermos o que viemos fazer nesta vida para que tenhamos a consciência bem clara do aspecto da nossa realidade espiritual que é fundamental trabalhar hoje, para que possamos nos preparar para etapas seguintes.
Dica
A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.