NARRADOR 1
Todos os dias, aquela mesma cena se repetia. Ao meio dia, um pobre homem entrava na igreja e, poucos minutos depois, saía.
NARRADOR 2
As pessoas que passavam por ali todos os dias, no mesmo horário, talvez nem percebessem, mas aquelas mais atentas sabiam.
NARRADOR 1
Cada dia, ao meio dia, um pobre homem entrava na igreja e, poucos minutos depois, saía.
Um dia, o sacristão já preocupado, lhe perguntou o que fazia, pois havia objetos de valor na igreja.
ZÉ
Eu?! É… eu venho rezar.
NARRADOR 2
Mas, é estranho que você consiga rezar tão depressa.
ZÉ
Bem… Eu não sei rezar aquelas orações compridas. Mas todos os dias, ao meio dia, eu entro na igreja e falo: Oi Jesus, eu sou o Zé, vim lhe visitar. Num minuto já estou de saída. É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza de que Ele me ouve.
NARRADOR 1
Oi Jesus, eu sou o Zé, vim lhe visitar. (deboche)
NARRADOR 2
Homem tolo mesmo, diziam uns…
NARRADOR 1
Pensar que Jesus…
NARRADOR 2
Alguns dias depois, Zé sofreu um acidente e foi internado em um hospital. Na enfermaria, passou a exercer influência sobre todos.
NARRADOR 1
Os doentes mais tristes tornaram-se alegres. E naquele ambiente onde antes só se ouviam lamentos, agora muitos risos passaram a ser ouvidos.
NARRADOR 2
Um dia, a enfermeira responsável aproximou-se do Zé e comentou:
ENFERMEIRA
Os outros doentes dizem que você está sempre tão alegre, Zé…
ZÉ
É verdade. Estou sempre feliz sim, e sempre alegre. E posso falar uma coisa pra senhora? É por causa daquela visita que recebo todos os dias. Essa visita me faz muito feliz.
NARRADOR 1
A enfermeira ficou intrigada. Já tinha notado que a cadeira encostada na cama do Zé estava sempre vazia. Aquele era um homem solitário, sem ninguém.
ENFERMEIRA
Quem o visita, Zé? E a que horas?
ZÉ
Bem, senhora, todos os dias, ao meio dia, Ele vem ficar ao pé da cama por alguns minutos, talvez segundos… Quando olho pra Ele, Ele sorri e me diz: “Oi Zé, eu sou Jesus, vim te visitar.”