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Orientar por processo ou por resultado?

Autora: Cristina Sarraf

Quando se pensa na individualidade exclusiva de cada um, sob o ponto de vista educacional, fica óbvio que a utilização de um método de ensino para todos, dificulta o aprendizado dos que não podem se adaptar a ele. Seria ideal que o exame das características de cada pessoa, fornecidos pela psicologia, determinassem a forma metodológico-didática que seria empregada. Duas ciências dando-se as mãos e investindo seus conhecimentos no processo escolar. Bom se fosse uma psicologia e uma educação espíritas ou pelos menos espiritualista e não religiosa ou materialista!

Um dos aspectos que mais se destacam quando há interesse na individualidade do educando, seja criança, adolescente ou adulto, é o da orientação para a prática, seja do que for. É que muitas vezes, professores e pais ou parentes subentendem que basta dizer faça isso ou aquilo e será feito. Caso realmente ocorra a realização da tarefa, há contentamento. Caso não ocorra, há caras feias, críticas condenatórias, cobranças e julgamento depreciativo.

E como o óbvio não é tão óbvio quanto se imagina, essa é a hora de, antes de qualquer coisa, perguntar se a pessoa criança ou a pessoa jovem ou a pessoa adulta sabem como fazer a tarefa ou a incumbência de que foram investidos. Sim, porque essa é a base de tudo.

Há quem seja criativo e modesto o suficiente para buscar ajuda ou descobrir como se faz para comprar bananas ou para pesquisar sobre a sociedade medieval. Há quem fique tolhido diante da dificuldade e entre em sofrimento mental e emocional. Há quem se revolte porque não sabe fazer e não faça. Há quem seja medroso e quem seja acomodado; há os espertos; os que só copiam; os que se interessam em aprender e os que nada querem; os que perguntam e os que se calam; os dramáticos e os manipuladores…

Nivelar todos por um critério único é realmente perder a mão, como se diz, e jogar fora a riquíssima oportunidade de contribuir com o crescimento intelectual, pessoal e vivencial de Espíritos encarnados e dos desencarnados que os acompanham.

A verdadeira vocação educacional nasce de sentimentos profundos de humanidade e respeito ao próximo. E quando ela existe, transborda os sistemas, as metodologias e os preconceitos, indo diretamente da alma do educador para a do educando, tocando-a amorosa e firmemente, e despertando-a para a grandeza de si mesma.
Famosos ou ilustres desconhecidos, esses pais, mestres e educadores obtiveram boas respostas ao seu devotamento e puderam ver o aprimoramento pessoal dos seus aprendizes. São os pestalozzis, as anies sulivans, os janus korcsaks …

Quando se está no caminho da construção da vocação educacional ou quando se está na profissão educacional ou na contingência de pais ou responsáveis por crianças, adolescentes, pessoas doentes ou idosas, estamos aprendendo tanto ou mais que aqueles que ensinamos. Nesse caso, conhecer os métodos educacionais e recursos didáticos é muito importante, embora seja necessário saber utilizá-los para a obtenção de resultados mais satisfatórios, o que só faz quem já tem um tanto de experiência e saiba observar. Os novatos no ramo, da idade que forem, ou os que não gostam do que fazem ou são acomodados, estes se fixam nos métodos e normas, não só como único recurso, mas como taboa de salvação.

Seja qual for a qualidade do educador, há um importante critério a ser observado e que ajuda sobremodo: é a orientação por processo ou por resultado.

Orientar por processo

É descrever e ensinar todos os passos para se chegar a um certo objetivo e o educando deverá segui-los sem alteração. Ação por ação, etapa por etapa para fazer contas de multiplicação; para chegar a um certo local; para tomar banho; para fazer uma redação ou estudar um assunto ou arrumar gavetas… Nesse caso, a pessoa aprenderá esses passos e obterá o resultado esperado com maior ou menor facilidade, com maior ou menor perfeição e com maior ou menor uso de tempo, dependendo de seus potenciais, experiências passadas e conhecimento. Se o objetivo não for alcançado, há que se reensinar tudo.

Orientar por resultado

É dar o objetivo e deixar, permitir que o educando chegue a ele como possa ou queira. Nesse caso, o caminho seguido não será objeto de análise e sim o resultado final. Também aqui, o tempo utilizado, um acerto amplo, parcial ou nulo e as facilidades ou dificuldades encontradas, dependerão do grau de conhecimento, experiências e potenciais do educando.

São dois ótimos critérios didáticos. Certamente todas as pessoas precisam deles dois, dependendo do assunto e do aspecto personal envolvido. Quem pode discernir o momento de usar um ou outro e a quem empregá-los revela-se um educador experiente e observador, cujas intuições não estão sendo desprezadas.

Jornal do NEIE

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