Autor: Joelson Pessoa
“Conta-se que uma fêmea de cinocéfalo, muito conhecida pela sua mansidão, gostava de recolher os macaquinhos, os gatos e os cães, dos quais cuidava com desvelado carinho; certo dia um gato revoltou-se contra a sua benfeitora, arranhando-lhe o rosto, e a mãe adotiva, revelando a mais refletida inteligência, examinou-lhe as patas, cortando lhe as unhas pontiagudas com os dentes”. – Espírito: Emmanuel – Livro: Emmanuel; Cap. 17
Chegamos a um assunto empolgante e bem explorado pelo espiritismo: Os Animais.
O que são os animais? Possuem além dos instintos, sentimentos e uma inteligência? Sobrevivem após a morte? Reencarnam? Serão homens em algum ponto no futuro?
Vamos encontrar em O Livro dos Espíritos ( Livro 2, cap. 11) as questões mais interessantes sobre o assunto. Transcrevemos a seguir a questão 593:
Podemos dizer que os animais só agem por instinto?
R: Há nisso um sistema. É bem verdade que o instinto domina na maioria dos animais: mas não vês que há os que agem por uma vontade determinada? É que têm inteligência, porém ela é limitada.
Os espíritos disseram a Kardec aquilo que todo bom observador pode constatar por si mesmo: um animal não é uma máquina orgânica, quem possui 2 ou mais animais da mesma espécie seja gatos, cães ou aves, em pouco tempo identifica a(s) peculiaridade(s) do temperamento que distingue explicitamente a individualidade em cada ser. __ Eu próprio, há muito tempo havia observado isso com gatos e galinhas.
Mais além Kardec quis saber se esta inteligência limitada do animal era um atributo independente da matéria, ao que os espíritos responderam positivamente, acrescentando inclusive que é imortal, sobrevive à morte do corpo e conserva a sua individualidade numa espécie de erraticidade, embora não tenha ainda a consciência de si (ver questões 597 a 600).
Logo não há razões para estranhamentos ou polêmicas quando alguns autores espirituais descrevem em suas obras a presença e o trabalho de certos animais no mundo espiritual. (ver obra Nosso Lar, cap. 33)
O naturalista inglês Charles Darwin (*1.809 + 1882), revolucionou as ciências biológicas com a sua teoria sobre a origem e a evolução das espécies, sua teoria é aceita até hoje e define que todos os seres (vegetais e animais) se desenvolveram a partir de um mesmo organismo, muitíssimo simples, evoluindo e diferenciando-se em novas espécies graças a ação de um fenômeno que ele definiu por seleção natural.
O Espiritismo nos ensinou que fomos criados simples e ignorantes. Teria sido somente os corpos físicos o resultado deste fabuloso processo de evolução ou também o espírito do homem começou sua história a bilhões de anos atrás, como simples princípio inteligente nos seres dos reinos inferiores da criação?
Embora semelhante esclarecimento esteja contido nas questões 607, 607A e 607B em O Livro dos Espíritos, prefiro transcrever uma instrução de André Luiz, pela riqueza dos detalhes que apresenta:
“Das cristalizações atômicas e dos minerais, dos vírus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais (pré-câmbrico) (…); o princípio espiritual atingiu espongiários e celenterados (paleozóica) (…); Avançando pelos equinodermos e crustáceos, caminhou na direção dos ganóides e teleósteos, arquegonossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossaurios (jurássico); para entrar na classe dos primeiros mamíferos, procedentes de répteis teromorfos. Estagiando nos marsupiais e cetáceos (eoceno); cervídeos, canídeos e antropóides inferiores (mioceno); e exteriorizando-se nos mamíferos mais nobres do plioceno, incorpora aquisições de importância entre os megatéreos e mamutes, precursores da fauna atual da terra e, alcançando os pitecantropóides da era quartenária, que antecederam as civilizações paleolíticas, a mônada celeste (ou princípio inteligente) atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção (…);penetrando assim, pelas vias da inteligência mais completa e laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão”. – Livro: Evolução em Dois Mundos, 1a parte, Cap.3
Definitivamente o espírito humano é hoje a obra da evolução multimilenar, cujos patrimônios de inteligência e emoção bem como o seu próprio perispírito fora indescritivelmente construídos desde o reino mineral (se você amigo leitor, me permitir a brincadeira: eu era o cristal mais reluzente), existimos entre as primeiras e mais rudimentares formas de vida, provando todas as etapas e ainda agora, no reino hominal a tarefa não se encontra acabada, continuamos em processo de aperfeiçoamento físico e moral, depois que aprendermos a ser realmente humanos, desenvolvendo todos os valores que esta condição possibilita, encetaremos nova jornada, rumo à angelitude.
Haveria algo mais para apresentar sobre os animais?
Certamente que existe, André Luiz em sua obra Conduta Espírita, no capítulo Perante os animais, traz a revelação de que o passe magnético é recurso útil a ser aplicado levando um pouco de conforto e reabilitação ao animalzinho enfermo ou debilitado. Evidentemente que o passe não substitui a medicina veterinária mas será um recurso adicional a ser empregado por aqueles que nutrem uma relação de afeto com seu animal doméstico.
Em face do que expomos, todos nós somos compelidos a uma nova concepção da existência seguida de atitudes mais conscientes à frente da natureza. Se um animal é um ser dotado de um princípio espiritual imortal também destinado à evolução, como nós, como encarar a alimentação animal?
Este será um assunto para a próxima edição. Até lá deixo aqui um apelo para que as fontes bibliográficas propositadamente referidas sejam estudadas individualmente ou, se possível, com seu grupo no centro espírita.
Fala MEU! Edição 54, ano 2007
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