Autor: Marcus De Mario
As crianças são de todos os tipos: inquietas, calmas, perguntadeiras, caladas, energéticas, tímidas, saudáveis, doentias, num universo difícil de catalogar, tais são as variedades físicas, intelectuais, comportamentais, emotivas e de personalidade. Cada criança é um mundo em si mesma. Uma coisa é certa: para educar uma criança temos que nos dotar de paciência, o que parece estar em falta para muitos pais.
É comum vermos pais que que se exasperam por ter de repetir mais de uma vez uma explicação; se desequilibram diante de uma desobediência; gritam e xingam por qualquer coisa que a criança faça e que lhes desagradem; agridem verbalmente e fisicamente com a intenção de controlá-la. Tudo isso revela falta de paciência, além de mostrar o quanto os pais se equivocam quanto às melhores atitudes para educar as crianças.
Temos igualmente que destacar os castigos, às vezes irreais e não racionais, como proibir uma criança que nem chegou aos cinco anos de idade, de assistir desenhos e filmes na televisão e na internet por trinta dias! Nessa fase ela está vivendo o mundo do imaginário, das descobertas, não possui realidade de certos perigos e, claro, adora brincar com tudo que possa ter acesso. No lugar de um castigo desproporcional, e que ela não entende, os pais devem se dotar de paciência para mostrar o que pode ou o que não pode, que existem limites, existem perigos, assim mostrando os limites, tão importantes na educação.
Mas tudo isso dá muito trabalho! Sim, claro que dá, mas os pais precisam lembrar que quando foram crianças seus pais fizeram isso com eles. Normalmente somos gratos a nossos pais, ou deveríamos ser, pois lá atrás no tempo eles se sacrificaram por nós. Agora é a nossa vez de sacrificar um pouco da nossa vida a favor dos nossos filhos pequenos.
Na primeira infância, que normalmente vai até os seis anos, a criança é muito dependente do adulto. É aos poucos que vai controlando o próprio corpo, fazendo aprendizados, desenvolvendo o pensamento abstrato. Os pais precisam ter consciência disso se não querem atropelar os filhos no seu crescimento. Por isso sempre recomendo aos pais estudarem um pouco de psicologia da infância e também de pedagogia. Conhecendo melhor o universo infantil, educarão melhor.
Não basta, entretanto, esse estudo. Os pais precisam se educar, pois a criança é muito suscetível aos exemplos que recebe. Se os pais são irrequietos, nervosos, bagunceiros, os filhos terão a tendência de imitar esse mesmo modo de ser. Então faço a pergunta que não quer calar: como exigir do filho que não faça bagunça com os brinquedos, se os pais mantêm o lar numa eterna bagunça? Como querer que não fale palavrões, se vivem a utilizá-los?
Paciência para se educar e paciência para educar os filhos, eis o que os pais necessitam, se querem bem cumprir a sagrada missão que lhes compete e da qual não podem abrir mão, sob pena de, amanhã, com os filhos independentes, jovens, serem esquecidos por eles, ou, o que é ainda pior, erem por eles maltratados.
Dotem-se os pais de paciência e amor, de dedicação e bons exemplos, e não somente o lar será um recanto de paz e solidariedade, mas a sociedade humana muito lhes agradecerá por entregarem ao seu seio cidadãos éticos, conscientes, responsáveis e educados.