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Para que serve a mediunidade?

Autora: Teresinha Olivier

Aprendemos com a doutrina espírita que mediunidade é a faculdade que propicia o intercâmbio entre encarnados e desencarnados. Mas, com qual finalidade?

Ainda com o Espiritismo, a única doutrina que veio para desmistificar a prática mediúnica e para mostrá-la como uma faculdade humana natural, aprendemos que o trabalho mediúnico na casa espírita tem como finalidade o intercâmbio com características bem definidas, ou seja:

Receber comunicações de espíritos mais elevados que nós e que nos trazem ensinamentos, orientações, conselhos que nos consolam, fortalecem nossa caminhada, orientam nossos trabalhos e estudos, enfim, sempre com o objetivo maior de ajudar nossa evolução espiritual;

Receber, através dos médiuns trabalhadores da casa, espíritos sofredores, em situações aflitivas, ignorantes, muitas vezes, até mesmo da sua situação de desencarnados, vivenciando dores e agonias que fazem parte da sua condição mental e espiritual, para, através de palavras amorosas e esclarecedoras e doação de energias benéficas, auxiliá-los, confortá-los a fim de que encontrem forças para superarem essas condições dolorosas e seguirem sua caminhada evolutiva, aceitando com mais consciência suas próprias necessidades e o auxílio dos espíritos que os assistem;

Receber também espíritos rebeldes, vingativos, violentos, que se apresentam como verdadeiros justiceiros, querendo prejudicar aqueles que em alguma época foram seus algozes. Esses, em trabalhos de desobsessão, são recebidos como irmãos em desalinho mental, que merecem também todo o amparo e são envoltos em energias amorosas, recebendo esclarecimento, vibrações harmônicas e equilibrantes, apoio e sustentação para que despertem para as necessidades do perdão e da renovação mental;

Enfim, o que aprendemos com a Doutrina é que a mediunidade, dentro da prática espírita, tem como prioridade o esclarecimento, o auxílio e a renovação de idéias de encarnados e desencarnados e, principalmente, trazer para os vivos daqui, as mensagens e as situações dos vivos de lá, comprovando a imortalidade do ser e promovendo para nós, encarnados, a compreensão da nossa condição de espíritos imortais reencarnados e em constante evolução.

Mas, por que estou expondo o que todo espírita que estuda, já sabe?

É porque vemos algumas afirmações na mídia, espírita ou não, de médiuns que, a meu ver, fogem desses objetivos mais elevados que aprendemos com Kardec.

É muito comum, após desencarnes traumáticos de crianças e jovens, aparecerem médiuns com comunicações explicando o motivo de suas mortes trágicas, revelando um passado violento e cruel desses espíritos, como que justificando a situação dolorosa pela qual passaram, como o exemplo da criança que desencarnou arrastada por uma moto e que foi revelado, numa dessas “comunicações mediúnicas”, que, em encarnação passada, esse

espírito fazia com que pessoas fossem arrastadas até à morte.

Eu me pergunto:

Isso ajuda a quem? Isso consola a quem? Aos pais? Sinceramente, tenho a certeza que não!

O que dizer, então, se esses pais não são espíritas? Como será que eles se sentem diante de “revelações” desse tipo?

Tenho muitas dúvidas quanto à veracidade dessas revelações e quanto à intenção dos espíritos que as trazem. Será que os elevados e bondosos trariam esse tipo de comunicação, mesmo que fosse verdadeira?

A impressão que se tem é que espíritos mal intencionados aproveitam-se de médiuns invigilantes a fim de perturbar as pessoas envolvidas e denegrir a imagem da Doutrina Espírita.

O Espiritismo, com seus princípios, possui todo um conjunto de argumentos que elevam os pensamentos e sentimentos à certeza da perfeição das leis divinas e que podem esclarecer e verdadeiramente consolar aqueles que passam pela dor da desencarnação, sobretudo das inesperadas e violentas.

Por exemplo, a informação sobre a imortalidade da alma, com a consequência de que o nosso ente querido continua vivo em outra dimensão; a certeza da continuidade do amor e da ligação mental entre os que se amam, mesmo estando em planos diferentes; a certeza do reencontro, no futuro, entre os que se amam; o conhecimento de que a nossa verdadeira vida é a espiritual e não a física; a noção clara que a doutrina nos dá de que temos Espíritos protetores, amigos e familiares que nos auxiliam quando chegamos do outro lado, são direcionamentos para a paz e a confiança, mesmo nesses momentos de dor.

Também somos informados de que a nossa angústia e o nosso desespero chegam até os entes queridos que aportaram ao plano espiritual e podem perturbá-los, mas que a nossa saudade carinhosa e amorosa os alcança e conforta.

Esse conhecimento espírita das leis perfeitas e universais que regem nossas vidas, fazendo com que tudo o que acontece  concorra para o desenvolvimento das nossas potencialidades de Espíritos imortais, só enaltece, dignifica e fortalece aqueles que buscam esclarecimento e auxílio.

Por que, então, revolver um passado tenebroso, se é que ele existiu, se no presente aquele ente querido nos despertava o amor e o afeto?

Nas comunicações de filhos desencarnados de maneira trágica, recebidas por Chico Xavier, com algumas exceções, os pais só recebiam o consolo e a alegria da certeza da continuidade da vida e do amor, fortalecendo os corações antes amargurados.

Por que não seguir esse exemplo caridoso e amoroso de espíritos verdadeiramente empenhados em auxiliar?

Não temos o direito e nem a superioridade moral para  escarafunchar o passado de alguém e muito menos de expô-lo ao público.

Não é por acaso que o esquecimento do passado é uma lei divina.

Jornal do NEIE-CEM, Edição 200, Janeiro de 2014

Dica

A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.

Reuniões: Estudo do livro O Céu e o Inferno (primeira edição autêntica)

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