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Paulo de Tarso (espírito)

Foi em Tarso, na Cilícia, um importante centro mercantil e intelectual do mundo romano, que nasceu entre os anos 5 e 10 da Era Cristã, uma criança que, no momento da circuncisão, recebeu o nome de Saulo. Seus pais, embora judeus, gozavam dos privilégios da cidadania romana. Privilégios que podiam ser conseguidos pelos habitantes das províncias de duas formas: como recompensa por serviços prestados ou pelo desembolso de vultosa quantia.

Nos primeiros anos, ele frequentou a Sinagoga onde aprendeu nos textos sagrados até a aritmética. Um escravo o acompanhava todos os dias, carregando-lhe a pasta com os utensílios escolares. Sentado ao chão, com as pernas cruzadas, o menino Saulo ensaiou as primeiras letras, gravando-as com um estilete de ferro sobre uma tabuinha coberta com uma camada de cera. Como a tradição prescrevia ensinar um trabalho útil às crianças, Saulo aprendeu a tecer pano de barraca, usando uma fazenda áspera e durável, entremeado com pelos de cabra.

Adolescente ainda seguiu para Jerusalém, onde se tornou discípulo do grande Gamaliel, no Templo de Salomão, preparando-se para ser um devotado rabino. Ele mesmo, na Epístola aos Gálatas, afirma: …e me avantajava no judaísmo sobre muitos da minha idade e linhagem, pelo extremo zelo às tradições de meus pais.

Ardoroso defensor de Moisés, Saulo desencadeou séria perseguição aos homens do Caminho. E considerou seu primeiro grande triunfo contra o Nazareno a lapidação do jovem Estêvão. Emmanuel descreve na obra Paulo e Estêvão, em detalhes, toda sua dor e vergonha, ao se dar conta que Estêvão não era outro senão o irmão da sua amada noiva Abigail, que viria a morrer 8 meses depois.

É, no entanto, a caminho de Damasco, na Síria, levando cartas que lhe autorizavam a prender outros tantos seguidores de Jesus, que Saulo foi surpreendido, em pleno meio-dia, pela luz imensa dAquele a quem perseguia.

Saulo, Saulo, por que me persegues?, diz-lhe a voz. Nas entrelinhas, pode-se ler: Por que, Saulo, se és o vaso escolhido para levar a minha palavra a todas as gentes?

Tendo vislumbrado a luz, ele se ergue da areia, onde tombara, sem visão. Seguindo a orientação dada pelo Mestre, entrou na cidade e aguardou. Ananias, em nome de Jesus, o vem retirar da sua noite de sombras.

Começaram para Saulo a jornada de trabalho e o calvário das dores. Após o exílio de 3 anos, no deserto de Dan, ele retornou para pregar a Boa Nova. Aquele Jesus, a quem tanto perseguira na pessoa dos Seus seguidores, tornou-se seu Senhor. Quando empreendeu a viagem a Damasco ele era o orgulhoso Saulo, cujo nome significa aquele a quem se pede, solicita algo, orgulhoso. Ao se erguer, após a queda do cavalo e a visão extraordinária do Cristo, ele estava transformado. Era o escravo. Que queres que eu faça, Senhor?, é o que roga. Por isso mesmo, haveria de trocar seu nome para Paulo, posteriormente, que significa modesto, pequeno, humilde.

Pode-se dividir o seu apostolado em três grandes viagens. Na primeira, partindo de Antioquia com Barnabé e Marcos, foi à ilha de Chipre, depois à Panfília e à Pisídia. Deixou núcleos implantados em Perge, Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derme, retornando a Jerusalém.

Na segunda grande viagem, em companhia de Silas e Timóteo, atravessou a pé toda a Ásia menor e, com Lucas, chegou até à Macedônia. As pequenas igrejas foram se formando em Filipes, Tessalônica, Bereia. Ele chegou até a Grécia. Na primavera de 53, saiu de Corinto, voltou a Jerusalém e Antioquia.

Na terceira viagem, percorreu a Frígia e a Galácia. Permaneceu dois anos em Éfeso, depois regressou à Macedônia e Corinto. Retornando a Jerusalém foi preso, remetido a Cesareia e, apelando para César, chegou a Roma, depois de um naufrágio na ilha de Malta. Estima-se que ele tenha percorrido em sua longa marcha nada menos de 20.000 km a pé, ou seja, metade do comprimento da linha do Equador.

Sob a inspiração de Jesus, tendo a servir de intermediário o próprio Estêvão, da espiritualidade, Paulo escreveu as epístolas, cartas cheias de ternura aos companheiros das comunidades nascentes, também carregadas de orientações: duas aos Tessalonicenses, em Corinto, em 52-54; 1ª aos Coríntios, de Éfeso, em 57; 2ª aos Coríntios, de Filipos, em 57; aos Gálatas e aos Romanos, de Corinto, em 57; aos Filipenses, aos Efésios, aos Colossenses e a Filémon, de Roma, em 62; aos Hebreus, em 63 ou 64, da Itália; 1ª a Timóteo, em 64 ou 65, a Tito em 64 ou 65, e a 2ª a Timóteo, em 66, de Roma.

Mais de uma vez foi apedrejado, açoitado, maltratado. Padeceu fome, frio, privações. Por amor a Jesus, ele tudo aceitou e afirmou portar no corpo as marcas do Cristo.

Decapitado, fora dos muros de Roma, no ano de 67, por ordem do Imperador Nero, ele adentrou a espiritualidade. Quando a Terceira Revelação se apresentou na Terra, ei-lo participando da equipe do Espírito de Verdade, deixando suas palavras em O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos capítulos X, item 15 (sobre o perdão, em Lyon, em 1861) e capítulo XV, item 10 (Fora da caridade não há salvação, em Paris, em 1860). Igualmente, respondendo à questão de número 1009 de O Livro dos Espíritos, a respeito da eternidade das penas, junto a dissertações de Santo Agostinho, Lamennais e Platão.

Referências

1.Paulo e Estêvão, romance de Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier

2.Grandes personagens da história universal, vol. 1.

3.Bíblia Sagrada (O novo testamento – Epístolas)

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