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Pedestais vazios

Autor: Vladimir Alexei

Aqueles que acompanham notícias pela internet, constantemente são assombrados por revelações provenientes de religiosos e intelectuais.

Recentemente, o líder espiritual do Tibete, chefe de estado, a figura religiosa mais proeminente na cultura oriental, denominada Dalai Lama, conhecido como Gyalwa Rinpoche entre o povo tibetano, nascido Lhamo Thondup, envolveu-se em um gesto que pode ser comum entre os orientais praticantes de rituais esotéricos, mas é afrontoso e anti-higiênico em todos os sentidos.

Padres envolvem-se em diversos escândalos vinculados ao celibato. Pastores não ficam atrás, envolvidos em escândalos de ordem econômica, vinculados ao poder da religião perante a opinião pública, e até espíritas, médiuns e oradores volta e meia envolvem-se em polêmicas que poderiam ser evitadas se mantivessem o seu compromisso de trabalho em projeção maior do que os mandos e desmandos de suas vaidades.

Não escapam aqueles intelectuais e acadêmicos que, de alguma forma, exerceram suas pesquisas com maestria, se notabilizaram por suas produções científicas, mas que, de alguma forma, não trabalharam aspectos sexuais de suas personalidades, levando-os a comportamentos de assédio sexual reiterados, como aconteceu com um ilustre acadêmico de Coimbra, Portugal. Infelizmente não é um fato isolado.

Fala-se pouco sobre sexo no movimento espírita, porque talvez seja um assunto dos mais espinhosos e raros são aqueles que mantiveram, ao longo de sua vida, uma conduta ilibada a esse respeito, seja para o próprio bem ou do próximo. Mas é algo que, se tratado como um ponto importante e que exerce influência sobre desejos e vontades que atropelam a razão, acho que poderia deixar de ser “tabu”, e passar a ser um dos temas que precisamos refletir e aperfeiçoar, dentre tantos outros para nos tornarmos realmente “homens de bem”.

E sempre que se aborda temas polêmicos (sexo, dinheiro, poder), quando “autoridades” ou “eleitos” escorregam e fogem ao “padrão” da sociedade (hipócrita, em muitas convenções, diga-se de passagem), começam as discussões inócuas sobre as figuras proeminentes. “Mas o Dalai Lama possui 16 prêmios, incluindo o Nobel da Paz em 1989…”; “mas o médium e orador possui uma obra assistencial maravilhosa, belíssima, ele também possui méritos”; “mas o expositor e escritor precisa de dinheiro para custear as próprias despesas de produção do seu trabalho”; “mas as alunas assediadas interpretaram errado a abordagem do mestre, ele apenas quis ser carinhoso, já que o ambiente acadêmico é solitário e a caminhada é árdua…” e assim avançam as críticas e defesas a respeito das autoridades que são colocadas em pedestais pelos homens.

Algum proveito de tudo isso é possível extrair, para se começar a deixar os pedestais vazios.

Para o espírita, a questão 625 de O Livro dos Espíritos continua atual, como toda a obra de Allan Kardec. O modelo e o guia, aquele que é considerado o tipo mais perfeito que Deus ofereceu aos homens, continua sendo Jesus. Ele é a referência máxima para se estribar.

Seguir intelectual, médium, palestrante, orador, dirigente, é incorrer no erro de perpetuar a construção de pedestais para seres humanos tão falíveis quanto qualquer um de nós. Não obstante, de fato, cabe refletir nos esforços, fruto da produção de cada um, naquilo em que se destaca, seja no desenvolvimento da inteligência, no trato com as pessoas, nas obras assistenciais, na condução e liderança dos trabalhos de quaisquer ordens, sem, porém, perder de vista O modelo e Guia. 

O consolador – Ano 17 – N 822 – Artigos

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