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Podemos fazer muito mais

Autor: Martha Triandafelides Capelotto

Um velho conhecido do movimento espírita é um psiquiatra muito bem-sucedido, radicado em São Paulo. Fez sua formação médica na Universidade Federal de Juiz de fora – UFJF, e, durante todo o curso de Medicina, participou ativamente do movimento espírita: reunião de intercambio mediúnico, grupo de estudos, palestras.

Recém-formado, enquanto aguardava o início da residência médica, assumiu um plantão, nas noites de sexta-feira, em uma clínica psiquiátrica da cidade. Procurando dar uma modesta contribuição na elevação do ambiente espiritual da clínica, passou a realizar no quarto dos médicos, às 22 h, um pequeno momento de leitura edificante, breves comentários em voz alta e uma prece. Apenas ele, sem a companhia física de nenhuma outra pessoa. Ninguém tomou conhecimento de sua iniciativa.

Passam-se os meses. Ele se encontrava na reunião mediúnica habitual, quando uma entidade incorporada em um dos médiuns, extremamente agitada, volta-se para ele, em tom ameaçador e diz:

– Até quando você vai continuar com aquelas rezas idiotas? Já chega! Pare com isso, ou vai se arrepender amargamente.

Ninguém entendeu nada, exceto ele, obviamente. O dirigente do grupo passou a dialogar com a entidade, procurando, inicialmente, compreender o que estava acontecendo, até que tudo ficou claro. Os bons Espíritos vinculados ao hospital instalaram uma espécie de “alto-falante” em todos os quartos, ligados a algo parecido com uma “aparelhagem de som”. Quando o jovem médico fazia seus comentários e a prece, todos os Espíritos que se encontravam provisoriamente no hospital ouviam as preleções, e eram tocados por suas palavras e pela oração. E isso estava promovendo nesses Espíritos nova atitude mental, desligando-os mentalmente dos enfermos que eram prejudicados por eles.

Tal mudança estava incomodando as entidades que detinham um certo poder no hospital, pois os Espíritos, renovados espiritualmente, acabariam por deixar o hospital em busca de novos e saudáveis caminhos.

O fato ilustra uma condição que é, muitas vezes, esquecida: o poder inerente a cada um de nós de sermos úteis e fazermos o bem. Apesar de todas as nossas limitações intelectuais e de todas as nossas inclinações más, ainda assim podemos contribuir no melhoramento da humanidade.

Algo aparentemente simples, como uma reflexão breve e uma prece, um só dia na semana, na intimidade de um quarto, com a presença de uma só pessoa, estava gerando uma verdadeira “revolução” naquele estabelecimento.

No livro Coragem, recebido pela mediunidade de Chico Xavier, lemos o seguinte:

Os Espíritos Angélicos são realmente ministros de Deus que brilham nos Céus e fazem prodígios, executando tarefas gloriosas. Não olvides, porém, que, a despeito de tuas falhas e imperfeições, em te confrontando com eles, junto de nossos irmãos da Terra, se quiseres servir, podes fazer muito mais.

O consolador – Ano 17 – N 867 – Especial

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