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Poema da amargura e da esperança

Autor: Hermes Fontes (espírito)

*

Falar-vos de martírios e tormentos,

É perpetrar amargas redundâncias,

Redizer minhas mágoas, minhas ânsias,

Renovar minhas síncopes de dor…

Não sorvo mais os tóxicos violentos

Do desespero e da melancolia,

Após a derrocada

Das construções de um sonho superior.

*

Tudo outrora, Senhor,

Na minha pobre vida abandonada,

Era o tédio cruel que me impedia

De vislumbrar a claridade intensa

Da luz do sol puríssimo da crença,

Tudo em volta de mim era a cegueira.

Que torturou a minha vida inteira,

Que me seguiu o espírito ambicioso!

*

A carne é pobre e é cheia de fraqueza,

Simbolizando o ciclo tenebroso

Das sínteses de dor da Natureza.

E a carne subjugou-me inteiramente,

Fez-me fraco e descrente,

E transformou a minha mocidade

Num montéo de ambições, de fama e glória,

Adormeceu-me aos cantos da vaidade

E me afastou da estrada meritória

Da crença e da bondade…

*

Misericordiosíssimo Senhor!

De tortura em tortura amargurado,

O meu frágil espírito inferior

Viu-se presa de trevas, no passado,

E a desgraça suprema o amortalhou.

*

Tudo sofri, de dor e de miséria,

Mas a tua bondade me levou

A esquecer a influência deletéria

Da carne passageira…

Rompeste a minha venda de cegueira

E divisei o excelso panorama

Do Universo infinito, que Te aclama

Como a fonte do amor ilimitado!

*

Relevaste, meu Deus, o meu pecado

E pude ouvir as harmonias puras

Que equilibram os mundos nas alturas!…

*

Cheio de amaridúlcida ansiedade,

A esperança o espírito me invade

Aguardando das lágrimas futuras

A minha redenção…

*

Que a confiança, pois, em Ti me anime,

Que no porvir a dor bela e sublime

Jorre em minhalma a luz da perfeição.

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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