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O beijo da morte

Autor: Casimiro Cunha

*

Para quem viveu na Terra

Em meio dos sofredores

E somente frias dores

No mundo ingrato colheu,

O frio beijo da morte

É o beijo da liberdade,

É um raio de claridade

Que vem da altura do Céu.

A vida terrena é a noite

Que precede as madrugadas

Das regiões aureoladas

De amor, de verdade e luz:

Sem paradoxo, portanto,

O gozo é o próprio martírio,

Que se fez excelso lírio

Na devoção de Jesus.

 *

A morte é a deusa celeste

Da vida, da plenitude,

Que a alegria da virtude

Faz, linda, desabrochar;

Seu beijo é um raio de luz

Do dealbar das alturas,

Que na noite de amarguras

As almas vem despertar.

 *

Nota

O poema acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada por Chico Xavier.

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