Autora: Kelly Casimiro
Freud no texto de 1914 Técnica Terapêutica nos diz: “O trabalho clínico consiste em ajudar as pessoas a reencontrar a magia das palavras”.
Muitos podem achar que essa é uma visão filosófica e até mesmo romântica, porém, para a Psicologia é muito mais do que isso.
Como psicóloga vejo que ainda existe muito desconhecimento e até preconceito sobre o alcance da Psicologia. Pensando nisso, resolvi explicar e esclarecer algumas dessas dúvidas.
Psicologia é uma palavra grega que deriva de Psique (alma) e Logos (razão ou conhecimento). Assim, ela é definida como a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais. Além disso, ela estuda aspectos relacionados personalidade, aprendizagem, motivação, desenvolvimento, entre outros. Hoje existe uma série de áreas que se utilizam do trabalho da Psicologia como a área social, a educacional, a organizacional, hospitalar, marketing, etc. Contudo a mais conhecida (e até temida!) é a clínica.
Quando falamos em Psicologia Clínica, nos referimos Psicologia que é praticada no consultório. Para tanto, nos utiliza mos de técnicas e de referenciais teóricos que nos auxiliam na interpretação e entendimento dos casos. Como referenciais teóricos, temos a psicanálise, o behaviorismo, a cognitivo-comportamental, o humanismo, o psicodrama. Posso citar como estudiosos mais conhecidos Sigmund Freud (o pai da psicanálise), Carl Gustav Jung e Donald W.Winnicott (discípulos de Freud); Skinner (behaviorismo);
Carl Rogers (humanismo) e J. Moreno (psicodrama). Isso significa que um Psicólogo pode utilizar qualquer um desses referenciais, conforme aquele que tem mais afinidade.
Aqui cabe um esclarecimento:
Psicólogo – profissional estudioso do comportamento e dos processos mentais,
Psiquiatra – médico especializado em lidar com doenças mentais.
Psicanalista – qualquer profissional que estude a teoria da Psicanálise.
No consultório, o Psicólogo trabalha com a Psicoterapia, que tem como objetivo auxiliar na melhor compreensão de si mesmo. Às vezes, muitas questões nos incomodam e não sabemos sequer nomeá-las. Outras vezes, temos dificuldades em determinado aspecto e nos damos conta de que sozinhos não há como resolvê-las. É nessas horas que um Psicólogo pode auxiliar.
Aquela estória de que Psicólogo só atende “loucos” é errônea e equivocada. Todas as pessoas podem se beneficiar de um atendimento psicológico, além do que, não tem nenhum problema em querermos nos tornar pessoas melhores. Pelo contrário, é isso que ouvimos quando nos dizem para fazermos a tão falada “Reforma íntima”.
Acredito que o homem é um ser biopsicossocial-espiritual, ou seja, além do corpo devemos cuidar também da mente e do espírito. Com as questões espirituais, nossa religião (ou religiosidade) pode ajudar, mas e com o aspecto psicológico? Quem pode nos ajudar a entender e até solucionar aquelas questões que nos afligem o ser? Quem pode ouvir as nossas angústias, nossos medos, nossas decepções? Quem pode nos ajudar a nos compreendermos e nos aceitarmos como somos? Quem pode nos ouvir sem discriminar nem julgar? Como resposta, digo – o Psicólogo.
Ressalto que o Psicólogo não é e nem tem pretensão de ser Deus. Ele apenas pode nos ajudar a nos compreendermos melhor, desde que essa seja a nossa vontade. Aliás, ninguém faz psicoterapia por que foi obrigado. Busca-se a psicoterapia para uma melhor compreensão de si mesmo.
É comum conhecermos pessoas que mantém as mesmas rotinas, os mesmos hábitos como se não quisessem mudar ou melhorar de vida. É uma visão equivocada de nossa parte pensarmos dessa forma, pois muitos não mudam porque não conseguem. Por vezes, alguns conceitos e pensamentos estão tão enraizados na nossa vida, que é muito difícil entender e até aceitar outras opiniões.
Em alguns casos, existem aquelas pessoas que não tem opinião própria e que não conseguem tomar nenhuma decisão sozinha. Da mesma forma, isso pode ser indício de que tais pessoas têm um grau de dependência para com as outras. Por que isso acontece? Cada um tem sua história de vida e não sabemos como ela foi construída. Então, não nos cabe julgar.
Em geral, a psicoterapia não tem uma duração específica (a não ser que o psicólogo trabalhe com determinadas técnicas), podendo variar de meses até anos. Isso depende de cada um. As sessões têm duração de cinquenta minutos e são semanais, mas em alguns casos podemos ter duas ou mais sessões por semana.
E por fim, um das perguntas mais comuns é: quais resultados são esperados? Espera-se que ao final de um processo, o paciente possa sentir-se bem consigo e que consiga viver sua vida, lidar melhor com suas frustrações e desejos. Vale ainda ressaltar que a atuação do Psicólogo é pautada num código de ética e tudo que é dito numa sessão psicoterápica é pautado no sigilo profissional.
Enfim, como Psicóloga, acredito que todos têm muito a se beneficiar com a psicoterapia. Você quer saber mais sobre o assunto? Veja o site do Conselho Regional de Psicologia (www.crpsp.org.br).