Autor: Marcus De Mario
Assistimos, estarrecidos, o jogo político brasileiro repetindo a velha fórmula do “toma lá, dá cá”, que insiste em perdurar em todas as instâncias governamentais, quando, por interesses pessoais ou de grupo, instala-se uma barganha vergonhosa de verbas, cargos e favores entre a administração pública e os partidos políticos, desonrando a nação brasileira, pois instala-se o espetáculo da falta de ética, de honestidade, de caráter, tudo em nome da manutenção do poder, das regalias e dos acordos escusos, deixando-nos atônitos diante de tanta falta de vergonha, de tanta hipocrisia, com governantes e políticos na contramão dos anseios da população, que já não sabe mais o que fazer para mudar esse quadro deprimente de falta de consideração com o povo e com a nação.
Onde está a causa? Por que isso se repete historicamente em nossa nação? Qual o fator que nos leva a não aprender com as lições do passado, mesmo recente? Tais perguntas são extremamente necessárias, e encontrar respostas é mais do que urgente, pois um basta tem que ser dado, uma mudança, uma transformação é extremamente necessária.
Somos individualidades, isso é certo, e nossa união forma a coletividade, o que também é certo. Como indivíduos, pensamos e agimos de formas diferentes, pois temos liberdade de pensar e liberdade de formatarmos hábitos. Mas vivendo coletivamente, sofremos diversas influências e por elas nos deixamos muitas vezes conduzir. É a heteronomia, quando regras, condutas de fora nos comandam. Um bom exemplo é o famoso “jeitinho brasileiro”, que impõe que devemos ser sempre um pouco desonestos, quebrar as regras, burlar a lei, como se essa fosse a única maneira de se dar bem, de vencer na vida, mesmo que traga prejuízos para os outros. Entretanto, nossa autonomia moral deve dizer não a isso, no entendimento que pensar nos outros e não prejudicá-los é muito mais importante para uma boa convivência social.
Como conseguir a autonomia moral? Somente pela educação, que envolve tanto a família quanto a escola. Educação que leve as novas gerações a desenvolver o sentimento, o emocional, e que trabalhe virtudes e valores. Educação norteada pelo aprender a fazer ao outro somente aquilo que se queira que o outro lhe faça.
Para alcançar essa educação necessitamos de uma nova política educacional, que transcenda a atual, que não leva em consideração o ser integral e espiritual que somos, que não leva em consideração a ética, e que está preocupada apenas com conteúdos curriculares e avaliações quantitativas.
Não basta termos escolas classificadas como inovadoras e criativas. Não basta termos famílias engajadas no processo escolar de seus filhos. Se isso não for acompanhado pelos bons exemplos dos professores e dos pais, se não for acompanhado da formação do caráter dos alunos e dos filhos, nada mudará no cenário social e político de nossa nação.
Apontamos o caminho para uma nova política de educação. Que esforços para essa nova realidade aconteçam, se multipliquem e contagiem a todos, pois está em jogo o futuro do nosso Brasil.