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Qual o recado de Deus, para mim?

Autora: Cristina Sarraf

“… nada no Universo se afasta das leis gerais. Deus não faz milagres, porque, sendo suas leis perfeitas, ele não tem necessidade de as derrogar. Se existem fatos que não compreendemos, é que ainda nos faltam os conhecimentos necessários”

A Gênese, cap XIII – 15

Sim! Claro que sabemos que somos um Espírito imortal revestido de dois corpos de matéria, um fluídico e o outro denso e apropriado para fazermos mais uma experiência num mundo do nível evolutivo da Terra!

Saber, sabemos! Mas no dia-a- dia esse conhecimento se dilui nos hábitos mentais e sociais, e no geral vivemos como sendo simples mortais. Ou não é assim?

Esse arrazoado não visa criticar, condenar ou julgar. É apenas a constatação de uma das consequências naturais da nossa, ainda pouca, evolução moral. Entendamos moral como comportamento conosco e com tudo e todos.

Do ponto de vista do corpo físico, estamos bastante desenvolvidos, pelo menos em relação aos demais habitantes desse planeta. Nos aspectos intelectual, artístico e científico caminhamos a passos largos, embora as defasagens pessoais, fruto das experiências e das oportunidades aproveitadas, mas também da idade espiritual de cada um.

No entanto, nossa relação conosco mesmos, os cuidados com o auto-conhecimento e o exercitamento da flexibilidade mental e emocional, ainda são nossas maiores dificuldade. E é muito natural que seja assim, porque esse realmente é o aspecto mais complexo que temos, na medida em que esbarra com o orgulho do saber e do ter, com a vaidade de obter a boa opinião alheia a seu favor, com a pretensão da posse da verdade e com os hábitos mentais arraigados e sedimentados pelo medo, pelas imposições religiosas e pelos interesses disfarçados em bondade, sejam nossos ou adotados de outros, encarnados e desencarnados.

De modo que dentro da naturalidade evolutiva de cada um, circunstâncias vão se fazendo, de uma maneira tão desarticuladora, que dão a impressão de estarmos à mercê de forças determinantes e contrárias ao Bem, acordando a sensação antiga e sedutora, de sermos injustiçados e vítimas inocentes. Fica até parecendo que existe o aleatório, ou seja, que alguns fatos nada tenham a ver com o outros, na nossa vida.

Em momentos difíceis assim, o que vai funcionar e direcionar o encaminhamento das coisas é a forma de pensarmos sobre a Vida ou as Leis de Deus. Pensamos, lá no fundo d´alma, que pode haver injustiça ou que jamais algo injusto acontece?

A concepção da injustiça produz a revanche, a depressão, a vingança, a “guerra”, a maledicência, o ódio, a revolta, o isolamento, as condutas obsessivas, o vínculo com Espíritos de conduta semelhante e a associação com os maus e oportunistas. As consequências são: perturbação, doença, desequilíbrio psíquico, vícios compensadores, manutenção de condutas equivocadas e desastrosas, desde o passado. Mas também, dependendo da pessoa, existirá o peditório a Deus, as promessas de que após ser justiçado não faremos mais…., as barganhas na base de preces, caridade e frequência assídua ao Centro Espírita; e as falas do tipo: eu perdôo mas Deus sabe o que faz; quem faz, paga; e outras similares…

Já a certeza de que nada é injusto, por mais que não saibamos explicar os fatos e nem tenhamos argumentos para responder aos que nos cobram condutas de revide, estabelece um caminho novo. Difícil, mas novo. Difícil porque temos que enfrentar a nós mesmos, nossos hábitos vingativos, a mente acostumada a dar o troco, as emoções conturbadas, a dor moral, a frustração… E por ser novo, não sabemos nos guiar direito, ora estamos em paz e ora em conflito. O corpo sofre as consequências dessa dualidade. E as tendências antigas, bem como Espíritos acostumados a se aproveitar das nossas fraquezas, estimulam maus pensamentos e nos gritam para voltarmos a agir como antes.

Nesse verdadeiro embate pessoal rumo ao progresso moral, muita ajuda nos vem e acabamos nos certificando por sonhos, leituras, insigths do passado, que todas, todas as situações que vivemos estão interligadas e começaram em nós mesmos. E que enquanto não percebemos isso, nos iludimos com as aparências, permitindo a continuidade de equívocos de vidas passadas e nos mantemos num negativismo que só atrai mais negativismo.

Compreender, mesmo que um pouco, que tudo que nos acontece partiu de nós mesmos e que pode ser entendido como um convite da Vida, de Deus, para nos olharmos com mais acuidade, é estabelecer para si mesmo, a subida de um degrau moral.

Por que, de todas as pessoas que existem, isso foi ocorrer comigo?

O que Deus quer me dizer, em relação ao que preciso fazer por mim?

Essas duas perguntas, quando brotam da nossa essência espiritual, revelam que já estamos prontos para aprender que tudo que nos acontece é útil, bom e necessário para o desdobramento das nossas capacidades adormecidas, da superação do medo, da submissão, dos maus hábitos mentais e da pretensão, do egoísmo e do orgulho.

Prontos para aprender!!!

Esse aprendizado é complexo, gradativo e exige a ampliação, ou o desenvolvimento, da paciência, do respeito próprio, da humildade e do auto-amor.

Jornal do NEIE

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