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Qual a trilha sonora da sua vida?

Autor: Thiago Rosa

Desde nossa infância somos cercados por efeitos sonoros que embalam os nossos ouvidos e repercutem para o resto de nossas vidas. Se você acredita em tendências, os sons que ouvimos desde pequenos podem influenciar nossa cultura e conhecimentos futuros. Desde o do-ré-mi no pianinho infantil procurado pelos dedinhos até os efeitos de ninar dos brinquedos de corda, nos fazendo dormir, somos a todo momento bombardeados por mensagens sonoras.

No passado, músicas de roda era bem comuns. Hoje, embebidos pela modernidade, estas canções ficaram mesmo para a história. São poucas as crianças que vivenciam ainda este tipo de tradição passado de geração a geração. Há ainda lançamentos infantis que rememoram estas músicas, na tentativa de trazer sempre à tona no presente os laços do passado. Com isso muito das cantigas continuam nas lembranças. Mesmo com certas incitações estranhas  como “boi da cara preta” e “atirei o pau no gato” que são duas das mais folclóricas canções que permanecem vivas na lembrança.

Mesmo assim, algo se perdeu no tempo. As brincadeiras de rodas praticamente deixaram de existir. Os grandes artistas das músicas populares brasileiras, que também exerciam o grande dom de fazerem músicas que entretinham os mais pequenos, com letras vivas e inteligentes,e agradáveis até  aos ouvidos mais velhos, hoje em dia caíram no esquecimento ou não tem mais interesse de bons patrocinadores.

Parece que a modernidade engoliu tudo isso. Algumas formas de compilar música como MP3, iPods, iPads e outros aparatos, sem contar o próprio computador e a internet, rodeiam os mais jovens com outras facilidade que se tornaram mais interessantes aos olhos curiosos. Hoje já é mais comum desde cedo crianças fazerem uso de celulares, onde os mais simples contemplam fone de ouvido, rádio, jogos e uma possibilidade de armazenar músicas 100 vezes maior que uma fita k7 ou mesmo um CD. Uma infinidade de possibilidades que norteiam o presente em busca de um futuro que não acompanha em mesma velocidade esta evolução.

Sem contar que famílias de maior poder aquisitivo, de acordo com seus interesses, conseguem cercar mais as suas crianças. Famílias mais comuns ou de classe social com poder aquisitivo menor, têm maior dificuldade de fazerem uso de outras fontes. Não é incomum ver crianças desde cedo dançando ou cantando décor rima por rima letras que possuem duplo sentidos. Como também é muito fácil você ouvir de algum responsável: “ela não entende, não tem malícia”.

Cada vez mais queremos que as crianças pareçam mini-adultos, façam parte da vida dos de maioridade. A evolução é natural, é rápida e a cada ano parece que eles sabem das coisas muito mais rápido do que nós. A tecnologia que os rodeiam fazem com que eles sejam muito mais hábeis desde cedo do que os mais velhos. Cinco anos que separa uma geração de outra, já dá grande diferença. Se eles já experimentam muitas coisas naturalmente, na escola, na televisão, com as diferenças entre os amigos, é necessário prestarmos atenção em até que ponto nós estamos influenciando o seu futuro, os rodeando com abundância de coisas desnecessárias. Afinal, todos nós já fomos crianças e sabemos muito bem até aonde foi nossa inocência ou em que parte ela se perdeu na vida.

Não podemos esquecer também que, mesmo em um sorriso doce de uma criança, existe por trás uma mochila cheia de histórias do passado. Histórias boas e outras ruins. Vícios e virtudes. Só precisamos saber o que é melhor e até que ponto nós estamos revivendo os vícios ou as virtudes trazidas em sua essência. Nossa missão, não é nada mais do que transformarmos o mundo, dando a possibilidade das sementinhas crescerem e florescerem em uma sociedade de pessoas melhores. Pense qual o adubo em que está plantando suas sementes e com que tipo de água está regando este vaso. Não importa se é pai, mãe, tios, avôs, primos ou outros. O que importa é o exemplo que estamos repercutindo nos demais e o que isso pode influenciar em suas vidas.

Fala MEU! Edição 85, ano 2012

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