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Qualidade em sala de aula

Autor: Marcus De Mario

O professor brasileiro, conforme constatação de pesquisa realizada, gasta, em média, 20% do tempo de aula somente para acabar com a bagunça e chamar a atenção dos alunos. Isso significa que de 50 minutos de aula, na verdade temos apenas 40, ou seja, 10 minutos são literalmente perdidos, levando-se em consideração que esse tempo é gasto em advertências, admoestações, um verdadeiro confronto entre professor/a e alunos/as, o que não é pedagógico e nada tem a ver com a formação das crianças e jovens.

Já é questionável o fato da aula ter esse tempo estipulado de 50 minutos, consagrado historicamente e mundialmente, mas que ninguém consegue explicar por que não pode ser 60 minutos ou mesmo uma hora e meia, ou, vamos mais longe, por que tem que ter um tempo previamente estipulado, um tempo padrão para todas as aulas e para todos os professores/as e alunos/as? Talvez seja esse um dos fatores de aborrecimento dos estudantes.

Seja como for, ficar dez intermináveis minutos discutindo com os alunos na tentativa de impor disciplina, ordem e silêncio parece-nos improdutivo, contraproducente. Não existirá alternativa? Na verdade existe, sim, mas exige do/a professor/a uma visão diferente do processo educacional e uma postura diferenciada na escola e na sala de aula, onde deverá ser o compartilhador de aprendizagens, e não o mestre que ensina; onde deverá ser o/a amigo/a que caminha junto, e não o que ensina e pronto.

A sala de aula deve ser local prazeroso, onde os alunos vão encontrar o que procuram, onde terão participação e, à disposição, farto material pedagógico e dinâmicas educacionais. E mais do que tudo isso: onde encontrarão um/a professor/a interessado neles, amigo/a, companheiro/a, exercendo o tempo todo o diálogo, sabendo ouvir e falar, respeitando um por um e promovendo o trabalho em equipe.

Lembro do André, garoto inteligente mas muito reservado, de poucas falas, que, entretanto, gostava muito de gibis e games (jogos), e ficava muito aborrecido com os/as professores/as, pois todos lhe tolhiam o que mais lhe dava prazer. E me perguntava: “Por que gibis e jogos não podem ser utilizados na escola?”. Bem, eu tinha vontade de responder que, na verdade, podiam sim, era apenas uma questão de inseri-los pedagogicamente no processo ensino-aprendizagem, mas não podia atropelar a “autoridade” dos/as professores/as.

Coloco autoridade entre aspas, pois considero que professor/a que grita, que entra em combate com seus alunos a cada nova aula, que gasta dez minutos para conseguir ser respeitado, não tem verdadeira autoridade, na verdade não entendeu seu papel educador.

Se queremos melhor qualidade em sala de aula, iniciemos entendendo melhor a educação, e tratemos de nos educar, o que fatalmente nos levará a respeitar os que estão conosco, não importa a idade, então caminhando com eles, o que certamente trará paz às nossas salas de aula, e um rendimento escolar muito acima do que temos visto.

Isso dá trabalho, é verdade, mas as consequências, os resultados são tão positivos que nunca mais esse/a professor/a vai querer saber de silêncios, gritos e advertências. O estresse vai ficar bem longe da sala de aula.

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