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“Que seja feita a Vossa vontade”

Autor: Jean Lucas

No ambiente cristão, desde a mais tenra idade, nos é ensinado a oração que o Mestre dos mestres nos deixou, um guia de como apresentarmos a prece e a oração baseado nos três aspectos que a doutrina espírita nos esclarece Gratidão, Súplica e Adoração. O nosso querido “Pai Nosso” passa a ser um elo de ligação entre todas as religiões cristãs, é um mantra dos discípulos do cristianismo, não obstante, muitas vezes, fazemos a oração apenas de uma maneira mecânica.

O automatismo de nossas ações impede que a consciência se instale, e como isso não podemos aproveitar o máximo uma oração pode nos trazer. Precisamos, ao orarmos trazer consciência e amor para que controlemos as nossas vibrações em um impulso mais elevado, pois a psicologia nos esclarece que o nosso inconsciente também controla nossos atos.

Gostaria de trazer um pequeno esclarecimento sobre esta pequena frase: “seja feita Vossa vontade” (Mateus 6:10), e o bem que ela nos traz quando entendemos mais profundamente seu significado, quando o trazemos a consciência. Talvez a primeira pergunta que nos vem a mente é: Por que devemos fazer a vontade dEle e não a nossa? E como podemos fazer cumprir a vontade de Deus em nossas vidas?

Nós somos seres em progressiva evolução e muitas vezes erramos, não alcançamos o que é melhor para nós e nossos semelhantes. Não é raro que nossas atitudes, mesmo sendo baseadas em “boa vontade”, sejam contaminadas por crenças limitantes, pela nossa falta de paciência, falta de entendimento e tantas outras coisas em uma lista sem fim. Nós somos seres voláteis em nossas emoções, sentimentos e entendimento, a cada segundo que passa nos transformamos, não somos os mesmos. Por isso, nossas atitudes devem ser guiadas por Aquele que é imutável, pois Suas leis são eternas e nela estão baseada toda sabedoria.

Toda ação tem um precedente de pensamento e vontade, mas a vontade de Deus é ação instantânea (L.E questão 38). Nós precisamos ser prudentes nas ações que tomamos para que elas sejam dotadas de equilíbrio. Então, a primeira coisa que precisamos entender é que para seja feita a vontade dEle é necessário primeiro que confiemos, que tenhamos fé no Criador. Ninguém em sã consciência pede alguém que tome atitudes que trarão consequências na própria vida se não confia naquela pessoa. Ninguém pega um táxi sabendo que o motorista que irá bater o carro, que é imprudente, que não tem habilitação e etc. Assim, só entregamos nossa vida para quem temos confiança. Da mesma forma para permitirmos que seja feita a vontade dEle precisamos ter fé para que Ele dirija as nossas vidas.

“O que confia no Senhor é bem-aventurado”

Provérbios 16:3

Logo fé é o primeiro aspecto que devemos entender, o segundo é pensar qual é a vontade dEle? Para saber a vontade de nosso Pai precisamos ouví-Lo. E como ouvir? Parece mais fácil dizer do que fazer não é mesmo? Para isso irei recorrer ao livro: “7 Caminhos para o Autoamor” ditado pelo espírito Pai João através da psicografia de Wanderley Oliveira, eis que no capítulo 1.2 temos o seguinte esquema:

Percebemos pelo esquema acima que para ouvi-Lo precisamos andar no caminho do bem, seguir as leis divinas e sermos persistentes nelas. Isso não significa que não haverão dias difíceis, mas são justamente neles que poderemos nos superar e elevar nossas virtudes acima das provas. Nos conhecer um pouco mais, e entender que a dúvida faz parte do crescimento. E justamente com os bons sentimentos, na prática da reforma íntima que em nosso silencio poderemos ouvir a Sua voz.

O terceiro ponto para entendermos a vontade do Criador em nossas vidas é sermos humildes e entendermos as nossas limitações. Nós seres humanos, colocamos muitas barreiras e fronteiras em nossos pensamentos, nossa linguagem é pobre e nos escraviza pela sua forma limitante. Quando dizemos, por exemplo, “Sou brasileiro” estamos nos reduzindo a uma nacionalidade, quando dizemos “sou estudante” nos simplificamos ao ato de estudar ou a nossa profissão. Nós somos muito mais do que atribuímos a nós mesmos. Aliás, perguntar “quem é você?” é muito complexo, pois nós mesmo não sabemos quem somos, e outro também não. Este é um pequeno exemplo, mas em nossa linguagem temos muitas barreiras que ainda não nos permite sermos peregrinos universais, pois em nosso passaporte cósmico ainda não adquirimos o visto do Evangelho de Cristo.

Algo que me faz pensar me ajuda pensar nisso é a lógica matemática. Calma! Vamos simplificar as contas, basta pensar que 1 ano =365 dias = 365X24 horas = 365X24X60 minutos = 365X24X60X60 segundos. Se pensarmos que um milhão de segundos são aproximadamente 11 dias, 1 bilhão segundos serão aproximadamente 32 anos. Se existem pelos menos 160 bilhões de planetas na Via Láctea, e existem mais de 100 bilhões de galáxias quem somos nós nesse universo? Como disse nosso amado Chico Xavier: “Eu gosto de pensar que sou uma pequena lesma, mas que anda sempre para frente”. Logo quando dizemos Pai que seja feita a Tua vontade aceitamos e entendemos que ainda somos espíritos limitados caminhando vagorosamente no caminho da luz.

O Altíssimo deu a nós o poder de sermos cocriadores, e através de nós que Sua vontade é exercida (Gn 1:28-31). Este poder é relativo à nossa capacidade e responsabilidade, assim quanto mais Amor irradiar em nosso ser maior será nossa capacidade criadora e mais próximos estaremos dEle. Logo, quando formos exercer a uma vontade devemos sempre pensar se a nossa vontade está alinhada com a vontade do arquiteto universal. Devemos entender que mesmo com limitações, a lei está escrita em nossa consciência e isto é o que precisamos para “caminhar para frente”.

Quando alguém disser: “Se Deus quiser” pensemos: minha atitude está inserida de fé e confiança em Deus? Está baseada na reflexão e meditação dos caminhos das leis divinas ou naturais? É coberta do entendimento que possuo sobre minhas limitações, mas que ao mesmo tempo tenho consciência que ando no caminho do bem? E é dessa forma que Cristo estará inserido nos nossos corações e o Seu reino fará parte de nossas vidas. Assim, quando orarmos pediremos ao “Pai nosso que está no Ceu; santificado seja Teu nome; e seja feita Tua vontade”. É pela vontade d e Deus que se estabelece o amor e a justiça.

1019. Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?

“O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.

(…)“Todos vós, homens de fé e de boa-vontade, trabalhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra da regeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão que houverdes semeado.” (grifo nosso).
Juventude Espírita 04/04/2020

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