Autor: Marcus De Mario
Ouvimos em alto e bom som um apresentador de programa radiofônico afirmar que a família educa enquanto a escola instrui. Será mesmo? Bem, por não ser professor e um estudioso sobre educação, podemos entender que o comunicador em questão possa ter se equivocado, mas e quando um pedagogo faz a mesma afirmação?
Indagamos: será que a escola, em seu papel social, nada tem a ver com o ato de educar? será que a educação é exclusividade da família? e quando os pais falham na educação dos filhos? o professor, antes de mais nada, não deve ser um educador? em verdade, para que tenhamos educação integral e profunda das novas gerações, a família e a escola não devem trabalhar unidas?
Lembremos que a formação da sociedade é dependente da educação que a mesma promove dos seus indivíduos. Uma sociedade mais justa ou mais injusta não acontece por acaso, e podemos verificar sem grandes esforços que a causa está na boa ou má educação desenvolvida ao longo do tempo. Ora, todos sabemos que educação nunca foi prioridade em nosso Brasil. Mesmo em se tratando apenas do ensino escolar, aqui tomando a escola apenas e tão somente como uma unidade de ensino, de instrução através de conteúdos curriculares, nem assim podemos nos orgulhar da história da nossa educação, pois ainda hoje temos escolas de ensino fundamental sem banheiros, sem água potável, sem internet, com índices de analfabetismo funcional alarmantes, com evasão escolar assustadora, envolvidas em atos variados de violência interna. E o que falar da exclusão de crianças e jovens oriundas de comunidades pobres?
Diante desse quadro real, contemporâneo, assistimos famílias desestruturadas levando seus filhos ao excesso de liberdade, ou o contrário, excesso de repressão, com pais e responsáveis perdidos com relação ao como devem educar suas crianças e seus jovens.
Muitos pais entendem que a educação de seus filhos tem início quando os mesmos podem ser matriculados na escola, para que assim aprendam e se tornem adultos preparados para seguir uma boa carreira profissional. Esses pais estão na contramão do entendimento que a educação pertence à família, pois a estão terceirizando para a escola. Acontece que muitos professores se queixam de seus alunos, acreditando que as correções de maus hábitos e do caráter devem ser providenciadas pela família. E agora, o que fazemos?
Devemos mudar nosso pensamento sobre a educação e o papel da escola e da família em sua promoção. Esses dois importantíssimos institutos sociais devem promover a educação e, de preferência, juntos, unidos, integrados, sem essa história de empurrar a magna questão do educar para um ou para o outro. Tanto a família deve educar quanto a escola. Tanto a família deve instruir quanto a escola.
Dia virá em que vamos entender que educação deve ser prioridade. Que toda a sociedade, aqui englobando todas as suas instituições, deve estar preocupada com a educação e realizando ações de bem educar, ou seja, de colocar em prática a regra de ouro que é a empatia, o saber se colocar no lugar do outro para fazer a ele somente o que se deseja que ele nos faça. É isso o que está faltando, e continuará a faltar enquanto a família e a escola estiverem em guerra, e continuarmos a ouvir esse falso e equivocado discurso que compete a um educar e ao outro instruir. Defender essa ideia é dar mostras de ignorância sobre o que é educação e sua importância.